Uma crítica sobre ser Recrutador (a)

Uma crítica sobre ser Recrutador (a)

Eis que surge mais uma indignação por parte daqueles que buscam uma oportunidade de emprego e lançam-se no mercado de trabalho. Ah! Esse não será um texto exaltando uma profissão que tanto admiro e faço parte, mas um desabafo sobre em que parte do percurso precisamos retomar nossa essência profissional.

Não é de hoje que nós, especialistas da área de Gestão de Pessoas aprendemos o quanto é importante atrair e selecionar bons profissionais no mercado. Quando recebemos uma R.P (Requisição de Pessoal) em nossas mãos, temos a missão de trazer para empresa alguém que possa cumprir os requisitos e atribuições do cargo. Daí iniciamos uma série de etapas em um longo processo seletivo, em que no final só queremos ter a certeza de tê-lo executado de modo imparcial.

Mas será que é sempre assim que acontece?

Ultimamente tenho ouvido queixas sobre como as vagas de emprego tem sido apresentadas ao mercado e como de fato é a vaga quando o candidato se dispõe a participar do processo.

Certa vez uma amiga foi convocada para uma entrevista de emprego, no título da vaga “Recepcionista” para atuar com atendimento em uma instituição de ensino, 8h de trabalho, 1h de almoço, salário de 1.100 + bonificações e nada mais na descrição. Talvez fosse culpa dela ter se candidatado a uma vaga com tão poucas informações, mas será mesmo que uma pessoa desempregada entendendo do que se trata a função não saberia julgar o que de fato faz um recepcionista? Além do mais nos requisitos eles pediam, ensino médio completo, iniciativa, habilidades com informática, além de boa apresentação, argumentação e pontualidade. Bom, chegando ao local de entrevista pontualmente e iniciado o processo - que durou pouco mais de 2h devido aos testes, redação e dinâmicas - no final o entrevistador resolve dar melhores informações sobre a vaga e diz que a princípio o trabalho seria externo/ de campo, ou seja, para bom entendedor meia palavra basta! Na verdade a pessoa contratada teria que ficar na rua prospectando a instituição de ensino e entregando folders durante as 8h e os bônus seriam as chances de crescimento. Ora, não desmerecendo a tarefa em questão, mas para mim parece que não se trata de mera vaga de recepcionista! E ainda que tivesse de desempenhar tal tarefa, passar um dia inteiro, a semana inteira, um mês, dois enfim com tal atribuição não traria crescimento profissional, pelo contrário isso me lembra um pouco a Era Industrial de Taylor onde as pessoas só apertavam parafusos e assim permaneciam, desmotivadas. É um trabalho honesto? Sim de fato é! Porém o que não me pareceu honesto foi a forma como a vaga foi apresentada e até certo ponto o por quê dessa pessoa não poder passar mais tempo aprendendo sobre a empresa ou desenvolvendo outras atividades. Enfim, num segundo caso ouvi a respeito de uma vaga que pagava X, horário comercial e benefícios, porém no momento do Processo Seletivo o recrutador (a) anuncia tudo ao inverso, na verdade o salário bruto era inferior ao anunciado, o horário não era de fato o combinado e os benefícios de saúde só seriam liberados após 1 ano de empresa. Em outro caso, a promessa de retorno sobre o processo seletivo era de uma semana, porém passaram-se dois longos meses e nada! É óbvio que a pessoa já sabia que não havia conseguido a vaga ou por algum outro motivo a mesma pode até ter sido cancelada, mas me parece mais honesto dar alguma satisfação aos candidatos que participaram da seleção. Afinal, eles estão em um momento de busca por um novo emprego, gastam dinheiro com transporte, as cópia e tudo mais que for necessário para atender ao nosso chamado, o que devemos fazer é agir com transparência, ética e respeito desde o início até o momento final, porque além de sermos profissionais contratando outros profissionais em algum momento da vida fomos ou seremos candidatos a uma vaga de emprego e com certeza seria muito inconveniente passar por tais apuros.

O que quero destacar é o meu lamento por tais situações que sujam nossa imagem como departamento responsável por cuidar do bem estar das pessoas, e me sinto assim porque felizmente nos meus poucos anos nessa nobre tarefa nunca vivi ou não me lembro de ter vivido situações em que foi preciso mentir num anúncio de vagas para conseguir candidatos ou bater metas. Trabalhei com gestores que sempre destacaram sobre a importância de manter um anúncio honesto, sucinto, limpo e livre de “firulas”. Às vezes trabalhamos vagas difíceis seja pela complexidade ou pela simplicidade do cargo, mas acredito que o fundamental é sempre ser probo com relação as seleções, afinal não é possível exigir aquilo que não se faz e esta é uma via de mão dupla, não é mesmo?

Por: Ísis Lima Duarte.


Querida Ísis, que artigo brilhante!! Saudades de você! Bjs

Roberta Nascimento

Gente & Gestão | Aquisição de Talentos | HR Partner

6 a

Esse é um dos fatores que banalizam a profissão, ao meu ver. Também recebo inúmeros relatos e críticas de pessoas que alegam nunca terem recebido um feedback sobre o processo seletivo do qual participou. Fico abismada e chateada, pois minha formação profissional deu ênfase a isso e, em 8 anos de carreira, nunca deixei um candidato sequer sem resposta. Enviar um e-mail com uma negativa não demora nem 1 minuto, e a repercussão desse ato é muito maior. Sejamos a mudança!

muito boa essa sua reflexão Ísis.

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