Uma expedição pela Amazônia e como ela me ajudou nos negócios e na vida

Uma expedição pela Amazônia e como ela me ajudou nos negócios e na vida

por Lucas Ribas, Managing Partner da FESA Group

Em agosto de 2023, tive a oportunidade de participar de uma grande aventura naquele que é o nosso maior patrimônio natural e um dos maiores do mundo: fiz uma expedição na Amazônia. O projeto se chama “Learning Journey — Amazônia” e seu objetivo é estabelecer uma jornada de desenvolvimento individual e uma reflexão sobre nosso papel no mundo por meio da conexão com a natureza na região Amazônica. 

Muito se engana quem pensa que essa foi uma viagem para lazer ou turismo — embora esses dois componentes estejam, sim, presentes, eles não são centrais. O objetivo aqui era aprender a me conhecer mais, lidar comigo mesmo e com ecossistemas complexos e, por consequência, desenvolver mais senso de propósito.

Os valores da Learning Journey — Amazônia são construídos a partir de um repertório multidisciplinar de mais de 20 anos em aprendizagem e transformação. O entendimento dessa ação é o de que, cada vez mais, habilidades para lidar com questões globais e ecossistêmicas têm sido essenciais para os desafios que vivemos todos os dias nos negócios e em nossas vidas. A viagem, portanto, era para aprender como superá-los.

Neste artigo, conto mais sobre como a imersão nas diferentes realidades da Floresta Amazônica estimulou em mim habilidades emocionais, relacionais e até sistêmicas que me ajudaram a ter uma atuação profissional e uma presença no mundo mais criativas e conscientes dos desafios contemporâneos.

A importância da região e a minha relação com a natureza

A FBN (Family Business Network) é uma instituição global com presença no Brasil há quase 25 anos. Ela fortalece as práticas de ESG nas empresas familiares como um pilar de desenvolvimento e geração de valor, sendo ela a organizadora deste programa. A região Norte — e a Amazônia — é rica não somente pela sua importância ambiental para o Brasil e o mundo, mas também para vários segmentos econômicos.

Lá temos, fora a Zona Franca de Manaus, empresas nacionais e multinacionais que atuam nos setores de Mineração, Varejo, Bens de Consumo e Bens de Capital com importância representativa no cenário brasileiro.

Tenho ciência dessa relevância há alguns anos. Tive a oportunidade de conhecer e me relacionar com a região Norte há mais de 10 anos, prestando serviço para organizações privadas na área de Recursos Humanos, pela FESA Group, e também junto a pessoas que atuam como executivos nativos ou que moram na região apoiando as práticas de desenvolvimento sustentável por meio de projetos com forte impacto social e ambiental.

A experiência de natureza também sempre foi do meu interesse, já que desde criança sempre tive contato com o meio ambiente e meus pais incentivaram isso ao longo da minha infância e juventude. Por conta disso, como adulto, passei a ter um olhar consciente sobre a agenda de sustentabilidade em ambientes corporativos e entender como as empresas têm responsabilidades e deveres junto à melhor manutenção e desenvolvimento dos ecossistemas em que atuam, sejam ambientais ou sociais.

Ok, mas como foi a minha experiência por lá?

Passamos mais de 3 dias na bacia do Rio Negro, embarcados numa chalana e fazendo visitas às comunidades ribeirinhas de origem indígena ou cabocla. Pudemos conhecer as lideranças comunitárias e também o impacto dos trabalhos realizados pelas instituições sem fins lucrativos e das empresas privadas nas comunidades.

Entramos na floresta e fizemos uma imersão na realidade de sociobiodiversidade amazônica, em especial pela visita às comunidades locais e por conversas com empreendedores da região. Este maior contato com os povos da floresta ampliou a minha percepção de que o ser humano é interdependente da natureza e de todo o conhecimento que acumulamos nos últimos séculos.

Na expedição, também pude aumentar o meu contato com acionistas e executivos de outras regiões do Brasil, e com os diversos ecossistemas da região Amazônica, inclusive entre as fundações e instituições que geram e direcionam recurso privado em prol de agendas sustentáveis e de desenvolvimento ambiental e social, como a FAS (Fundação Amazônia Sustentável). Estreitei laços com empresas nacionais e seus acionistas que estão presentes na região há mais de 20 anos, tendo escrito histórias brilhantes de empreendedorismo com apoio social e ambiental, entre eles cito o Grupo Simões e a Bemol, que possuem projetos de longo prazo com as comunidades locais.

O que eu aprendi?

Nas rotinas como executivos e acionistas, tomamos decisões de grande impacto, sentados em mesas de reunião analisando dados, indicadores e vislumbrando tendências. O ato de estar com as comunidades, viver com elas, dormir em redes, comermos juntos e ouvir a história das lideranças comunitárias foi uma reflexão para mim de quais, de fato, são a sua realidade, problemas e vocações. Isso nos habilita a apoiar, por meio de projetos e ações, a agenda das comunidades, concretizando valor para as pessoas com uma visão mais profunda da realidade em curto e médio prazo.

Outras habilidades fundamentais que desenvolvi foram a empatia, inteligência emocional, trabalho colaborativo e liderança inclusiva. Habilidades que me possibilitaram entender, conhecer e fazer parte daquele recorte de realidade.

Posso dizer que, após a expedição, aumentou o meu interesse pelo outro, a capacidade de ouvir sem julgamento e crítica, de buscar entender a realidade, cultura, traços, modelo mental e forma de viver do outro e de comunidades inteiras.

Após o FBN Learning Journey — Amazônia

Essa foi uma viagem intensa que me permitiu um mergulho profundo na realidade e na cultura locais de uma determinada comunidade e região onde tivemos oportunidade de vivenciar a rotina das pessoas, entendendo como podemos de fato gerar valor, respeitando seus hábitos, costumes e forma de viver.

Também ficou claro para mim o impacto da inovação na vida das comunidades visitadas. Quando possibilitamos acesso à energia e internet, temos condição de mudar radicalmente a realidade daquela comunidade, que passa a contar com tele-estudo e saúde por meio de consultas.

Outro benefício é que elas conseguem se comunicar com outras comunidades e cidades próximas, fazendo com que tenham uma melhor gestão dos recursos, além de acesso a informações meteorológicas que permitem correr menos riscos em seu deslocamento pela mata ou rio, seja movimentando carga ou pessoas. Também conseguem divulgar os trabalhos realizados pela comunidade — como o artesanato local — para outras praças, e fazer vendas e envio de mercadorias com maior valor agregado.

Posso dizer que, após a expedição, hoje me sinto um indivíduo melhor e mais preparado para lidar com a complexidade e a incerteza do dia a dia, além de ter adquirido mais senso de propósito e bem-estar. 

Por fim, também gostaria de reforçar que hoje consigo entender melhor a relevância dos negócios familiares e entendo como é importante pensar em nossas ações, seja como empresas ou indivíduos, pois elas impactam a vida de todos — a nossa, na cidade, e a de quem está na floresta Amazônica; estamos todos conectados e somos interdependentes uns dos outros. 

Sebastião Dias

Recursos Humanos | Cargos e Salários | Remuneração e Benefícios | Relações Trabalhistas e Sindicais | DHO | Saúde e Segurança | Gestão de Facilities

2 m

Lucas, que maravilha.. tantos insights e aprendizados. Que certamente trazem melhorias para nossa vida, como profissional e ser humano. Parabéns

Júlia Gallo

Head de Recursos Humanos | Estratégias Corporativas e Desenvolvimento Organizacional

2 m

Lucas, excelente reflexão! Na era do IA as relações humanas e suas interdependências se destacam.

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