A Tv morreu. Viva a TV!
O novo telejornalismo requer o domínio de mais ferramentas e habilidades

A Tv morreu. Viva a TV!

Nem todos os telejornalistas estão na mesma página. Óbvio. Mas com o rejuvenescimento das redações, o abismo entre os que têm muita experiência e os que não têm nenhuma, ficou mais profundo.

E tem também uma distância enorme entre o modo de fazer de grandes redações (que são a minoria) e os milhares de pequenas redações Brasil afora.

As maiores emissoras do país já discutem e desenvolvem novos processos e metas de produtividade, modelos de liderança, integração entre as plataformas e tudo o mais que esse negócio exige.

Só que esse não é o Brasil real.

Existe um batalhão de jornalistas que ouviram falar das mudanças no modo de fazer e contar histórias, mas não sabem como a banda toca. 

Nas minhas décadas de aprendizado na #TVGLOBO, eu tive a oportunidade de evoluir e de estudar a transformação das emissoras de tv em #mediatechs. Por essas e outras é que hoje faz muito sentido compartilhar lições valiosas com quem está perdido nesse mundo de novidades. 

Como jornalistas, não podemos esperar que alguém cuide da nossa carreira e evolução profissional. Isso é de cada um.

Também temos de abolir para sempre o “eu faço o meu você faz o seu”. 

Essa é uma herança maldita dos tempos em que todas as funções numa redação eram extremamente segmentadas. O pessoal da rádio escuta, escutava. O produtor produzia. O repórter reportava e o editor editava. 

Não é mais assim. 

Existe agora uma linha muito tênue (ou nem existe mais linha) entre as funções. Hoje está tudo junto e misturado.

Por isso, é necessário desenvolver algumas habilidades e competências que vão abrir mais portas a quem ainda está procurando o próprio caminho.

Aqui, algumas das dicas que eu tenho compartilhado com jovens repórteres e editores que me trazem suas angústias profissionais e querem se achar nesse novo modelo de telejornalismo:

1. Desenvolver fortes habilidades de pesquisa: os jornalistas precisam ser capazes de pesquisar tópicos com rapidez e precisão. Eles devem entender como usar ferramentas online, como bancos de dados, para localizar informações e verificar fatos. Planilhas, prestações de contas ou até publicações técnicas em diários oficiais podem render belíssimas pautas. Mas tem de saber ler.

2. Redação para diferentes mídias: Jornalistas devem ser capazes de escrever para impresso, televisão, rádio e mídia digital. É fundamental saber adaptar o estilo de escrita ao meio e atender às necessidades do público. Lembrando que, especificamente no caso do jornalismo no rádio e na TV, a #linguagem deve ser ORAL. O texto que você escreve para a TV será ouvido e não lido. E o seu público muitas vezes estará fazendo outras coisas ao mesmo tempo. Então nada de frases longas, apostos ou voz passiva. 

3. Técnicas de entrevista (*): Os jornalistas precisam saber como fazer as perguntas certas e como fazer com que as pessoas se abram e forneçam as informações de que precisam. Ouvir ativamente os personagens não é fazer povo-fala ou se ocupar das mensagens no celular enquanto o entrevistado responde. Você pode perder declarações valiosas. Também devemos entender as questões éticas envolvidas na entrevista (inclusive em caso de câmera e gravador ocultos).

4. Compreensão da lei: Os jornalistas devem estar familiarizados com as leis e regulamentos que afetam seu trabalho, como o código de ética profissional, o manual ou princípios da redação em que trabalha e os direitos autorais. Na questão legal, uma das maiores armas de segurança jurídica é não negligenciar o contraditório. Pessoas citadas sempre têm o direito de se defender na mesma proporção da citação.

