Uso de iluminação artificial suplementar em cultivo protegido

Há pelo menos três aspectos a se considerar quando se pretende utilizar iluminação artificial na produção vegetal: a qualidade da luz, a quantidade de luz e a duração da luz. A qualidade da luz diz respeito à faixa do espectro eletromagnético utilizado pelas plantas para realizar a fotossíntese. A quantidade de luz abrange uma dimensão instantânea, a intensidade luminosa, e uma diária, a integral de luz diária. A duração da luz se refere ao fotoperíodo, ou seja, a quantidade de horas de luz durante um dia. 

A quantidade de luz que uma planta cultivada precisa se refere à quantidade de radiação fotossinteticamente ativa (PAR), cujo valor diário acumulado é a integral de luz diária (DLI). A DLI varia de acordo com a intensidade luminosa, o fotoperíodo e o material de cobertura da estufa. A DLI que um cultivo deve receber vai variar com a espécie (a DLI para a alface não é a mesma do tomate ou do morango), idade das plantas (a DLI de mudas é diferente da necessária por plantas em plena produção). 

A maior parte das estruturas de cultivo protegido no Brasil utiliza filmes de polietileno de baixa densidade (PEBD) como material de cobertura. É um material de custo relativamente baixo, embora de vida útil curta. Embora o Brasil seja um país de clima predominantemente tropical e com altos valores médios de radiação solar, a absorção e a reflexão da luz pelos filmes plásticos usados no cultivo protegido reduzem a intensidade da radiação que chega às plantas. Vários fatores podem contribuir para reduzir a transmissão de luz através do material de cobertura da estufa, tais como ângulo de incidência da luz solar, acúmulo de poeira, a idade do material e a estrutura física da estufa.

 O uso da iluminação suplementar deve ser realizado quando a incidência de luz do sol estiver abaixo do que é requerido pelos cultivos, limitando o crescimento e a produção vegetal. Com a popularização e a redução de preços de luminárias LED, além da possibilidade de se obter espectros luminosos específicos, o uso hortícola de iluminação artificial tem se expandido rapidamente. Há duas formas principais de se utilizar iluminação artificial em cultivo protegido. A primeira é a utilização de iluminação de baixa intensidade para modificar o fotoperíodo com o objetivo de regular o florescimento de cultivos sensíveis ao comprimento do dia, também chamada de iluminação fotoperiódica: essa é a iluminação utilizada em campo aberto nos pivôs iluminados. 

A segunda forma consiste no uso de iluminação artificial de intensidade moderada a alta visando incrementar a produtividade dos cultivos, denominada iluminação suplementar. Neste caso, o que se deseja é suplementar a iluminação para que a DLI almejada seja atingida. Para se realizar esse tipo de suplementação luminosa é necessário conhecer-se a demanda luminosa das culturas e a DLI que chega às culturas. O gráfico abaixo mostra a Integral de Luz Diária (DLI) estimada para ambiente protegido ao longo de dez anos. 

Assim, é importante que fique claro que a decisão de se utilizar a iluminação suplementar deve ser baseada em critérios técnicos, ou seja, em informações sobre a quantidade de luz (radiação fotossinteticamente ativa) chegando à cultura plantada no ambiente protegido. Essa informação é necessária para se tomar decisões referentes à necessidade de uso da iluminação artificial suplementar. Em primeiro lugar, esse gráfico nos permitirá saber em qual época do ano a iluminação suplementar será realmente necessária. Em segundo lugar, essa informação nos mostra quanto de iluminação suplementar é necessária.

A partir desses dados, será possível fazer um projeto de suplementação luminosa. Tentar fazer a suplementação luminosa sem um projeto desses é como tentar adivinhar a necessidade de adubação sem uma análise química do solo: receita garantida para se perder dinheiro.