Usar cinto de segurança em ônibus é (também) pensar nos outros
No dia 26/11, na Via Dutra Km 01 no sentido São Paulo – Rio – que fica na altura da cidade paulista de Queluz – a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT e a concessionária da rodovia promoveram uma campanha educativa sobre o uso do cinto de segurança em ônibus rodoviários. Aproveitando o posto de pesagem veicular, onde os veículos pesados são verificados, motoristas e passageiros dos coletivos receberam orientações e informações “sobre a obrigatoriedade e a importância do uso do cinto de segurança durante toda a viagem”, como explica o material de divulgação. Mas será que ainda existe alguém que, tendo esse equipamento a disposição, escolha viajar sem usá-lo?
Sim, existe, e infelizmente não são poucos. Segundo a mesma ANTT, de acordo com o que é constatado por seus fiscais nas rodovias brasileiras, pelo menos quatro em cada dez passageiros não utilizam o cinto que, em caso de acidente, pode aumentar em até sete vezes as chances de sobrevivência. O uso desse equipamento é obrigatório nas viagens de ônibus desde 1999, quando foi incluído no Código de Trânsito Brasileiro.
Por tristíssima coincidência, no mesmo dia, em um acidente no mesmo interior paulista, pelo menos 41 pessoas perderam a vida em um acidente envolvendo um ônibus e um caminhão. Não tenho informações sobre o uso de cinto nesse caso e eu seria totalmente leviano se deduzisse que alguma morte tenha sido provocada por esse motivo. Só menciono isso para ilustrar a frequência com que acidentes envolvendo esse tipo de veículo ocorrem em nossas estradas.
Fatos, estatísticas e exemplos parecem não ser o suficiente para convencer esses 40% dos passageiros de ônibus interestaduais. Tenho a impressão de que, nos automóveis, o processo de aceitação do cinto foi mais rápido, em parte, provavelmente por conta das multas salgadas que quem era (e é) flagrado sem ele tinha (e tem) de pagar.
Num tempo em que renegar fatos e desmerecer a ciência leva gente aparentemente normal e educada até a se recusar a tomar vacinas – e, pior, tentar convencer aos outros a fazer o mesmo –; em que muitas vezes as fake news (nome bonitinho para mentiras) ganham mais divulgação que as notícias reais, o bom senso parece ter saído de moda.
Por isso, resolvi usar este espaço aqui hoje para ajudar na divulgação da campanha – ela se chama “Vou de Cinto”.
Eu vou de cinto. Isso tanto no meu carro – onde faço questão de que todos o utilizem também – quanto em outros carros, vans e ônibus em que estão disponíveis. E peço a todos que façam o mesmo, por si e pelos demais passageiros. Isso porque, tal como nos carros, em caso de um acidente, aquele que estiver “solto” dentro de um coletivo pode provocar ferimentos graves nos demais, ainda que estes estejam presos às poltronas. Por isso, se não pensa em si, pense um pouco nos outros.
Publicado na #Rebimboca no portal de #OGlobo em 26.11.2020
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Head of Programme at DWIH São Paulo (German Centre for Research and Innovation São Paulo)
4 aMuito importante! Já viajei de ônibus ao lado de passageiros que haviam acabado de sofrer acidente em outro ônibus e sofreram pouco por conta de, ao contrário da maioria dos demais passageiros, estarem usando cinto.
Advogado Sênior | Responsabilidade Civil | Regulatório | Demurrage & Detention | Direito Marítimo e Portuário
4 aMuito correto suas considerações. E o cinto nos ônibus são deixados de lado constantemente. Até mesmo em aviões muita gente negligencia a segurança.