"Valores" corporativos

"Valores" corporativos

Estranhamente, este artigo havia sido publicado há exatos três anos em minha página do Facebook, não aqui. Quando eu ainda não atuava com aconselhamento de carreiras. Aproveito o ensejo para compartilhá-lo com minha rede LinkedIn.

A vida como ela é [transição de carreira] - episódio #02

Semana passada, foi mais cômico que trágico. Hoje, a série, inspirada em Nélson Rodrigues, traz uma frase do autor, que eu muito aprecio: "Toda unanimidade é burra". E o relato é mais visceral, pode atacar o estômago de alguns [lamento por isso].

Por várias vezes, eu, que estou muito, mas muito longe mesmo de ser ganancioso, ouvi a frase: "Você está em transição de carreira, não pode pedir muito [dinheiro] para se recolocar. Quem está empregado, vale mais. Você é de RH, sabe disso".

Sei. Sei dessa estupidez, que faz a unanimidade muito burra.

Você, que me lê agora, diga-me se, ao seu lado, em seu atual trabalho, não há pessoas encostadas e/ou incompetentes, algumas das quais ainda se vangloriam de estarem "enganando" seu empregador, às vezes munidas de forte apelo de marketing, ou mesmo protegidas por chefes lenientes ou pseudo-lideranças. Mais de uma? Que péssimo! Agora... será que, em seu círculo de conhecidos em processo de recolocação, não há ninguém mais capacitado e interessado que esse peso morto, para substituí-lo? Certamente que sim.

Então, por que se acredita que quem tem trabalho "vale mais" que quem não tem? Resposta: porque os atores sociais envolvidos nessa verdadeira pantomima corporativa criaram um sistema em que essa "regra" se perpetua - cada qual com seu interesse espúrio.

Todavia, basta deixar de ser unanimemente burro e colocar os neurônios e sinapses a funcionar, para que emerja a falácia: segundo essa "regra", "valem" mais aqueles "profissionais" que, para participarem dos processos seletivos, inventam desculpas esfarrapadas para se ausentarem de seus trabalhos. Os que, em transição de carreira, estão 100% disponíveis para as entrevistas e fazem da busca por uma recolocação o seu principal projeto, dedicando-se de corpo e alma a isso, "valem menos".

Sumariamente: o mercado "paga mais" pela "mentira" de gente "escondida" que pela genuinidade de gente "exposta". Realmente, alguns "valores" estão bem distorcidos em nossa sociedade.

Giuliano Di Prete Campari

Diretor Executivo Financeiro – CFO

8 a

Marcos, de fato "Toda a unanimidade é burra", caso contrario os transgressores, os que vão contra a correnteza e nos mostram novas oportunidades e tendências não existiriam. Entretanto nas relações humanas é muito difícil até para as cias orientadas a performance e resultados que o bom senso prevaleça. Muitas vezes para não desafiar a unanimidade de seus VPs, alguns CEOs cedem perante o conflito e nesse momento o destino de muitos profissionais é definido de uma forma bastante abstrata. Nesse momento o profissional recorre ao mercado e através das agências de recolocação, se arma contra a unanimidade. A obrigação desse profissional é acessar os contatos cultivados no mercado, algo que qualquer um que preze sua carreira e planeje seu futuro tem obrigação de fazer, mas acima de tudo, contar com profissionais de recolocação que acreditem na burrice da unanimidade . Grande Abraço Enviado do meu i

Wellington Robert de Almeida

Assessor de Negócios Pleno (Bridgestone do Brasil - pneu carga e recapagem)

8 a

Minoru, mais um excelente post, cada vez melhor nas suas observações!!!

Cesar Patiño

Executivo de Data & Analytics, ajudando empresas e pessoas a cruzar o abismo da Transformação e Inovação Digital

8 a

Minoru, como sempre, ótimo post. Parabéns! Além do lado corporativo, você tocou num ponto importante que é a inversão dos valores na sociedade. Antigamente tínhamos o provérbio "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”, mas hoje em dia, parece que os valores se inverteram de tal forma que o proverbio poderia ficar assim “ À mulher de César basta parecer honesta, não deve ser honesta”, ou seja, a imagem vale mais que a realidade....e isso vale na vida corporativa e na sociedade. Por exemplo empresários totalmente desonestos ou quebrados, mas cheios de pose e admirados como "homens de sucesso".

Danilo Pereira Paula

Gestão de Pessoas, Engenheiro e Solucionador de Problemas!

8 a

Marcos parabéns, gostei da dica e adorei a forma dinâmica e divertida com que conduziu o artigo.

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