UM NOVO MARKETING PARA UMA NOVA ECONOMIA
A escassez de recursos naturais não é uma mera conjectura, mas uma realidade que está aí na nossa cara, nua e crua. Não é razoável tratar a questão como algo passageiro e muito menos acreditar que a solução vai aparecer como por mágica, como se novas fontes de matérias-primas pudessem ser encontradas com facilidade e sem maiores impactos no meio ambiente.
O modelo de Take, Make, Waste não se sustenta e vai acabar por uma via ou por outra. Ou secam as fontes e a exploração tem fim por motivos óbvios ou surgem alternativas mais inteligentes que vão viabilizar o contínuo funcionamento da economia em escala global. Me parece óbvio que a segunda possibilidade é a melhor. Não acha?
Um problema de ordem macroeconômica bastante importante no modelo de economia linear que hoje adotamos é a volatilidade de preços das matérias – primas por motivos diversos, tais como: escassez, conflitos e guerras, manipulação de preços por grupos de interesse etc. Esta volatilidade não é exatamente a melhor coisa do mundo para o crescimento econômico e uma solução para ela está dentro do modelo de economia circular.
Através do modelo de reaproveitamento contínuo dos materiais, proposto dentro da economia circular, a fonte de matérias – primas estará intrinsecamente ligada à própria fabricação dos produtos, na medida em que o material utilizado na produção inicial será reutilizado nas remanufaturas ou novas produções posteriores, tornando os fabricantes menos dependentes de materiais novos extraídos da natureza.
A implementação de um modelo circular não será simples e ainda dependemos de um grande salto tecnológico para viabilizar o reaproveitamento integral dos materiais, mas para que este caminho seja trilhado é fundamental que as empresas que quiserem ser bem sucedidas nesta nova economia invistam hoje para colherem os resultados no futuro próximo.
O mero discurso de estar aproveitando embalagens ou usando matérias-primas sustentáveis não vai colar quando a realidade é que a maioria dos produtos ainda usa em suas composições mais de 50% de insumos obtidos de fontes não renováveis. A conversa da sustentabilidade pode colar para ser usada em campanhas publicitárias bonitinhas, mas a natureza não entende de marketing.
A conversa da sustentabilidade pode colar para ser usada em campanhas publicitárias bonitinhas, mas a natureza não entende de marketing.
Migrar uma linha de produtos para atender os preceitos da economia circular é mais do que criar uma comunicação dizendo que a empresa se preocupa com o meio ambiente. Economia circular é muito mais do que a mensagem de sustentabilidade, é uma forma completamente diferente de fazer negócios.
Economia circular é muito mais do que a mensagem de sustentabilidade, é uma forma completamente diferente de fazer negócios.
O foco vai sair dos produtos e vai migrar de forma definitiva para os serviços, por isto não é com o mero discurso de sustentabilidade e aproveitamento de embalagens que uma empresa migra, de fato, para a circularidade. A solução é servitizar.
A solução é servitizar.
Um estudo da Accenture (LACY et al., 2014) mostra que a mudança para a economia circular abre oportunidades de novos negócios na ordem de um trilhão de dólares em um futuro próximo. Isto não vai acontecer com o mero reaproveitamento de embalagens e conversa de sustentabilidade, mas com mudança de modelos de negócio.
Propostas para implementar um modelo de negócios alinhado com a economia circular.
- Projete produtos para durar MUITO.
Não se prenda ao conceito de obsolescência, mas pense em modularizar os produtos.
- Implemente o conceito de plataformas.
Não crie produtos, mas plataformas flexíveis que permitam a intercambialidade de processos fabris tanto quanto de componentes.
- Projete produtos pensando nos segundos, terceiros e quartos proprietários.
Não foque exclusivamente no seu prospect inicial, mas nos segundos donos do produto ou até nos próximos. O descarte deverá demorar muito para acontecer e as manutenções serão mais recorrentes.
- Projete produtos pensando em como serão desmontados.
A engenharia dentro do conceito de economia linear tem o foco na montagem otimizada dos produtos para ganhos de produtividade e custo, porém para a economia circular o processo de desmontagem para remanufatura ou para o reaproveitamento completo dos materiais terá tanta ou mais importância que a eficiência da fabricação inicial.
- Sempre pense no serviço e não no produto em si.
Produtos são consumidos pelos serviços que prestam e o modelo de economia compartilhada, que se inicia atualmente como um dos primeiros passos da circularidade, nos mostra que a posse dos produtos é cada vez menos importante.
a posse dos produtos é cada vez menos importante
Uma nova visão de marketing
Marketing não é apenas comunicação como usualmente se pensa, mas uma ciência muito mais sofisticada que tem como objetivo ajudar o ser humano a gerar respostas para as necessidades ou os desejos das pessoas. Com base nisso a mudança para o conceito de economia circular significa um novo pensamento de marketing, onde o foco tem que estar mais na facilitação da vida das pessoas do que na venda de coisas.
o foco tem que estar mais na facilitação da vida das pessoas do que na venda de coisas.
O marketing na lógica da economia circular estará ligado a oferecer uma vida mais fácil para as pessoas que terão menos coisas e vão contratar mais serviços. O foco estará na simplificação da vida, com mais qualidade e menos posses.
Para pensar estratégias de marketing no contexto de economia circular, fique com a máxima: menos é mais.
Referência
LACY, Peter et al. Circular Advantage: Innovative Business Models and Technologies to Create Value in a World without Limits to Growth. Accenture Strategy, [S. l.], p. 24, 2014.
Diretora de arte na BASE3 Comunicação
4 aPriscila de Queiroz Sousa amiga, olha este artigo do meu antigo prof sobre economia circular!! Muuuito bom e ele fala sobre propostas para implementar um modelo de negócios alinhado com a economia circular! Você vai adorar!