Um pouco de calma com o metaverso, por favor
Antonio Rodrigo Sant'Ana
Conselheiro Certificado pela Board Academy Sócio da área cível do SBCLaw Advogados
Qualquer pessoa ou empresa que tenha o hábito de acompanhar novidades tecnológicas já se pegou pensando em como seria sua própria atuação dentro do (mais falado do que experimentado) metaverso. E não é para menos, graças à forte presença do tema nos mais diversos segmentos de notícias e novidades.
É verdade que ele promete ser um canal de comunicação e relacionamento muito mais emocionante do que um website ou uma automação de WhatsApp. Escritórios de advocacia, por exemplo, poderiam se beneficiar do potencial desse mundo virtual para a geração de negócios e, claro, relacionamento com seus clientes.
O fato é que muito também depende da adesão das pessoas ao metaverso. Ora, se clientes e consumidores não estiverem lá, qual o sentido em sequer pensar em abrir um escritório em um lugar onde sua clientela não se encontra?
Soma-se a isso as atuais diretrizes da OAB para comportamento jurídico em ambiente virtual: elas dão provimento aos espectro da publicidade jurídica, mas ainda não tem qualquer tipo de regulação para o metaverso. Compreensível, dada a novidade do tema.
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O fato é que a prática jurídica ainda não poderia ser estabelecida no metaverso porque não há como assegurar a inviolabilidade do sigilo profissional, uma vez que, além do advogado e do cliente, os próprios mantenedores da plataforma também teriam acesso a essas informações.
Por enquanto, o metaverso poderia ser um hub para atrair novos clientes e gerar novas oportunidades de negócio. Mas antes de cogitar uma aventura no metaverso, a empresa deve estar em dia com sua segurança cibernética. Afinal, como pensar numa empreitada desse calibre quando não se consegue garantir a segurança dos dados que mantém?
O metaverso parece, de fato, um ambiente muito atraente. Mas ainda é preciso ter certeza de que se trata de um ambiente seguro que possa garantir a privacidade de dados — indispensável para a prática jurídica. Do contrário, qualquer tentativa de fazer parte desse mundo virtual não passa de uma aventura motivada por modismos.