A vida é uma homenagem à própria vida
O respeito pela vida mede-se pelo respeito que sentimos por nós mesmos. Tem vezes em que dizemos não escutá-la quando na verdade não queremos antes entendê-la. A vida mostra-nos o caminho a adoptar e apenas nós podemos decidir se vamos ou não segui-lo. Quem não a escuta, perde, e as perdas existem para que entendamos que estamos onde já há muito não devíamos estar. Por vezes, apesar de todo o sofrimento, insistimos e esquecemos que a insistência não é muitas vezes mais que teimosia. A verdade é que a teimosia está mais próxima da burrice do que da constância. A constância é natural a quem sabe que deve permanecer firme para poder um dia mudar. Se existem perdas, devem existir mudanças. Se não ousarmos sair do sofrimento, as perdas vão suceder-se até que compreendamos que não temos mais nada para perder. Aí, vamos achar que fomos abandonados pela vida e que não nos resta mais nada senão desistir de tudo e deixarmo-nos morrer. Só alguns decidem ir para lá da perda e escutar o ilógico, o impensável, o impossível, o grito mais corajoso do coração, e aventurar-se no sonho mais improvável. Só alguns entendem que se querem deixar de continuar a viver na restrição é porque chegou o momento de irem para além do habitual e atreverem-se a mudar tudo aquilo que parece já não ter solução. Só alguns avançam de maneira a finalmente receberem a inspiração que os levará até ao seu próprio caminho. Só alguns percebem que a vida é uma homenagem à própria vida.
José Micard Teixeira