Tudo é sobre interação humano para humano

Qual foi a última vez que você precisou de intermediário para conversar com uma pessoa ou empresa? Tipo telefone sem fio mesmo. No meu caso, faz tempo. Tudo tem ficado cada vez mais próximo. Parece louco, mas há 20 anos não conseguíamos conversar tão facilmente entre nós quanto agora.

Pensa no seu comportamento consumindo informação. Você sentava na frente da TV ou ao lado do Rádio e aí alguém te falava ou mostrava algo que outro alguém estava fazendo em outro lugar. Existia uma pessoa que via um acontecimento e então transmitia isso a você no formato de informação. E as percepções do intermediário? E os óculos que ele estava usando para ver aquilo? As opiniões pessoais sobre o tema? Sim, embora falassem em “isenção”, elas vinham junto.

A mesma coisa acontecia na maneira como o nosso relacionamento acontecia com as empresas. Alguém pensava uma solução para deixar nossa vida melhor, produto ou serviço, aí isso era elaborado até virar algo “pronto” para o mercado. No segundo momento um canal de comunicação trazia essa informação até nós apresentando como aquilo era exatamente o que precisávamos.

Passamos longas décadas enxergando a vida pelos óculos de alguém. Sempre um véu que cobria ou mostrava a seu bel-prazer. Aí veio a internet e talvez tenhamos dado aquele suspiro de quem vê a liberdade chegando. Não, pequeno gafanhoto, ainda não. Os primórdios da vida internética eram baseados nos mecanismos de busca. A barsa online onde perguntávamos e éramos respondidos, dentre tantos, o Google. Quem garante que aquelas eram as melhores respostas para o que precisávamos? Só porque estava no Google? De novo um intermediário entre nós e outro humano. Caraca!

Somos seres sociais, nossa vida é viver em comunidade desde sempre, e um dos trunfos da vida social é poder interagir uns com os outros e conseguir buscar a informação onde ela estiver. É poder “acreditar” naquilo que realmente acreditamos e não “acreditar” porque alguém está nos dizendo para acreditar e pior, está fazendo isso em massa. Sem direito a escolha.

Tudo isso começa a desmoronar quando voltamos a nossa origem e entendemos que a nossa essência é o relacionamento human-to-human. Na internet? As redes sociais. Foi aí que o mundo da comunicação com intermediários, o relacionamento unidirecional sem direito a voz e o autoritarismo temático começaram a desmoronar. O poder começou a migrar para a mão de todos nós, individualmente. E esse é o presente e o futuro.

Com as redes sociais eu sigo, debato, critico ou apoio aquilo que reflete o que eu acredito. E todos temos o mesmo poder ferramental de comunicação. É algo barato e amplamente disponível. A maré leva os grandes castelos de areia da comunicação de massa.

Quem antes era intermediário, ficando no meio da comunicação entre dois humanos, a partir de agora é inconveniente.

A oportunidade é para todos aqueles que entenderem o contexto e perceberem que nas nuances da “economia humana” o relacionamento direto e verdadeiro são chave. Se você é um veículo de comunicação, entenda como entrar na conversa sendo humano, jornalistas-pessoas, e pare de insistir na construção de uma narrativa que não seja descentralizada. Se você é uma empresa, é momento de não mais depender da audiência de terceiros, crie uma comunidade de pessoas que acreditem nos seus valores e consequentemente consuma o que você tem a oferecer. Se você é uma pessoa ou empreendedor individual no meio disso tudo, torne-se comunicador, comece a falar sobre o que você acredita e aproxime pessoas que tenham as mesmas crenças que você.

Em 2 anos, quem não caminhar nesta direção, terá muito tempo para viver o arrependimento suplicando por um espacinho na audiência de alguém.