Uma “Super Quarta” recheada de expectativas
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Uma “Super Quarta” recheada de expectativas

O que está acontecendo?

Depois de uma semana com os nervos à flor da pele no mercado global, com a quebra do Sillicon Valley Bank e a reviravolta no caso do Credit Suisse, comprado de surpresa pelo rival UBS, chegamos a mais uma “Super Quarta” – desta vez, recheada de expectativas.

O termo se refere ao dia em que tanto os Estados Unidos quanto o Brasil anunciam suas decisões de política monetária, isto é, a taxa oficial de juros dos respectivos países para os próximos 45 dias.

Os anúncios serão feitos em algumas horas – primeiro, o do Federal Reserve, por volta das 16h, e depois o do nosso Banco Central, perto das 18h. Talvez mais importante do que as taxas em si, sejam os comunicados que acompanharão as decisões, na medida que poderão dar novas pistas sobre o futuro da política monetária em ambos os países.


O que isso significa?

Começando pelos EUA, embora a impressão geral seja de que os últimos acontecimentos não levem a um movimento de queda dos juros pelo Fed hoje, eles certamente impactarão as decisões futuras da instituição. Não há quem descarte, inclusive, que o ciclo de aperto monetário no país seja interrompido já nesta quarta.

Em meio ao alerta de uma nova crise bancária e aos mais recentes dados de inflação dentro do esperado em fevereiro, as apostas para hoje variam entre uma alta de 0,25 ponto percentual, sendo esta a majoritária no mercado, e manutenção da taxa na faixa de 4,50% a 4,75% ao ano – há ainda uma minoria que prevê mais um aumento meio ponto percentual.

Independentemente da decisão, ela deve respingar no Brasil. Talvez nem tanto nesta reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), mas na próxima certamente. Para hoje, especificamente, a perspectiva ainda é pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, sendo mais aguardado o tom que o Banco Central adotará daqui pra frente.

A expectativa é que o comunicado sinalize que, diante de um novo balanço de riscos no exterior e com menos espaço para mais juros nos EUA, o nosso juro possa começar a cair já na próxima reunião, principalmente se a nova regra fiscal (que deverá ser apresentada nos próximos dias) agradar.


Por que eu devo me importar?

Por mais amena que seja, qualquer subida nos juros dos EUA causa um impacto global. A economia brasileira, evidentemente, também é atingida. Um dos principais efeitos se dá sobre os ativos domésticos, que se tornam menos atraentes para os investidores estrangeiros.

O câmbio também costuma ser atingido, na medida que o maior volume de investimento nos EUA leva à valorização do dólar em relação a outras moedas, especialmente a dos países emergentes.

No cenário atual, contudo, o Brasil possui algumas vantagens na comparação com outros países emergentes e até desenvolvidos…

Além de ter se antecipado ao movimento global de aumento dos juros e conseguido controlar razoavelmente a inflação, somos um caso clássico de valor, abundante em commodities e com um sistema financeiro sólido, negociando a múltiplos baixos – ou seja, com desconto – frente aos pares internacionais e à sua própria média histórica. 

Soma-se a isso o fato de que a geopolítica global passa por uma redefinição a partir de conflitos mais explosivos, como entre Rússia e Ucrânia, e outros mais silenciosos, como o que ocorre entre Estados Unidos e China. As consequências disso sobre as cadeias de suprimento e sobre o fluxo de capital global são brutais.

Em meio a esse cenário, nosso país emerge como uma opção razoável para o mercado num mundo carente de boas alternativas. Pode atrair capital de outros países, liderar as discussões ligadas a uma economia mais sustentável, além de fornecer comida e energia ao mundo.

Mas para que isso aconteça, o novo governo precisa fazer o dever de casa. E é aí que está o xis da questão…


Um abraço,

Gabriel Casonato , CNPI

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