“UM  ALÍVIO  PRO’S  DOIS  LADOS”

“UM ALÍVIO PRO’S DOIS LADOS”

A declaração do comentarista Casagrande ao sair de um cargo que ocupava há 25 anos numa mesma empresa, exemplifica comportamentos que as pessoas deveriam evitar. Pois, ao comunicar o desligamento da emissora em que trabalhava, o comentarista produziu um vídeo para as redes sociais e assim disparou ... “ um alívio pro’s dois lados”.

Recordo-me que no meu primeiro dia de trabalho na Philips (no século passado), quando um funcionário estava sendo homenageado naquele  mesmo dia por completar 25 anos de empresa, recebendo então um relógio pelo “aniversário de casa”.

Aquilo foi tão emblemático, que recordo-me até hoje da sensação interior ao questionar-me ... como seria meu futuro naquela organização? Algo parecido poderia ocorrer?

Aquele  impactante cenário,  em que exalava reconhecimento e respeito de ambas as partes no meu primeiro dia de trabalho, deixou claro o ritmo das coisas naquela empresa.

Vale destacar ainda o significado da prenda ofertada, afinal é um produto que “marca o tempo” , sinalizando um  simbolismo implícito especial, além do explícito com a logomarca  da empresa, onde a todo momento o usuário ao olhar a hora, lembrar-se-ia da relação construída.

Esses eventos aconteciam sempre que alguém “aniversariava”, sendo obrigatório a todos funcionários do departamento participarem, parando, respeitosamente, suas atividades pelos minutos que a celebração durasse.

Naturalmente que uma relação de 25 anos, em qualquer cenário da vida (pessoal ou profissional), não é um mar de rosas.

Mas declarar-se “aliviado” por deixar um local, demonstra uma falta de educação que beira a grosseria.

Afinal se estava descontente, poderia o funcionário da TV Globo, a qualquer tempo

“pedir as contas”, no momento que qualquer acontecimento o confrontasse com as propostas de vida, individuais, familiares ou coletivas.

E para “desmelhorar” a atitude pública e deselegante que Casagrande praticou,  é condição sine qua non para quem trabalha com comunicação, “medir” as palavras antes de proferi-las, pois o ambiente de trabalho desses profissionais não se encerra em paredes de escritórios.

Além do mais,  expressar-se como  “alívio...” desrespeita os amigos que deixaram a empresa anteriormente (alguns que até  já morreram);  e outros tantos que ainda continuam trabalhando no mesmo local... especialmente se em algum momento, estes amigos defenderam o agora demitido, nas contendas rotineiras da vida profissional.

Um ser humano educado e com cultura profissional, JAMAIS pode demonstrar este desprezo pela organização  que pagou religiosamente 25 anos de salários à alguém.

Especialmente, o ex-funcionário em questão, que infortunadamente sofre com problemas crônicos de saúde e que motivou (felizmente) ações de solidariedade dentro e fora da empresa.

 “Estou livre ...” , foi outra declaração do citado comentarista em outro flagrante de desrespeito aos colegas que lá ficaram, como se os remanescentes fossem presidiários, dando um mal exemplo para uma sociedade embrutecida e composta por pessoas que são influenciáveis por qualquer coisa publicada.

Afinal o Brasil, desgraçadamente, “lidera” o ranking de influenciadores até na compra de produtos (vide imagem)

Imaginem então a cabeça dessas  pessoas despreparadas culturalmente?

Cultura que ironicamente, o ex-atleta sempre classificou como uma área abandonada no Brasil ultimamente, desferindo críticas de forma contumaz, por vezes até ferina,  a  atletas, companheiros de trabalho,  e políticos..

Essas atitudes ácidas do comentarista, culminando com frases inapropriadas na despedida, emoldura uma trajetória de alguém  marcada pelo evidente desconhecimento de “cultura empresarial”.

Talvez seja  Peter Drucker um mestre neste cenário, que poderia servir de parâmetro para estes momentos, onde profissionais  deveriam estudar e beber do conhecimento, para  pesar bem suas palavras.  

Especialmente comunicadores, afinal segundo Drucker “O mais importante na Comunicação é ouvir o que não foi dito” .

E o que as pessoas mais atentas “ouviram” de Casagrande, foi uma aula de desrespeito em todas as frentes.

ROBERTO MANGRVITI

www.robertomangraviti.com.br

Colunista da ADASP-Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo; do Instituto de Engenharia; Editor do Portal SustentaHabilidade, da Coluna “SustentaHabilidade” no Jornal ABC Repórter, e apresentador do Programa SustentaHabilidade na Rede NGT (digital) e Soul TV Omni Channel (smarts Tv’s LG e Samsung.

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