Vergonha mesmo da cara de pau desse general
“Tenho vergonha do meu salário de general do Exército: R$ 19.000,00 líquidos”.
(Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República).
Como pode haver entre os brasileiros alguém com a coragem desse general, o qual, supostamente – diante de tal desvario ético-moral -, tivesse tido uma formação familiar rígida ou da caserna, tida como de exemplos dignos da mais alta notoriedade afirmar tal despautério? Fosse ele político, vá lá!
Principalmente do Centrão, na risível disputa entre os dois presidentes (Rodrigo Maia, da Câmara dos Deputados e Jair Bolsonaro, da República) para assumir quem é o verdadeiro pai da criança, objeto de um estupro verdadeiro na mãe Previdência, nessa artificialidade toda, cantada em coro, em prosa e verso pelos economistas, especialistas, interessadistas – olhe aí um neologismo apreciável -, plenipotenciários mentores e demais oligarcas da economia nacional na aprovação da sua discutível reforma do dia 10 de julho passado. “Reforma justa e igual para todos!”. Pode? Só rindo mesmo.
Mas, de um general? Não! Mesmo que ele tivesse exercido um cargo de confiança no COB (Comitê Olímpico Brasileiro), sob a batuta do então presidente Carlos Arthur Nuzman, considerado o ‘pai da Olimpíada e repleto de escândalos, os quais culminaram com ações da Operação Lava a Jato contra o seu ex-presidente, levando-o, inclusive à prisão.
Sabem quanto recebia o ilustre general que agora manifesta vergonha pelo salário que recebe como general de Reserva do Exército Nacional? Pasmem: R$ 50.000,00 por mês.
Claro que cumulativamente com o salário líquido e vergonhoso – no linguajar dele - de R$ 19.000,00 por mês do generalato de reserva. Afinal, quem resiste à tentação de engordar cada vez mais os próprios bolsos? E ouvir o tilintar melodioso das moedas nos cofres residenciais e, quiçá, noutras plagas?
Mas, afinal, que faz um general das Forças Armadas para justificar um salário tão vergonhoso assim? Nada! Absolutamente nada!
Como um servidor público que, no linguajar agora de Rodrigo Maia – aquele presidente da Câmara dos Deputados! Federais, claro! O dos estaduais pertence a outro nível... -, ingressa por meio de concurso público como oficial de qualquer coisa ou técnico, também, de qualquer coisa, mas que, passado o estágio probatório – não poderá mais ser demitido - começa a encabeçar movimentos reivindicatórios visando à indicação para ocupar chefias, diretorias, assessorias ou a reajustes sucessivos e onerosos que agravam sobremaneira a situação dos cofres nacionais.
Como Maia afirmara, “são os que mais ganham e os que nada produzem”.
Constate-se a tal situação pela pindaíba em que a economia nacional se encontra: um milhão de servidores públicos federais aposentado pelo regime próprio de previdência social ganha por mês mais que 20 milhões de aposentados da Previdência Social. “Pode isso, Arnaldo?”, pergunta Galvão Bueno. Responde Arnaldo: “Não, Galvão! Mas é preciso consultar o VAR”.
Tais excelências levam para a sua aposentadoria a integralidade dos salários e a garantia de reajustes iguais aos que tiverem os servidores da ativa. Ou seja, ganham como se efetivamente trabalhassem. Trabalham? Mas, que é isso?
Enquanto isso, naquele Brasil de verdade, 13 milhões de desempregados penam para sobreviver e dar garantia de sobrevivência à sua família.
O Brasil tem jeito? De que jeito? Parece mesmo não ter jeito. Pena...
Alonso de Oliveira, jornalista. Foi secretário de Administração, diretor de Suprimentos e coordenador de RH da prefeitura de Americana. RG 5.209.484. E. mail: alonsoliveira@hotmail.com.