A Vida, o Trabalho, a Economia e os Coveiros.

Este NÃO é um artigo político.

Ontem li atônito a transcrição da fala de um presidente de um grande país (que um dia já foi uma grande nação). Ele disse o seguinte:

Depois de ler e reler esta fala, uma imagem formou-se na minha mente cartesiana:

Mas algo não fez sentido: como a economia e o emprego poderão estar "além" da vida? Para existir emprego, os empregadores e empregados não devem estar vivos? Não seria a vida o bem maior, pelo qual deveríamos lutar?

Mesmo os coveiros, cujo insumo principal é a morte, precisam da vida. Sem vida, não há nem coveiros!

Temo que a visão reducionista da economia, colocando irresponsavelmente os empregos num patamar superior à vida, poderá nos levar mais rápido à morte.

Este meu temor me fez recorrer ao sábio e indispensável físico Fritjof Capra, onde encontrei a seguinte visão: "...em 2020, essas insurgências exibiram as várias imperfeições das sociedades humanas: racismo, ignorância, teorias da conspiração, xenofobia, atribuição de culpa 'ao outro', vieses cognitivos como o determinismo tecnológico, a cegueira induzida por teorias e a generalizada e fatal confusão entre dinheiro e riqueza real."

Dinheiro versus riqueza real. Talvez eu tenha encontrado a resposta para o dilema que tanto me incomodou ao ler a fala que inicia este artigo: a vida é a nossa riqueza real. É o que devemos verdadeiramente lutar.

Ufa! Por pouco achei que estivesse no caminho errado, aconselhando as pessoas a ficarem em casa.

Vou, portanto, continuar a minha caminhada, através da trilha da Engenharia de Segurança do Trabalho, pregando a saúde, a incolumidade e, por consequência, a preservação da vida. Esta sim, é a "riqueza real" descrita por Capra.

Por fim, preciso redesenhar o diagrama inicial, pois minha mente cartesiana assim me exige:

Talvez este tenha sido um artigo político.

Para entender um pouquinho mais sobre visão holística, recomendo: CAPRA, F; LUISI, P. L. A Visão Sistêmica da Vida. São Paulo: Cultrix. 2014.