Um encontro com a beleza - Sobre entender e olhar para a minha essência

Um encontro com a beleza - Sobre entender e olhar para a minha essência

Texto publicado em meu perfil do Medium no dia 19/02/2017.

Estou passando por um período importante da minha vida profissional, onde decidi dar uma pausa na rotina de trabalho para rever alguns princípios que me guiam e fazer uma transição de carreira. O que compartilho aqui é um pouco da minha experiência pessoal nessa busca do novo e um ponto importante que me fez abrir mais os olhos para enxergar alguns direcionamentos da busca pelo meu caminho: entender a minha essência.

Essência: natureza, substância ou característica essencial de uma pessoa ou coisa. É aquilo que é invariável e permanente, é a realidade persistente.

A essência geralmente se manifesta através das habilidades pessoais que surgem principalmente na infância, baseadas em bagagens emocionais trazidas dos nossos pais e da nossa história. Nossas brincadeiras, a forma como interagíamos com nossos amigos e familiares, os incentivos que nossos pais e professores nos faziam são, por exemplo, pontos importantes que ativam nossas habilidades. Assim, uma forma de entrar em contato com nossa essência é resgatar profundamente a nossa história em nós mesmos.

Ao nos revirarmos em lembranças vemos coisas lindas, mas muitas vezes encontramos coisas que não queremos, que não estamos preparados para ver ou mesmo histórias que nós mesmos criamos para sustentar uma crença que levamos para nossa vida adulta. E ao olharmos profundamente para isso, percebemos que algumas vezes até forçamos algumas habilidades para esconder algo que não nos agrada ou sermos aceitos em um determinado grupo ou mesmo na sociedade. Enquanto crianças ainda, o sistema educacional não colabora muito para trabalhar as diferentes habilidades que cada um carrega em si e não somos incentivados a desenvolver nossos talentos. Assim, ao entrar no mercado de trabalho em uma sociedade onde muitos idolatram e se prendem a um bom salário e um cargo alto dentro de uma organização, por exemplo, é comum encontrar profissionais apenas por aparência, robotizados e que sentem um grande vazio existencial.

É aí que chega o momento em que muitos profissionais começam a se perguntar se estão no caminho certo, questionam as atividades que estão fazendo, os trabalhos que estão entregando (pra quem? pra que?) até que chegam na pergunta chave: “quem sou eu?”

Para muitos ainda é difícil entender que a felicidade só existem na esfera do ser, jamais na esfera do ter. Assim, a ideia com esses questionamentos é se conectar com o eu interior, entrar em contato com a essência mais profunda e entender quais são os caminhos para se chegar em nossos propósitos. Quando sentimos que estamos onde realmente devemos estar, fazendo coisas que gostamos de fazer, nos sentimos sábios e dominantes daquilo que realmente temos para oferecer ao mundo.

Por isso acredito que, para quem se sente perdido na vida profissional, encontrar a essência é fundamental para que posteriormente se consiga partir para ações: entender o propósito de vida, traçar metas e cumprir a sua missão pessoal e no mundo. Esta busca não só faz bem para direcionar a vida profissional, este encontro faz nos tornar inteiros de quem somos.

Enxergando a beleza como minha essência.

Não, a essência de cada um não se resume em uma palavra, é algo muito mais profundo que isso. Mas colocá-la dessa forma é mais fácil de observá-la para que haja uma conexão com nossas atividades profissionais.

Assim como proposto no exercício de observação da infância e todas as atividades que eu gostava de fazer, chegando na escolha da minha faculdade e tudo que mais gostava ali, comecei a observar que a arte, criação e a estética sempre estiveram presentes em minha vida. Eu adorava criar histórias, montar teatros e fantasias com minhas primas, além de desenhar muito, pintar… Eu viajava em minha imaginação! Minha mãe sempre gostou de fazer trabalhos manuais e cresci participando disso e eu também sempre fui muito incentivada pelo meu pai a escrever assim como ele faz até hoje em seus diários. Isso é só um pouquinho do que observei em mim.

A faculdade escolhida foi na área de artes, mas eu nunca tive certeza se estava no caminho certo. Afinal, sempre os questionamentos como “por que você não faz administração?” ou “não acha melhor prestar concurso público?” sempre surgiam em conversas de todos os lados. Mas não teve jeito, ao entrar no mercado de trabalho, tudo que eu colocava a mão era reconhecido como “lindo”, “belo”, “bonito”. E tudo que envolvia criatividade era muito fácil de ser executado por mim.

Mesmo assim, com o passar dos anos, acabei direcionando minha carreira para algo mais estratégico e lógico. Planilhas começaram a fazer parte do meu dia a dia, pesquisas, acompanhamento de números… Eu aprendi a gostar de muita coisa, eu não me arrependi nem um pouco desse caminho que segui. Mas mesmo assim, a estética e o pensamento criativo de tudo que eu entregava era sempre muito mais visto pelo outro do que todo o trabalho estratégico que estava por trás daquilo. Eu era chata com isso, confesso, tudo precisava estar alinhado e perfeitamente bonito, até a planilha e seus números. Quando me diziam “deixa assim mesmo” ou via trabalhos saindo sem um padrão estético, muitas vezes por falta de tempo, aquilo me torturava pelo dia todo.

Agora percebo que eu estava me desconectando cada dia mais da minha essência no dia a dia de trabalho e em partes era isso que estava me deixando angustiada. Tudo que aprendi e fiz não foi em vão. Entender todo o sistema de uma empresa e equilibrar essas habilidades foram essenciais para o caminho que pretendo seguir daqui, me tornam a profissional que sou hoje. Mas não podemos nos desviar muito do que temos para oferecer de melhor ao mundo e um ponto muito importante é prestar atenção se o ambiente de trabalho que está te permite estar alinhado com sua essência.

Assim, percebi que vim ao mundo com uma essência e assumi: Eu uso o meu olhar para trazer beleza ao mundo e às coisas que ele nos oferece.

O momento do meu encontro

Como já disse, há um tempo venho repensando minha vida profissional. No fim do ano passado, tomei uma decisão difícil e parti para um período sabático, com a intenção de me encontrar profissionalmente. Não, eu ainda não estava certa para onde ir. Mas pelo menos eu já estava localizada, no ponto certo para seguir um novo rumo. (conto os primeiros dias dessa experiência aqui).

Há um tempo também já estou em um processo de autoconhecimento pessoal intenso e um dos eventos mais lindos que participei, o Namastê, me fez conhecer pessoas muito queridas e especiais, entre elas o Luiz Brites. Através dele entrei em contato com as constelações sistêmicas, método que direciona todo o seu trabalho como coach e como facilitador de outras ferramentas de desenvolvimento pessoal, como o jogo Miracle Choice, inspirado no livro “Um curso em Milages” por exemplo.

Assim, neste meu momento, caí no coaching de carreira, onde além de alguns (poucos) exercícios de PNL, o Brites aplica a visão das constelações sistêmicas para nos direcionar ao encontro de nossas crenças, nossas habilidades, nossa essência e assim desenhar nosso propósito. Foram dois dias intensos de workshop, com muita interação do pequeno grupo, muita emoção e muitas descobertas sobre o que guia muitas de nossas atitudes. Cada um saiu de lá conhecendo um pouquinho mais sobre suas essências e propósitos e com metas traçadas para atingir alguns planos de carreira.

“Quando eu tomo uma ação, eu recebo um presente”. Bert Hellinger

Meu caminho nessa busca continua. Em outra oportunidade conto como foi entender o meu propósito. E pretendo compartilhar todo esse meu caminho por aqui caso queira continuar acompanhando.





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