Um bom prenúncio intitulado Type 00
O setor automóvel atravessa um período de transformação sem precedentes. Pela primeira vez, na ultima década, a indústria repensa a mobilidade de forma inovadora, reexaminando-a substancialmente, abandonando conceitos que, embora consagrados, já não correspondem aos desafios do futuro.
As marcas tradicionais, carregadas de um peso histórico que as torna enraizadas a um certo conservadorismo, encontram-se em confronto com as mudanças aceleradas do mercado, muitas vezes resistindo à inovação. E, enquanto isso, é do continente asiático que surgem as novas soluções tecnológicas, inovadoras e, em muitos casos, sustentáveis, admitindo, porém, que o tema da sustentabilidade é muito mais abrangente.
Neste contexto, como poderia uma marca como a Jaguar, com um peso histórico que carrega, que tem no seu portfólio um modelo como o Type-E — considerado por Enzo Ferrari como o carro mais belo de todos os tempos — dar o próximo passo? Como pode uma marca que tem nos seus genes a competição, que serviu as estrelas de Hollywood e Chefes de Estado, reinventar-se sem perder a sua identidade? A resposta está na coragem para romper com o passado e recomeçar.
Há dias, a Jaguar anunciou ao mundo que iria descontinuar toda a sua gama de modelos e começar do zero. Um passo de audácia, que não apenas rejeita uma continuidade evolutiva, mas cria um novo paradigma. A decisão de uma marca tradicional que anuncia a rutura com o que foi construído ao longo de décadas, revelando uma nova imagem e um posicionamento num mercado global mais competitivo e exigente do que nunca.
A ambição da Jaguar não será apenas sobreviver a essa revolução: será posicionar-se como uma marca de luxo, alinhando-se com gigantes como a Bentley, mas com uma proposta distinta. Enquanto a Bentley, em primeiro lugar substitui os seus motores térmicos por híbridos e apenas mais tarde migra para a eletrificação, a Jaguar adota uma abordagem ainda mais ousada. A sua visão é ir além de ser um ícone da sustentabilidade. A marca ambiciona redefinir a forma como é percecionada, alterando os padrões de consumo e a própria experiência do cliente, com novos conceitos de personalização e aquisição.
O Type 00, o primeiro protótipo apresentado pela Jaguar, é a manifestação concreta dessa visão. Ao analisar este novo modelo, é possível perceber os novos rumos da marca: não se trata apenas de um carro, mas de uma experiência, uma forma de viver e se afirmar. Este protótipo antecipa uma nova forma de personalizar e adquirir um automóvel, permitindo que a Jaguar se posicione de forma clara no segmento de luxo, almejando níveis de excelência, sofisticação e distinção- factores que despertam desejo, semelhantes aos de outras marcas de prestígio, como a Hermès, dentro do seu próprio fundamento.
Independentemente de gostarmos ou não do design ou do conceito por detrás do Type 00, é impossível negar o arrojo criativo e a ousadia da marca em apostar num “tudo ou nada”. Em tempos de metamorfose constante, em que a mobilidade e as necessidades do consumidor estão em constante evolução, essa coragem em dar um passo em frente é, em si mesma, e na minha humilde opinião, um reflexo do que a Jaguar pretende para o futuro.
E como ficam as concessões, a "espinha dorsal" da distribuição automóvel tradicional? Têm, provavelmente, pouco mais de um ano para se adaptarem a uma nova realidade. As marcas, em especial a Jaguar, estão a mudar, o mercado está a mudar, e o consumidor do futuro já não é aquele a quem as marcas tradicionais vendiam o seu produto. O “cliente tipo” não existe mais. O futuro da Jaguar será muito mais do que vender um automóvel. A proposta é vender uma experiência única, personalizada, para consumidores exigentes que sabem exatamente o que querem e estão dispostos a pagar por isso.
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O impacto nos "pontos de venda" deverá ser profundo. Terão de deixar para trás abordagens em formulas pré-estabelecidas e discursos centrados na potência e na herança da Jaguar. A nova abordagem vai exigir profissionais capazes de proporcionar uma experiência diferenciada- dar liberdade ao cliente para decidir como quer viver o seu momento Jaguar. O vendedor do futuro não estará ali para influenciar a decisão de compra, mas para assegurar que a experiência do cliente será tão memorável quanto única.
Ao fim e ao cabo, o que continuará a definir um Jaguar não é o seu motor, nem a história da marca, mas a capacidade de fazer o proprietário sentir-se único, exclusivo e especial. E isso, sim, será o verdadeiro legado da marca no novo paradigma que ela própria está a criar.
Este artigo de opinião reflete a minha visão pessoal sobre o setor automóvel. Ao longo de alguns anos, o mundo da mobilidade foi, não só, uma profissão, mas também uma verdadeira paixão, e é com esse olhar entusiasta e atento às evoluções, que compartilho as minhas reflexões sobre o futuro de uma marca icónica.
Marisa Ferreira
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