Vale a pena ver uma banda com 53 anos de estrada?
Nos últimos meses um dos principais tópicos das rodas de conversas entre amantes dos bons sons é se vale a pena assistir ao vivo a atual encarnação do The Who que, pela primeira vez, desembarga no Brasil para três apresentações – São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, neste mês.
Formado em 1964, o The Who foi uma das principais bandas inglesas daquela década e ao lado de Beatles, Rolling Stones e Kinks, ajudou a moldar a música pop como a conhecemos atualmente.
Apesar das cinco décadas de estrada, a banda tem apenas 11 álbuns na bagagem, sendo que alguns são seminais na história do Rock n’ Roll. A tríade Tommy (1969), Who’s Next (1971) e Quadrophenia (1973) são alguns dos melhores discos da história e base para o setlist até hoje.
Algumas das apresentações da banda atingiram status de lendas. Vale lembrar que é a única banda, entre seus pares de início de carreira, a estar presente nos três principais festivais de música dos anos 1960 e 1970: Monterey Pop Festival (1967), Woodstock (1969) e Isle of Wight Festival (1970).
Porém, depois de 53 anos de Rock n’ Roll poucas bandas sobrevivem com suas formações originais ou clássicas. No caso do Who, dois dos membros originais e fundadores estão na banda até hoje: o vocalista, Roger Daltrey, e o guitarrista, Pete Townshend. E é justamente aqui que está a principal ressalva de alguns fãs.
Muitos esperam pela sonoridade moldada pelo quarteto original, entretanto essa deixou de existir com a morte do baterista original Keith Moon, em 1978. Já o baixo trovejante de John Entwisle foi calado em 2002, com a morte do baixista original da banda.
A atual encarnação do Who conta com (a importante presença de) Zack Starkey na bateria e Pino Palladino, no baixo. Starkey é tão importante hoje para a banda que até está na capa do futuro álbum ao vivo ao lado de Daltrey e Townshend.
Além disso, a banda conta ainda com a participação de dois tecladistas e um guitarrista base e consegue reproduzir fielmente clássicos como My Generation, Pinbal Wizard, Baba O’Riley, entre outros.
Outro problema apontado pelos fãs é que, somente no fim de sua carreira e depois de 53 anos de estrada, a banda se arrisca pela América do Sul, igual a outros artistas.
Isso até faz certo sentido, mas temos que lembrar que nos anos 1970 havia uma ditadura militar a economia dos países latinos sempre foi algo não muito confiável. Esses podem até não ser os reais motivos da não vinda do Who, mas essa é o momento para ver a banda ao vivo.
Vale lembrar que Daltrey é um dos maiores vocalistas da história do Rock e Townshend é um dos principais compositores de sua geração, estando lado a lado, com Jagger/Richards, Lennon/McCartney, Bob Dylan e Brian Wilson.
Não há pirotecnia, explosões, balões ou qualquer outra distração. O que importa é a música de uma das maiores bandas de todos os tempos.
E no final é justamente isso que deveria importar: a música!