Uma mão cheia de nada - parte 1
Assiste-se, de forma muito mais visível graças ao digital, a uma preocupante proliferação de títulos pomposos que são, literalmente, uma mão cheia de nada.
Chief para aqui e para ali. Heads de tudo e mais alguma coisa, que não o são nem nunca o foram e provavelmente nunca o serão. Basta andarmos atentos ao mercado de trabalho.
Preocupa-me bastante a forma como este desvirtuar da nobreza de certos cargos, quer pela sua efetiva responsabilidade e impacto numa organização e quiçá na sociedade, parece estar a dissipar a importânca da necessidade de consistência. De chamar "os bois pelos nomes".
Há uma vaidade permanente e uma construção em cima destes títulos que de forma subtil quase retira a importância das funções reais ou dos que, por isenção de vaidade, modéstia, estratégia ou porque simplesmente não são "umbilicais", não se entitulam. E a base disto nasce da insegurança. Freud explicaria e não é meu intuito dissecar sobre as causas.
E o pior, é que isto passa de uns para os outros como um processo de osmose. E as empresas alimentam isto, em todas as indústrias. Porque afinal de contas, as empresas são pessoas e nas pessoas que está esta anomalia.
A palmadinha nas costas que faz alguém ganhar tempo, alimentando esta distorção do que é bom, do que é sólido e consistente.
Neste tempo de intensa projeção, nada é mais indomável do que a superficialidade.
E isto não constrói nada de bom.