“VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES”
Marcia Agosti in Dicionário de Saúde e Segurança do Trabalhador
A estratégia de controle dos efeitos de riscos ambientais sobre a saúde dos empregados, tem-se mostrado insuficiente para enfrentar os efeitos dos riscos de adoecimento nas empresas. A Organização Mundial da Saúde, organizou as atividades de Vigilância a Saúde integrando três elementos: 1) a ‘vigilância’ de efeitos sobre a saúde, como identificação de riscos, agravos e doenças; 2) a ‘vigilância’ de perigos, como agentes químicos, físicos e biológicos do ambiente que possam ocasionar doenças e agravos; 3) a ‘vigilância’ de exposições, com o monitoramento da exposição a um agente ambiental ou seus efeitos ainda não aparentes.
As Organizações vem demonstrando grande preocupação em construir modelos para avaliar o impacto dos determinantes de saúde e adoecimento decorrentes do modelo de negócios e seus efeitos sobre a saúde e bem-estar de seus empregados. Este sistema de Vigilância em Saúde assumiu então, relevância na lista de preocupações e na estratégia de negócios das empresas, uma vez que, a relação estado de saúde e propensão à perda de produtividade e comprometimento do desempenho, demonstra seu impacto no bem-estar de todos e, por consequência, para a sustentabilidade dos negócios,
A área de saúde, contribuinte direto e indireto da produtividade (capacidade para trabalhar) e desempenho (qualidade do trabalho realizado) da força de trabalho, tem papel chave no desenvolvimento de uma proposta de valor para implantação de um Sistema de Vigilância à Saúde que inclua o monitoramento das condições de risco geradoras de problemas de saúde, mas também, dos determinantes de saúde e do bem-estar.
O Sucesso do Sistema, deve estar apoiado fundamentalmente, na estratégia colaborativa entre os diversos setores da empresa, coautores dos determinantes de saúde, que integram diversos saberes, técnicas e conhecimento permitindo governança efetiva do cenário e riscos que deve ser articulada pela área de saúde. A liderança do Serviços de Saúde garantindo a governança do sistema a consolida como área funcional estratégica para os negócios.
Algumas diretrizes devem ser observadas para garantir a construção efetiva do Sistema de Vigilância a Saúde: I-Análise multidimensional da interação dos ambientes geo-demográfico, físico, organizacional, psicossocial e econômico onde estão inseridos o grupo objeto do programa, medindo seus efeitos sobre o bem estar a capacidade percebida para o trabalho no grupo considerado; II– Criação de meios que permitam antever os riscos relacionados às mudanças nos planos de negócios ou na característica da população, com objetivo de minimizar a exposição a riscos não conhecidos e seus efeitos como determinantes de doenças; III-Estratificação da população segundo riscos ou exposição e classificação de seus efeitos na saúde e na percepção de bem estar e da capacidade funcional e laboral das pessoas envolvidas; IV- Análise minuciosa do cenário estabelecido anteriormente para priorização das preocupações observada para proposição de intervenções s; V-Planejamento e programação integradas de ações de alcance individual e coletivo, com objetivo de minimizar os efeitos dos riscos presentes e promover a segurança e o bem estar das pessoas, focando na promoção e manutenção da auto percepção de bem estar e de capacidade para o trabalho; VI– Definição conjunta dos programas prioritários de saúde e segurança, linhas de cuidado, projetos terapêuticos e protocolos, bem como a busca por apoio das diversas áreas com base nos indicadores de vigilância a saúde; VII -Pactuar e monitorar indicadores dos efeitos das intervenções considerando a adesão e efetividade das intervenções; VIII – Compartilhamento da responsabilidade pelas decisões sobre as ações integradas de vigilância, prevenção, proteção, promoção da saúde e segurança e atenção à saúde entre as áreas interessadas na segurança e bem estar de pessoas dentro das Organização; VIII -Educação permanente para vigilância e gestão dos riscos, intervenções e resultados IX – Projeto educativo que reflita níveis de bem-estar, saúde e segurança percebidas como adequados por atores e reconhecido como efetivas pelos autores na minimização do risco à saúde e na garantia de produtividade e desempenho dos empregados para a empresa.
A observância dessas diretrizes é o fundamento para um modelo de gerenciamento efetivo dos determinantes de doença, a redução da incapacidade precoce, a ampliação da auto percepção de bem estar e da capacidade para o trabalho, a otimização do processo de atenção e recuperação da saúde, a oferta de serviços de saúde efetivos para condições clínicas de importância crítica, o suporte para enfrentamento dos riscos psicossociais intervenientes, a antecipação da reinserção no ambiente de além de minimizar o impacto financeiro e social decorrente de tais exposições.
O modelo operacional da Vigilância a Saúde deve ser contextualizado, particularizado, flexibilizado permitindo a consideração das diversas dimensões: políticas da empresa, produção, projetos, plano de negócios, novas tecnologias, novos riscos e seus efeitos, condições socioeconômicas e rede social de apoio da população de trabalhadores e análise permanente dos determinantes de adoecimento, saúde e bem-estar. É a transição do olhar exclusivo sobre o monitoramento dos indicadores de impacto do adoecimento (ausências, acidentes decorrentes de atos inseguros ou dos fatores de risco pessoal, diminuição da capacidade para o trabalho) para incluir o monitoramento, também, de indicadores de determinantes de bem-estar.
Os indicadores operacionais, de efetividade e de resultado das ações programadas para enfrentamento dos principais motivos de preocupação, expressam o objetivo de cada uma delas, e os indicadores de efetividade do Sistema de Vigilância à Saúde precisam ser alinhados com os resultados do objeto da empresa, de maneira a demonstrar a contribuição da área de saúde para a estratégia de sustentabilidade dos negócios.
A implantação do Sistema de Vigilância a Saúde traz como efeito mais evidente, a construção de uma cultura de bem-estar deslocando radicalmente o olhar da doença, para os determinantes do modo de vida das pessoas com responsabilização compartilhada entre autores e sujeitos das intervenções.
Enfermeira | Epidemiológa | Doutoranda em Saúde Pública
6 aParabéns Márcia, excelente artigo. Os gestores precisam ampliar o escopo de atuação, enxergando para além da doença. Pensar nos determinantes sociais da saúde é essencial para garantir melhores resultados.
Contador-CRC/RJ; Advogado-OAB/RJ; Pós-Graduado em Gestão Empresarial; Professor na ESA - Escola Superior de Advocacia RJ; Teólogo; Consultor/avaliador e corretor imobiliário - CRECI/RJ
6 aPrezada Marcia, matéria imprescindível para a eficiência, qualidade da empresa (gestão) e da mesma forma sobre a posição do empregado/colaborador, pois são reflexos de que ambos estão alcançados pelo SESMIT (PCMSO, PPRA) e aplicação das NR's, 07, 09, com como adequações empresariais, trabalhistas e previdenciárias.
Gerente de Vendas - Canadá
6 aParabéns Dra. Marcia, ótimo artigo.
Gerente de Estratégias de Saúde Ocupacional | D'Or Consultoria Rede D'Or São Luiz
6 aMárcia , muito bom! Conseguiu sintetizar todo um processo de análise e de gestão no que tange a Vigilância em Saúde no ambiente corporativo.