A triste e (atualmente) insolúvel questão da desigualdade
Alguns dias atrás foram divulgados dados sobre a discrepância de riqueza entre as camadas mais desenvolvidas e menos desenvolvidas da sociedade. Estes dados geraram uma avalanche de notícias, infográficos e análises.
É inegável que o mundo hoje vive uma colossal disparidade de distribuição de renda. As políticas e o desenvolvimento econômico vivido nas décadas pós guerra promoveram forte crescimento da classe média e redução da pobreza. As classes mais ricas também se beneficiaram grandemente deste bum, porém o ritmo de enriquecimento das classes menos desenvolvidas foi mais intenso do que o experimentado pelas classes mais desenvolvidas, diminuindo a lacuna entre os mais ricos e os mais pobres.
Em algum momento no último quarto do século 20 este o movimento de diminuição da desigualdade começou a perder força e no início do século 21 o ritmo com que a riqueza dos mais ricos cresce passou a ser mais intenso do que o ritmo com que os mais pobres se desenvolvem.
Há diversos fatores que influenciam este movimento. Alguns acusam a informatização, outros o aumento da produtividade e alguns acéfalos alegam que é culpa do livre mercado. Estes e muitos outros fatores, de alguma forma, influencia a vida de todos, mas não são os causadores primários desta situação.
O fator mais decisivo é a demografia.
Analisando dados da evolução da configuração familiar e do desenvolvimento demográfico desde o fim da guerra até o presente, notamos a diferença de fecundidade entre as famílias mais ricas e as famílias mais pobres.
Atualmente a fecundidade média por mulher detentora de curso superior e carreira profissional oscila entre 1,2 e 1,8 filho, de acordo com o país/região verificado. A taxa de fecundidade média por mulher sem instrução segue em torno de 6 filhos em áreas rurais e de 3 filhos em áreas urbanas.
A fecundidade sustentável por mulher é de 2,2 à 2,4 filhos. Ou seja, metematicamente, a população atualmente desenvolvida está em declínio e a população atualmente menos desenvolvida está em crescimento. Porém o topo da pirâmide também apresenta crescimento demográfico, em ritmo inferior à base, mas ainda assim, crescente. Este fenômeno se dá não pela multiplicação das famílias e grupos já desenvolvidos, mas em função do ascensão e enriquecimento de indivíduos e famílias provindos de classes intermediárias ou menos favorecidas.
Os mais ricos investem uma enorme quantidade de tempo e dinheiro na educação e formação de seus poucos filhos. Isto resulta, em média, em pessoas muito mais capazes e bem preparadas para a vida no século 21. Do outro lado, os mais pobres geram um número maior de filhos, que crescem com investimento individual bastante inferior em educação, desenvolvimento e capacidade competitiva.
É seguro concluir que o crescimento demográfico da população mais pobre se dá em ritmo superior à capacidade das civilizações de gerar infraestrutura, educação e oportunidade de trabalho de qualidade para todos.
Sem a disseminação da consciência do controle de familiar, sem políticas públicas que resultem em controle de natalidade e sem investimento maciço em educação de base, a desigualdade tende a crescer e não há desenvolvimento econômico que dê conta.