Tudo é transição
Quem atua no mercado corporativo já deve ter ouvido o termo Outplacement algumas vezes. Em suma, trata-se de uma solução oferecida por consultorias especializadas para empresas que desejam desligar seus colaboradores de forma humanizada e respeitosa, minimizando os impactos de uma demissão. O trabalho da consultoria consiste em apoiar o profissional, capacitando-o por meio de suporte emocional e orientações técnicas para que se torne protagonista de sua recolocação no mercado.
Como consultora de RH, já atuei e atuo na condução de diversos processos de Outplacement. Tive a oportunidade ímpar de assessorar muitas empresas e profissionais neste tema. Carrego comigo inúmeras histórias a respeito, mas uma delas me marcou de forma mais profunda e me fez enxergar ainda mais a importância dessa solução que desenvolvemos aqui na consultoria, se valendo sempre da nossa técnica, mas, também, de muito acolhimento.
Antônio (nome fictício) era um profissional de meia idade, dono de um background incrível e muitos anos de experiência desenvolvidos, em grande parte, na empresa que o desligou. O motivo da demissão foi uma reestruturação completa no quadro de funcionários em função de uma abertura de capital. Mesmo ciente do benefício, Antônio demorou a acioná-lo e foi preciso motivá-lo a agendar a primeira reunião. No dia que ela aconteceu, encontrei um profissional amuado e, por motivos óbvios, bastante desmotivado.
Mesmo passados 2 meses do desligamento, ele havia dado poucos passos rumo à sua recolocação. Conversamos por bastante tempo e ele foi, pouco a pouco, entendendo a importância de começar a fazer movimentos simples, porém importantes. Casado e com filhos, perguntei sobre como a família estava apoiando esse momento
Foi quando, para minha surpresa, ele me contou que não havia falado para ninguém sobre o ocorrido por acreditar que eles entrariam em desespero e, ainda por cima, o achariam um completo fracassado.
Para que eles não desconfiassem de nada, Antônio acordava pontualmente no mesmo horário de sempre, colocava terno e gravata e saía de casa como se tivesse indo ao trabalho. Voltava no horário habitual depois de passar o dia inteiro em um parque pensando sobre a vida. Após o relato, encorajei-o a contar para a família sobre a demissão, valorizando a importância dele ter uma rede de apoio para enfrentar o momento. Apesar de titubear e demorar 1 semana para fazer a revelação, Antônio seguiu o conselho e só depois disso se engajou no processo. Menos de 4 meses depois, estava recolocado em uma posição similar, com um salário um pouco superior ao que tinha, altamente motivado para o que estava por vir.
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Sim, temos um final feliz e, como contei a história de forma bastante resumida, até parece que foi simples. Não, não foi; nunca é. Mas o X da minha questão aqui é sobre o significado valioso que uma empresa proporciona quando oferece o benefício do Outplacement, pois ele se desdobra positivamente na vida do profissional que recebe suporte para driblar desde questões simples até às mais complexas que cercam uma recolocação. Como disse um profissional que admiro por sua coragem em promover uma mudança ousada em sua carreira, com competência e muito cuidado: “Tudo é transição”!
PS.: A forma como se faz qualquer tipo de transição é fundamental para o êxito dela, assim como o apoio que se recebe antes, durante e depois!
Por Mayra Fragiacomo