Uma Análise Profunda das Relações de Liderança
No ambiente corporativo, confiança mútua nem sempre é uma realidade. Assim como os funcionários não acreditam cegamente em tudo o que os líderes dizem, os líderes também têm suas dúvidas sobre as informações fornecidas por seus colaboradores. Este cenário complexo se estende para além da hierarquia, atingindo todos os níveis da organização.
Eu sou um membro da geração X, que testemunhou a época em que o trabalho era retratado como um caminho para superação pessoal, envolvimento e sucesso. Entretanto, com o tempo, percebi que essa visão frequentemente escondia uma dose considerável de hipocrisia.
Essa hipocrisia não é exclusiva da liderança, mas também abrange aqueles que estão no papel de cumprir ordens. Olhando agora de uma perspectiva externa, lamento não ter agido de maneira diferente no passado.
Recordo-me do início da minha carreira como consultor, quando estava nos primeiros passos de um novo empreendimento. Nesse estágio, o ceticismo pairava no ar e havia momentos de dúvida sobre o caminho a seguir. No entanto, havia uma convicção interior que me impelia adiante. A sensação de liberdade, embora não relacionada ao tempo livre, era inegável. Essa liberdade permitia a expressão das minhas ideias e, melhor ainda, ser recompensado por elas.
A perspectiva que tenho agora, ao observar de fora, é diferente. Vejo com clareza as oportunidades que poderia ter explorado de modo mais eficaz.
Quando estava nessa fase de incerteza, busquei a orientação de um amigo e mentor com trinta anos de experiência no mundo da consultoria. Ele compartilhou uma sabedoria simples, mas transformadora: como empreendedor, meu currículo perdia relevância. No mundo do empreendedorismo, histórias são moedas de troca muito mais valiosas do que listas de conquistas passadas. Clientes se conectam com histórias genuínas e significativas.
Hoje, percebo quão hipócrita foi a visão tradicional de líderes e liderados. O diálogo sobre esse tópico ainda é relevante? Essa é uma pergunta que posso responder em outro momento.
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Lembro-me de um encontro com um cliente, que também foi meu chefe no passado. Ele questionou por que eu, quando fazia parte da equipe dele, não apresentava as soluções que agora considero corretas e viáveis. Minha resposta, sincera e imediata, foi que, naquela época, eu era apenas um funcionário. Simples assim.
Ocultar a verdade ou omiti-la não é exatamente o mesmo que mentir. No entanto, ambos os comportamentos têm um impacto negativo na competência e na integridade. Essas ações também estão interligadas com a responsabilidade, que pode ser transferida para outros. No mundo corporativo, muitas vezes essa transferência é bem recebida, uma vez que livra o indivíduo da pressão de agir.
Ser um líder é uma tarefa que exige equilíbrio e responsabilidade, especialmente quando essa responsabilidade é transferida pelos liderados. Quando parte de cima, seguir as ordens é uma questão de sobrevivência, mas quando parte de baixo, pode-se facilmente fingir acreditar.
No fim das contas, todos buscam sobreviver, mesmo que isso signifique sacrificar a competência. Essa reflexão pode ser deixada para as análises infinitas dos departamentos de Recursos Humanos, que tentam desvendar os aspectos intrincados da natureza humana, que por natureza, é por vezes hipócrita.
Admito, dizer a verdade é uma ação nobre, mas transferir a responsabilidade da ação para o outro parece ainda mais conveniente.
Se você buscava um desfecho com uma lição moral, saiba que a mensagem é simples: persiga a felicidade. A complexidade das dinâmicas do ambiente corporativo pode ser gerenciada quando se coloca a busca pela felicidade como prioridade.
@SilvioSoledade