Vida longa ao jornalismo on demand!
Para quem ingressou no mercado de trabalho há mais de quinze anos, esse tempo de caos, que o filósofo (Bauman) chama de modernidade líquida e os “pós modernos” de disruptivo, enseja uma enorme insegurança. Insegurança trabalhista do ponto legal e de oportunidades.
A extinção de vagas pelo enxugamento das redações e o fim de algumas carreiras como a de revisores (nos jornais) e operadores de áudio (nas equipes de reportagem de TV), por exemplo, além do fechamento de (muitos) veículos de comunicação de massa, obriga o jornalista a se reinventar. A incerteza do contrato de trabalho formal não deixa espaço para a acomodação.
E, assim, a gente vê e ouvem veteranos chegando às rádios e TVs. Eles se reiventaram como jornalistas-analistas – âncoras de TV e rádio – e, agora, depois de acompanhar o sucesso de alguns pioneiros com seus sites especializados, começam a prestar maior atenção ao mercado digital de fato. O jornalismo online cresceu e melhorou, mas não como anexo do impresso. Cresceu porque mais pessoas se dispuseram a entrar nesse mercado da informação customizada e o público os descobriu. Não maciçamente. Mas por nicho.
É o jornalismo on demand que supre as necessidades de informação do público. Uma pesquisa da Health Report, de 2018, aponta que nove em cada dez mulheres de classe C, com idade entre 25 e 59 anos, buscam informações sobre saúde na internet antes ou após a consulta médica. Um levantamento de opinião nacional do Paraná Pesquisas indica que 42,5% dos eleitores brasileiros usaram a internet e as mídias sociais como principal meio para se informar sobre as eleições de 2018.
Os dados reforçam a tendência de aumento na quantidade e na qualidade dos sites de notícias capitaneados por jornalistas. Nos Estados Unidos, onde as iniciativas independentes já são mapeadas, a plataforma de financiamento NewsMatch divulgou que no ano passado mais de 240 mil pessoas doaram para 154 redações sem fins lucrativos - 50 mil delas pela primeira vez. O valor levantado chegou a US$ 7,6 milhões (cerca de 28,3 milhões de reais).
O Brasil tem cerca de 30 veículos independentes fazendo jornalismo de opinião e investigação. Em torno deles estão se agrupando os sites e blogs de jornalistas que migram da mídia tradicional para a digital criando grandes plataformas colaborativas. E há espaço para crescer. O Brasil está em quarto lugar do ranking mundial de número de usuários por país, com cerca de 120 milhões de pessoas conectadas, segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).