A verdadeira "Corrida Maluca"...

O jornal da Band apresentou hoje (04/01/18) uma reportagem hoje sobre a dificuldade dos motoristas em saber qual o preço dos combustíveis (especialmente gasolina) dado a política de preços adotada pela Petrobras que acompanha o preço de mercado.

Como contador não consigo entender como uma empresa que opera em mercado de commodities, com contratos de longa duração em grande volumes, consegue definir preços semanais (ou até diários) para seus produtos.

Os contratos internacionais de petróleo normalmente envolvem grandes volumes e prazos, que somados ao tempo de transporte, desembaraço e processamento nas refinarias levam vários meses entre a compra e efetivo processamento para somente depois disponibilização de seus derivados para as distribuidoras e postos de combustíveis.

Por outro lado os custos de produção são apurados mensalmente, dado ao impacto de custos indiretos, e especialmente rateio de custos corporativos (no caso da Petrobras).

Os métodos de controle de estoque comumente utilizados são o PEPS/FIFO (primeiro que entra, primeiro que sai), UEPS/LIFO (ultimo que entra, primeiro que sai – não aceito para efeitos de IR) e custo médio mensal (utilizado por praticamente todas as empresas).

Ainda que a Petrobras optasse pelo custo médio diário ou por movimentação, não poderia faze-lo utilizando o Sistema SAP, visto que este tem limitações operando com custo standard (fixo ao longo do mês) e médio mensal.

Dado a este cenário, entendo que a Petrobras, ao adotar esta “política de preços” está equivocada ou oportunista, visto que, contabilmente, não existe uma explicação racional para o fato.

Os cenário mais racional seria a projeção de um preço, baseado na estimativa de custos de produção e nos valores dos contratos negociados com entregas ao longo do mês, com a possibilidade de ajustes corrigindo eventuais desvios do mês anterior.

Obviamente a taxa de cambio tem grande influência neste contexto, mas considerando que os estoques médios atendem um considerável tempo de consumo, estas se constituem efetivamente em despesas ou receitas financeiras, não fazendo parte do custo direto do produto.

O que a Petrobras efetivamente pratica é um custo de reposição de mercado, que considera que toda matéria prima é adquirida de terceiros, não levando em conta a produção própria, a qual representa a maior fatia de seu consumo.

Jair Bondicz

CRC 23.597/04 - SC

Marcelo C.

Senior Project Manager at CNT Management Consulting

6 a

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