Unico se junta aos bancos e lança solução para validar compras online com cartão de crédito

Entrevista da edição de 29 de maio a 05 de junho de 2023, do FlashCard Monitor.

A Unico, empresa brasileira especializada em identidade digital, acaba de lançar o Unico IDPay, solução que valida a identidade do comprador, por meio da biometria facial, e confirma a titularidade do dono do cartão de crédito junto ao banco emissor no momento da compra de forma simples, rápida e segura. Segundo a companhia, o Unico IDPay chega para resolver os casos de transações legítimas compras onde o consumidor tem limite de crédito e é o titular do cartão que são negadas pelos e-commerces e canais digitais de vendas de serviços.

A solução foi criada pela Unico em parceria com emissores brasileiros de cartões de crédito, dentre eles C6 Bank, Neon, XP, Digio e outros grandes bancos. A tecnologia ainda teve o apoio da Dock, InfraCommerce e Tuna, além de varejistas como 123 Milhas e Novo Mundo. “Começamos a testar com parceiros de e commerce com transações que estavam indo para a reprovação no pagamento. Acreditávamos que iríamos recuperar 20 das vendas e, no fim, como cresceu o número de emissores conectados à solução, recuperamos 82%”, conta Diego Martins, CEO da Único. Em piloto desde fevereiro, hoje o IDPay conta com 16 e-commerces integrados.

De acordo com o executivo, o comércio eletrônico brasileiro tem uma taxa de reprovação de vendas que oscila entre 15% e 20% dependendo do setor. “Conseguimos ter a dimensão do problema que há no mundo online. Muitas vezes, a transação nem chegou para o banco emissor e já recebe uma reprovação dado que o risco de chargeback fica na mão de quem vende. Mas, nem sempre o e-commerce assume que foi o antifraude dele que barrou a compra. O cliente liga e reclama para o banco e, muitas vezes, a transação nem chegou para ele”, diz Martins, ressaltando que a insatisfação dos clientes recai junto ao emissor do cartão em muitos casos de compras reprovadas. O Unico IDPay trata ainda da questão do uso de cartão de terceiros quando alguém compra com o cartão do cônjuge ou de um amigo, por exemplo. Nesses casos, o titular recebe um link que pode ser por e-mail, WhatsApp, entre outros para validar a compra.

Sobre a usabilidade da solução, o CEO da Unico destaca que os consumidores aceitam uma “fricção inteligente” diante do tema de segurança. “Os consumidores querem uma fricção inteligente e não receber uma ligação para confirmar a titularidade ou ter que responder a perguntas aleatórias”, afirma.

Solução inédita no mundo e criada no Brasil, o IDPay também será exportado para o México, onde 50 das vendas online são reprovadas. “Dos aprovados, boa parte precisa ir a um posto de gasolina pagar fisicamente um jeito seguro de autenticar a pessoa para uma compra online.”

Como funciona o Unico IDPay?

A seguir, confira entrevista concedida à CardMonitor por Gabriel Pirajá, Head de Produto do Unico IDPay sobre a solução.

CM - Qual é o foco do Unico IDPay?

Pirajá - Criamos a solução para resolver um problema crônico no mercado de e-commerce as vendas negadas com cartão de crédito. Dados [Abecs] apontam que cerca de R$ 120 bilhões são negados todos os anos com relação a vendas de cartão de crédito que poderiam ser transacionadas no e-commerce. Olhamos isso a fundo e entendemos que muito do problema está em realmente o e-commerce não conseguir validar a transação da pessoa que está fazendo aquela compra versus o cartão de crédito que está sendo utilizado. Hoje não há um método simples e seguro de fazer isso. E toda a responsabilidade da fraude, em si, recai sobre o e commerce.

CM - Como a solução funciona na prática?

Pirajá - Diante desse cenário, criamos um tripé de validação a partir da identidade digital. Desenvolvemos um produto que faz (1) a prova de vida do consumidor garantimos que a pessoa que está fazendo uma transação no e-commerce está viva que (2) garante, a partir de uma selfie, que aquela pessoa realmente é ela cruzamos se aquele CPF é daquela face e que (3) valida se aquele cartão de crédito é daquela pessoa que está transacionando, se é o titular de fato ali dando a autorização para aquela transação. Para essa terceira etapa, criamos um ecossistema junto aos bancos, onde a gente se conecta com eles e pergunta se aquele CPF que está transacionado é daquele cartão de crédito. Fazendo essas três validações, a gente completa uma resposta para o e-commerce.

CM - Onde o Unico IDPay entra no fluxo de pagamento?

