Trilho ferroviário e suas sutilezas
Fonte: Agico Group

Trilho ferroviário e suas sutilezas

Em 1836 o Engenheiro britânico Charles Blacker Vignoles concebeu o perfil de trilho ferroviário que desbancando vários outros perfis da época, perdura até a atualidade, que inclusive leva seu nome perfil “Vignole”, e era nada mais que uma adaptação dos perfis “T” da época com base plana denominados “flat bottomed rail”. Tal perfil foi amplamente aceito devido ao seu maior momento de inércia, resistência ao desgaste e facilidade de fixação nos dormentes de madeira, uma inovação para a época, pois anteriormente os perfis eram fixados em blocos de rocha. O perfil Vignole se popularizou e reina absoluto até a atualidade, contudo há outro perfil, utilizado em enorme desproporção a menos que o Vignole, mas ainda sim utilizado, e trata-se do perfil denominado “Grooved” ou também com inúmeras outras denominações: ranhurado, labiado, trilho de bonde, etc... e como queiram, no qual seu uso se restringe a linhas de bondes (claro) e os atuais veículos leves sobre trilhos (VLTs), onde as vias ferroviárias são compartilhadas com vias rodoviárias dentro do contexto urbano, de forma que utilização deste perfil se adequa bem ao pavimento rodoviário, não comprometendo assim a circulação de ambos os modais. Outro fato que favorece a utilização deste trilho é que o friso do rodeiro (ou flange como alguns preferem assim denominar) se ajusta totalmente a “ranhura” do trilho operando como um “contratrilho”, e assim favorecendo a segurança na circulação urbana, onde os riscos de descarrilamento devem ser reduzidos a quase nulidade por razões óbvias.

Considerando, claro, o perfil Vignole, a seleção de seus perfis, a primeira vista pode ser simples, pelas reduzidas opções de classes, tal como: TR-45, UIC-60, TR-57, etc, contudo, cabe observar que tal seleção, além de meticulosa, deva ser bem embasada tecnicamente, dado que, sendo o trilho o ativo como insumo individual mais oneroso dentro da implantação de um empreendimento ferroviário, e além de ser o primeiro e imediato responsável quanto a qualidade da circulação e segurança do material rodante. Dessa forma uma seleção simplista que apenas compatibilize o perfil ao cenário operacional e demanda de carga, sem levar em consideração os níveis de segurança e confiabilidade quanto a falhas, bem como manter o custo de aquisição e manutenabilidade o mais baixo possível, sem claro comprometer os critérios já citados, é um desafio árduo ao projetista e profissional responsável, o qual se compromete tecnicamente com o atendimento de tais condições e parâmetros.

Lidar com as inúmeras variáveis, na seleção de perfil de trilho, tais como: configuração de montagem de grade, módulo de via, tipo e distribuição de dormentes, tipo de fixações, via rígida ou elástica, além das características mecânicas e composição química do aço dos trilhos e diferentes ligas, tais como: dureza superficial, tenacidade, resiliência (palavra aqui utilizada com sua adequada denotação), momento de inércia para cada perfil, além das diferentes classes de aço e ligas conforme estabelece a NBR 7590, e ufa, não parece tarefa tão simples agora com tantas variáveis a frente

Assim vale o alerta que uma seleção de perfil de trilho até pode começar nas resumidas, úteis e conhecidas relações empíricas para determinação de perfis adequados a tonelagem bruta anual, velocidade, carga por eixo, etc., mas não deve terminar por aí. Fica a dica.

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