Uma história de conquistas meteóricas e decepções rastejantes na faculdade de engenharia (5 minutos)

Uma história de conquistas meteóricas e decepções rastejantes na faculdade de engenharia (5 minutos)

Quero te convencer a desistir dos velhos hábitos de utilizar sites de vagas e as famosas sessões "trabalhe conosco" dos ambientes virtuais das empresas. Para isto, vou usar a minha história de conquista e decepção com o mercado de trabalho da engenharia, antes mesmo de sair da universidade.

Procure por conquistas e motive-se com as decepções

Entrei para uma universidade federal aos 18 anos, sofri com as aulas de cálculo desde o primeiro período e decidi que precisava trabalhar para ver sentido naquela angústia de aprender Limites, Derivadas e Integrais. Optei por entrar na Empresa Júnior, pois achei que iria aprender a usar Excel, Project, AutoCAD (durante a fase trainee) e depois eu sairia para "trabalhar de verdade". Como eu disse: primeira conquista e primeira doce decepção.

Ao ingressar na Empresa Júnior eu descobri o que significava uma empresa - e era tudo muito real. Em apenas 3 meses, promovido a membro efetivo; 3 semanas depois, fui escolhido entre 13 funcionários como Gerente de um dos projetos mais almejados do semestre, e um cliente de peso. A conquista foi ingressar neste mundo - a decepção foi doce, pois eu estava errado sobre o universo corporativo.

No fim dos 6 primeiros meses como Coordenador de Projetos e Gerente de um projeto específico, me candidatei para o cargo de Diretor Executivo de Projetos - uma carreira meteórica para um universitário que apenas queria aprender a usar o pacote MS Office. Concorri sozinho ao cargo e fui eleito por 80% dos votos.

Sim, eu perdi 20% dos votos para a abstenção e me motivei com isso para conquistar essas mesmas pessoas: o espírito empreendedor gritava dentro de mim, mesmo que eu não soubesse nomeá-lo.

Após um duro início de gestão, os resultados que obtive com minha equipe derrubaram as opiniões dos céticos e pela primeira vez em minha vida, eu havia batido uma meta. Durante 12 meses de trabalho ininterrupto, pude ver todas as metas batidas e uma mudança cultural naquela Empresa Júnior foi implementada. Fechamos um número de projetos superior aos dois anos anteriores juntos e o faturamento acompanhou esse crescimento, superando 80 mil reais, 3.809 reais de ticket médio - números estrondosos para uma EJ. Diga-se, 6 anos depois, que o planejamento estratégico feito pela minha equipe ainda perdura naquele ambiente.

Ser empreendedor dentro de uma empresa, na minha experiência, sempre é uma sintonia entre ousadia e permissão. Você tem que ser ousado para obter as permissões necessárias até conseguir transformar a cultura em algo favorável para que outras pessoas enxerguem sua visão e compartilhem de seus objetivos. É duro mudar quando não se possui as permissões.

Escolhas: direcione TUDO para seus maiores sonhos

Se você chegou até aqui pensando que esta é a história de um "coitadinho", saiba que eu me considero um grande oportunista: ainda na Cerimônia de Posse da Diretoria da qual fiz parte, fui convidado a cursas um MBA de Gestão de Negócios Sustentáveis. Durante um ano, recusei inúmeros convites de amigos e parentes para comparecer a festas e eventos de família todos os sábados, mesmo sabendo que não ganharia o diploma (é necessário um título de graduação para tal). Também tive a sorte de ter uma namorada que me apoiasse integralmente, àquela época. Não, não sou um coitado. Mas note que 3 das pessoas convidadas não aceitaram o mesmo convite - não as julgo por qualquer motivo - mas coube a mim escolher a opção mais adequada aos meus sonhos (estar em festas e churrascos provavelmente não me dariam a capacidade de enxergar modelos de negócios hoje).

Foi com o mesmo espírito empreendedor que me aventurei (apenas 6 dias depois de deixar o cargo) para uma construtora de grande porte a nível nacional. Depois da fase de ambientação, iniciei meu "plano" para empreender novamente dentro de uma empresa, mas dessa vez adquirir permissões não era tão simples.