Pirajá - A solução entra após a transação do checkout, naquele momento de antifraude. A gente não transaciona pagamentos dentro do Unico IDPay, a gente não faz a captura do pagamento, adquirência etc. Entramos naquele momento que a venda poderia ser negada por todo esse ecossistema complexo que precisa ser feito com antifraude, análise manual etc. Antes de uma venda ser efetivamente negada, o e-commerce entra com a nossa solução. É uma experiência fluida dentro do e-commerce. Tudo isso acontece em 10 segundos, naquele momento do loading para ir ao pagamento aprovado. Há um redirecionamento para uma tela da Unico fazemos a captura biométrica do titular do cartão de crédito e devolvemos uma resposta para o e-commerce.

CM - Como o Unico IDPay aparece para o consumidor?

Pirajá - Imagina que você está no e-commerce, escolhe o produto, o meio de pagamento, finaliza a compra, faz o pagamento e, no momento que entra na esteira de antifraude, se foi negado, a gente entra com a nossa solução. A interface da solução é white label e é customizada com a logo do e-commerce para o cliente saber que ainda está no mesmo site. Depois, você faz a sua validação ou você é o titular do cartão de crédito ou não, se está usando o cartão de alguém. Aqui estamos falando do uso de cartões de terceiros hoje de 20% a 25% de todas as transações de e-commerce são feitas via cartões de terceiros. Quando a transação é feita com cartão de terceiro, o titular precisa permitir a compra. Ele recebe um link, faz uma foto e voltamos para a tela do e-commerce no caso de aprovada a transação.

Clique aqui para conferir como o Único ID Pay funciona no e-commerce. 

CM - Como foi a concepção do Unico IDPay

Pirajá - Estamos trabalhando na solução há um ano e três meses. Aproveitamos a nossa base de identidades compartilhada (base biométrica) que viemos construindo ao longo de sete anos junto com os nossos clientes. O Unico IDPay se utiliza dessa base, além da tecnologia de liveness (prova de vida) e da rede de conexão que criamos com os bancos.

CM - É possível mensurar resultados do piloto?

Pirajá - Foram seis meses de piloto com cinco e-commerces. Procuramos testar, principalmente, com plataformas que comercializam itens de alto valor, como viagens, joias, onde há, inclusive, uma incidência mais alta de fraude. Os resultados foram muito positivos, por isso estamos avançando para o lançamento oficial do produto. Há casos de alguns e-commerces com mais de 30 de recuperação de vendas. O piloto nos ajudou muito em melhoria de usabilidade, na criação de uma experiência fluida, com menos fricção e que gere um drop nessa etapa de finalização. Os e commerces também nos ajudaram muito para que tivéssemos volumetria a ponto de conseguirmos nos conectar aos bancos. Porque é isso que chama a atenção dos emissores quando se observa a quantidade de transações que realmente estão sendo perdidas e quanto de dinheiro fica na mesa e não é aprovado.

CM - O processo de integração ao Unico IDPay leva quanto tempo?

Pirajá - Temos cenários de clientes que integraram a solução em 15 dias do lado e-commerce. Os bancos levam um pouco mais porque depende um pouco mais deles, por conta das operações mais robustas. Eles precisam organizar como disponibilizar a validação para nós. Nós ajudamos muito nesse fluxo. A Dock é parceira e entra na conexão com os emissores. Como ela é processadora de muitos emissores, nos ajuda a conectar a solução aos emissores.

CM - Há custo para os emissores parceiros?

Pirajá - Não há custo para os emissores e instituições parceiras. O grande benefício para o banco é ele ter mais transações aprovadas pela instituição financeira dele. Se uma transação foi negada por um cartão de crédito, normalmente o consumidor vai usar outro cartão de crédito de outro banco. O que fazemos é uma conexão direta com os bancos para que eles façam essa validação.

CM - E como fica para o e commerce?

Pirajá - Dos e-commerces, a Unico cobra um fee sobre a transação. Mas, na verdade, não se trata de um custo a solução representa dinheiro de volta para o e-commerce. Por exemplo, se o e-commerce perde R$ 100 milhões de GMV (Gross Merchandise Volume ou Volume Bruto de Mercadorias, que se refere ao valor total das vendas digitais de uma empresa em um dado período) porque deixa de aprovar, a gente recupera uma parte disso para ele porque o que seria negado, não será mais .E isso é muito nítido para o e-commerce. Se ele recusa 10% das suas vendas, a solução entra nesses 10% e traz dinheiro de volta. De todas as vendas que são negadas, a grande maioria, eram vendas boas. Óbvio que neste pedaço há fraudador, cartão que não tinha crédito, mas a grande maioria era de vendas boas recusadas porque o e-commerce não conseguiu autenticar.

Lançamento do IDPay (Da esquerda para direita) Sergio Chaia conselheiro da Unico, conduziu o painel. “Um movimento inédito junto às instituições financeiras”, com a participação de Anderson Cassolato, head de Prevenção a fraudes do Neon, José Luiz Santana CISO do C 6 Bank, Luis Marcelo Costa e Silva head de Fraude da Digio, e Luis Zan, superintendente de Prevenção à Fraude da XP.