Viés de Confirmação e Mar de Dados
Através de modernos autores, sobre a forma de pensar do ser humano, está se chegando à conclusão de que temos duas formas bem distintas de pensar: uma rápida que está associada às emoções e uma mais lenta que está associada à consciência e ao raciocínio lógico. Em função disso temos algumas discrepâncias entre ambas. Pois mesmo que tenha sido o resultado de milhares de anos de evolução voltada à sobrevivência. E sobrevivência – nestes milênios passados – diz respeito a agir. Temos assim, rapidez para agir: correr ou lutar. E lentidão para pensar o pensar: refletir. Mas o mundo tecnológico causou profundas mudanças.
Percebe-se desta forma, que nosso aprendizado consciente está perfeitamente adaptado para aprender de acordo com a variação de nossas emoções, onde na grande maioria das vezes está conectada com o que acontece fora. Então aprendemos mais rápido e facilmente com o que vem de fora. Mas aprendemos de forma mais lenta e avessamente à mudança, quando vem de dentro através do pensar e refletir. Usamos nossa fragmentação para contar histórias coerentes, a partir de nossas crenças internas e, para interpretar a mente rápida, usamos a mente lenta. Só pode trazer problemas :-). Pois aprendemos a evoluir “mantendo” a aprendizagem.
Quando analisamos dados usamos nossa mente lenta, a mente lógica. E ela compõe o mosaico fragmentado, mente rápida/mente lenta. O viés de confirmação é inevitável. Lembrando que isso era forma de sobrevivência para agir rápido. Lemos os dados de forma fragmentada e remontamos para entender uma história que está sendo interpretada por nós. Não necessariamente a história que está sendo contada de forma bruta pelos dados.
E por falar em forma bruta dos dados, vamos ver a seguir como podemos associar metaforicamente os dados a um estado bruto e, por outro lado, a um estado de refino.
As Histórias dos dados refinados
É comum hoje em dia dizer-se que “Dados são o novo Petróleo”, mas muitos se sentem inseguros sobre como refinar esse “petróleo bruto”. Ou seja, sobre como extrair resultados dos dados. Não é difícil entender o porquê deste medo. Pois, se os dados parecem ter tanto valor como o petróleo, e jorram em grandes quantidades também, o seu “refino” não segue a mesma analogia da comparação. O petróleo é sempre muito semelhante, em qualquer lugar, em comparação com os dados. Por outro lado, os dados não são nada semelhantes entre si. Aliás, são muito, e põe muito nisso, diferentes entre si.
Mas, assim como o petróleo gera diferentes produtos, o refino dos dados contam histórias diferentes. E, o mais importante, geram insights e aprendizagens diferentes.
As histórias que os dados refinados contam geram valor ao negócio quando confirmam os acertos de ações específicas para uma determinada necessidade. Mas, talvez, o maior valor dos dados esteja em desafiar as crenças e o Viés de Confirmação arraigada à cultura. Ao modo de ser fazer aqui. Neste aspecto, o refino dos dados geraria menos medo se procedêssemos tal e qual se faz com o petróleo: cada indústria retira o seu produto e deixa para alguma outra o subproduto seguinte. Na nossa analogia, bastaria gerar as aprendizagens e insights para uma Questão de Negócio por vez.
E, para completar a analogia com o petróleo, a tarefa de refino precisa ganhar escala. Depender de pessoas para cada passo do processo inviabiliza pelo custo e tempo envolvidos. Se os dados são gerados por tecnologia de forma exponencial, então o tratamento dos dados também precisa ser automatizado e exponencial. Passo a passo, problema a problema. Tratar os dados como um Mar de Dados total pode ser tão ou mais difícil que a própria geração e armazenamento exponencial dos dados.