Em paralelo, assumi o compromisso de coordenar o time responsável pelas parcerias e captação financeira do maior evento universitário de empresários juniores do Estado do Rio de Janeiro. Isto fazia meu coração cantar - traço marcante no empreendedor - pois era visível que o evento ajudava centenas de jovens que estavam iniciando a jornada das suas vidas. Em contrapartida, a construtora parece estar cada vez mais impondo barreiras ao crescimento profissional e educacional de milhares de pessoas - pedreiros, encanadores, eletricistas, pintores, ladrilheiros, encarregados e, até mesmo, dos engenheiros de frente.

Quatro meses: foi minha validade dentro daquela organização. O empreendedor sente quando suas ideias estão sendo evaporadas pelo calor do pragmatismo excessivo. Fui mudado de obra com a premissa de que as coisas seriam mais acolhedoras (sim, eles tentaram me manter no trabalho), mas já estava tomada a decisão: queria ver progresso nas pessoas ao meu redor e, claro, em mim.

Havia alguns meses, participara do processo de seleção para a, então, quarta maior construtora de obras de infraestrutura do país e, coincidentemente, fui convocado para ser o primeiro estagiário de uma de suas obras no Rio de Janeiro - um dos corredores expressos de BRT. O período de ambientação não existia naquela estrutura. Foram os 2 anos mais intensos da minha jornada e acelerei minha evolução como nunca antes. Contato diário com os melhores engenheiros, mestres e encarregados da indústria e minha supervisão era feita diretamente por gerentes de alta classe, donos de obras bilionárias.

Durante um tempo acreditei que meu futuro estava guardado como Gerente de Contrato de grandes obras nacionais e internacionais. Foi então que usei a ferramenta mais valiosa que uma pessoa tem para saber o futuro: tentei modelar os grandes Gerentes da construtora e de outras empresas da mesma indústria. O resultado foi... decepção. Mais uma vez, minha conquista se transformava em decepção, pois era impossível que minha vida fosse se resumir a ser refém de obras públicas. E nesse momento, eu decidi deixar aquela empresa para estudar todas as técnicas que a faculdade me permitia aprender, para um dia abrir minha própria empresa.

Ainda tive a oportunidade de trabalhar com fiscalização de outra obra de grande porte e, ainda, fiz parte do setor de projetos para uma empresa multinacional de telecomunicações - não utilizei nenhum site de vagas para entrar nestes cargos. O que todas essas empresas tem em comum me assustava e, após passar pela última experiência, e terminar todas as matérias da minha faculdade, eu decidi dar um basta.

Eu sou João Paulo Moraes, co-fundador da TERAOBRA, e minha intenção é tirar você, estudante ou praticante de engenharia, da inércia que a cultura atual impõe.

Obrigado por investir seu tempo aqui nesta leitura. Espero que você tenha sucesso em tudo que for importante para você. Em breve, publicarei mais sobre ferramentas que te ajudam a ser um Engenheiro muito mais que apenas Civil.

Guilherme Rocha

Desenvolvimento de Negócios | Incorporação | Multifamily | Real Estate

6 a

Texto alucinante! Voa João, tu vai longe!!

Guilherme Thomaz

Empreendedor, Palestrante, Investidor. Apaixonado por conhecimento e pessoas | Construtor de Lideres

6 a

Acompanhei boa parte dessa sua incrível trajetória e posso dizer com muito orgulho! É só o começo!! Me modelo em você, irmao! 💪

Jamille Ponte

Arquiteta e Urbanista na Autônomo

6 a

Muito bacana sua história!! Tenho uma sede enorme de conhecer o mundo real e sair da fantasia da faculdade!!

Raphael Curvello Pizzaia

Software Engineer | C#, .NET Core, ASP.NET Core, WebAssembly, Azure, Fintech, Cryptocurrency

6 a

Grande história de vida João! Concordo com suas impressões sobre a indústria e o curso de engenharia no Brasil. Desejo sucesso com a iniciativa! Estarei acompanhando.

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