            “A presunção da inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística” – Capítulo III artigo 9º. do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros – FENAJ 

5. Desenvolver um olhar crítico: Os jornalistas precisam ser capazes de avaliar as informações e histórias objetivamente e identificar tendências e imprecisões. Nunca deixe que as paixões pessoais interfiram no seu julgamento. O excesso de intimidade com a fonte pode ser muito prejudicial nessa avaliação. É importante ainda o "auto olhar crítico". Vai crescer e aparecer nesse mercado quem encontrar a própria voz, com originalidade e estilo.

6. Trabalhando com tecnologia: Os jornalistas devem se sentir confortáveis usando ferramentas digitais e plataformas de mídia social para encontrar, compartilhar e distribuir histórias. Isso implica em investigar, apurar e checar várias vezes as informações que estão soltas nas redes. Tem muita mentira vestida de verdade por aí. Em tempos de #fakenews, cuidado nunca é demais.

            Se você não é #nativodigital  (não nasceu com o celular na mão) aprenda a filmar, editar e postar vídeos e fotografias, entrar ao vivo pelo celular e usar as plataformas sociais e profissionais como extensão do seu trabalho jornalístico. 

7. Networking: Os jornalistas devem entender a importância do #networking e como desenvolver relacionamentos com fontes e contatos, lembrando que o distanciamento de ambos é necessário para manter a credibilidade. 

(*)dica de leitura para desenvolver técnicas de entrevista: Real People on Camera - de @AmyDelouise – é um manual bem didático mostrando como as pessoas reais são o coração da história. Amy fala sobre como construir relações com elas – incluindo entrevistados crianças - a importância da pré-entrevista e muito mais dicas que relegam o batido “povo-fala” ao tempo dos dinossauros. 

#mentoria #telejornalismo #ética #networking #jornalismoDeDados #carreirajornalística #EscutaAtiva #liderança #redação #contentcreation #LiveEventProduction #Broadcast #Streaming #mediacontent

Texto pragmático e útil, bem específico para quem está começando ou para o jornalista veterano que fica emperrado para a evolução na tecnologia.

Claudia Erthal

Criadora e desenvolvedora de conteúdo, storyteller, jornalista para digital e televisão, roteirista e editora | Doutora e Pós-doutora em plataformização da cultura e economia da atenção.

1 a

Ótimo, Lúcia!!!

Alessandra Bruno

Assessora de Imprensa | Produtora de Conteúdo | Editora de Texto para TV/Locutora

1 a

Bom demais esse conteúdo! Obrigada!

Laudiana Oliveira

Frugal Innovation, Gestão de Varejo, E-commerce, Inteligência Competitiva, Consultoria e Mentoria

1 a

Muito bom Lucia! 👏👏👏👏

Flavio Ferrari

✅ Análise Estratégica de Cenários Futuros -Inovação, Comunicação e Aplicações de Inteligência Artificial (IA) | Conselheiro Consultivo | Consultor e Palestrante | LinkedIn Top Voice (Business Innovation) em 2024

1 a

Back to the basics. Muito bom. Só vou discordar da observação sobre nativos digitais - eles não são melhores do que os "boomers" no uso de ferramentas digitais de produtividade (alias, vale lembrar que foram os boomers que criaram os computadores). Eu, que não sou jornalista por formação, tenho a percepção de que a base acadêmica do nosso jornalismo é sólida. Há que ter em mente que, ainda que mude o contexto e as ferramentas, a essência (se correta) deve permanecer, que é justamente a forma pela qual interpreto o seu recado, que vale para todas as profissões. Há coisas que nascem com um viés que poderia ser melhorado (a medicina ocidental, por exemplo, tende a cuidar das doenças, enquanto a oriental tende a cuidar da saúde, coisa que só começamos a aprender mais recentemente no ocidente, apenas para dar um exemplo). Mas não creio que seja o caso do jornalismo brasileiro. Creio que ele apenas tem sido vítima (como outras disciplinas da comunicação) do encantamento tecnológico dos últimos 20 anos, mas há de voltar aos trilhos.

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