UMA PORTA VERMELHA DE AÇO
Ontem passei na calçada de uma livraria e senti uma tristeza misturada à decepção. Parei e senti vontade de sentar no degrau e encostar na porta vermelha de aço. Senti vontade de chorar e um pouco de raiva, confesso.
Essa livraria fechou! Costumava ir comprar livros e até vendi alguns do meu: KÁTIA VOCÊ NÃO MORREU, primeiro que lancei pela Editora Muiraquitã. Era uma livraria de esquina, tipo aquelas que a gente vê nos romances. Tinha cheiro de livraria, livros novos e antigos se misturavam nas prateleiras de vidro. Uma livraria simples, em uma esquina de passagem de estudantes de todas as classes e universitários. Mas...fechou. Logo adiante, lanchonetes, camelôs vendendo óculos, doces, balas e outro com uma grade lotada de DVDs. Um carro passou tocando fank. Olhei para o céu. As nuvens davam sinais de chuva. Uma pausa: em Pernambuco e Alagoas não chove há mais de um ano. Tornei a olhar para o céu. Bem que essa chuva poderia cair nos canaviais, bem que eu poderia ser cantora e não autora! Livraria fechada, nordeste sem chuva e eu: Melancólica. Preferia uma cólica! Preferia não ter visto a livraria fechada.