Vamos falar de educação?
Ao longo de duas décadas, tenho dedicado minha vida a projetos educacionais, mas ainda me vejo distante de alcançar o objetivo final, acho que ele não existe. Esse sentimento não é exclusivo; muitos de nós envolvidos com os Direitos Humanos compartilham da mesma jornada. A educação, inegavelmente, é um direito fundamental, e garantir esse direito é uma batalha constante. A cada novo projeto, aprendemos, nos animamos com pequenos passos e celebramos os avanços diários.
Reiterar que a educação é a base para um desenvolvimento sustentável e crescimento econômico pode parecer clichê, mas a questão é: como evidenciar a necessidade imperativa de investir nesse ideal e acreditar que vale a pena trabalhar incansavelmente por ele?
No âmbito empresarial e corporativo, o investimento em educação não apenas beneficia as empresas, mas também enriquece o progresso social e global. A perspectiva britânica de John Elkington ecoa profundamente: "Não se trata apenas de adotar uma nova economia, mas também de adotar uma nova forma de fazer negócios." Essa afirmação ressoa no cerne da discussão sobre o investimento em educação empresarial. Encarar a educação como um alicerce não só para o crescimento interno, mas também para uma economia justa e sustentável, é a oportunidade de conduzir mudanças transformadoras. Isso ecoa um apelo por uma reavaliação profunda do propósito das empresas no contexto da sociedade.
Conforme dados de 2021 do GIFE , o investimento social privado tem sido um pilar na promoção da educação e do desenvolvimento sustentável. Empresas têm alocado recursos substanciais em programas educacionais, refletindo o crescente entendimento de que a educação não somente empodera indivíduos, mas também fortalece as bases de toda a sociedade. A sabedoria de Edgar Morin ecoa em nossas mentes: "A educação é a mais alta prioridade nacional porque, em última instância, é a mais alta prioridade mundial."
A realidade educacional perturbadora do Brasil é inegável. Dados do IBGE apontam o abandono escolar como uma questão crítica, com impactos de grande magnitude na sociedade e na economia. Aproximadamente 18% dos jovens entre 14 e 29 anos, cerca de 52 milhões de pessoas, não concluíram o ensino médio. Esse cenário decorre tanto do abandono precoce quanto da falta de frequência desde o início.
Edgar Morin , um notável pensador da complexidade, propõe uma educação que transcende a fragmentação do conhecimento, promovendo uma compreensão holística da realidade. Em suas palavras, "A educação hoje deve cultivar a compreensão da condição humana como um todo, uma condição sempre singular, mas também sempre solidária em relação a todos os outros humanos." A abordagem de Morin instiga as empresas a moldar profissionais capazes de enfrentar os desafios complexos do mundo contemporâneo, equipados com habilidades de pensamento crítico, resolução de problemas e empatia.
Por outro lado, Novoa realça a relevância da educação para a cidadania, postulando que a educação deve formar indivíduos conscientes de seus direitos e deveres na sociedade. A perspectiva de Novoa instiga as empresas a integrar essa visão em seus programas educacionais, capacitando colaboradores não apenas com competências profissionais, mas também com valores éticos e responsabilidades. Isso contribui não somente para uma cultura organizacional inclusiva, mas também para o bem-estar da comunidade como um todo.
As diretrizes da ONU, notavelmente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), enfatizam a necessidade de uma educação inclusiva e equitativa. O ODS 4, especialmente, busca assegurar uma educação de qualidade, promovendo a aprendizagem contínua e a capacitação. Empresas e governos têm um papel crucial na concretização desses objetivos. O investimento em educação alinha organizações com metas globais e simultaneamente fomenta um ambiente propício para o desenvolvimento econômico.
Nessa linha de raciocínio, vale ressaltar a conexão entre educação e economia. Segundo estudos de Eric Hanushek , da Universidade de Stanford (2022), garantir que todos os estudantes atinjam um nível básico de proficiência no PISA renderia à América Latina ganhos de US$ 76 trilhões ao longo do século XXI.
Resumidamente, o investimento em educação transcende ganhos imediatos. Empresas, governos e organizações sociais carregam a responsabilidade e a oportunidade ímpares de liderar na promoção de educação de qualidade, desenvolvimento sustentável e construção de um futuro mais igualitário e próspero. Como lembra Morin, "Educar é, no fundo, integrar para humanizar."
Recomendados pelo LinkedIn
*Kátia Rocha é escritora, editora, gestora de projetos sociais e culturais, fundadora da Rede Educare, presidente do Instituto Cuidare, formada em História e Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero .
Bibliografia
MORIN, Edgar. "Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro". São Paulo: Cortez, 2011.
SCHULTZ, Theodore. "Investment in Human Capital: The Role of Education and of Research". Chicago: University of Chicago Press, 1981.
ELKINGTON, John. "The Zeronauts: Breaking the Sustainability Barrier". New York: Routledge, 2012.
HANUSHEK, Eric. "Education and Economic Growth". Stanford University, 2022.
Sócio na Lmayer Assessoria e Consultoria Contábil
8 m👏👏👏
Founder na Elo3 Integração Empresarial
1 aKátia, educação é prioridade da prioridade, todos devemos nos unir para melhorar esta questão no Brasil. O Nosso projeto piloto, Jornada Sabiá de leitura, que apresentei a você, impactou com 4 obras de literatura mais de 9.200 crianças. Estamos empolgadas com este resultado e nos unimos a você neste propósito. Bjs.
Public Relations | Corporate Communications | Marketing | Events
1 aKatia, para mim, a sua trajetória, a Rede Educare e o Instituto Cuidare são ligados pelo mesmo elo: impactar pessoas e mudar realidades. É sobre legado. ✨️
Coordenadora de Comunicação & Relações Públicas
1 aMuito sucesso na nova etapa Katia Rocha (Ela, Ella, She)
Gerente de Comunicação Interna & Marca Global na Votorantim Cimentos
1 aO acesso à educação de qualidade pode mudar vidas. E eu sou testemunha disso. Seguimos juntas, Ká! Vida longa à Educare e ao Instituto Cuidare.