Vinte e Oito

Tenho 28 anos e estou em busca da felicidade, mas não sei onde ela está, existem vários pequenos momentos de alegria, eu não sei porque mas deve ser parte da vida, quanto mais anos você vive, mais difícil é entender o que te faz feliz. Ter 28 é não saber se é velho ou jovem, em alguns momentos você se sente com 18 e em outros com 78.

       Quando criança o que te fazia feliz era tomar um sorvete, correr descalço na rua, fugir do banho, rir de qualquer coisa sem constrangimento, não saber o que era o medo. Mas não o medo simples, e sim esse medo complexo de tantas coisas que não é possível contar.

         Quando adolescente sua felicidade vinha de um passeio no parque com os amigos, de comer um hambúrguer numa lanchonete do bairro depois de sair da aula, de acordar todas as manhãs com o cheiro de café que seu pai fazia, e sua mãe cantando enquanto a casa estava cheirosa e mesmo com a falta de dinheiro, as vezes até com alguma necessidade não suprida em sua casa, você tinha aquela sensação de paz.

         Quando você se torna um jovem adulto as coisas começam a mudar de figura, e a cada momento chega uma nova complicação, aos 28 anos você já passou por diversos traumas, perdas, tristezas, e mesmo encontrando alegria em pequenos momentos, no geral a vida é mais difícil do que você esperava.

            Você não mora mais com a sua mãe e seu pai já se foi deixando um vazio inexplicável, onde o tempo diminui, mas não apaga jamais a dor de não o ter mais, você tem contas para pagar, quem sabe um marido, um filho talvez. Você sente dor no estômago, nas costas, na cabeça e do dedinho do pé, mas a maior parte delas vem apenas de suas preocupações.

             Neste momento da vida a nostalgia inunda seus pensamentos todos os dias, saudades de ser criança, de ser adolescente, saudade de quem já se foi, saudade dos cheiros, dos sabores, das brincadeiras, dos tazos, geloucos e da garrafinha tóxica que era brinde da coca cola, saudades do cheiro horrível do carro do seu pai esquentando na garagem pra ele trabalhar de manhã, saudades...

            Mas então quer dizer que ser adulto traz nada mais do que uma infelicidade enorme? Uma nostalgia, a felicidade vinda somente do que já foi?

            Não, com certeza não. Aos 28 anos você tem liberdade de ir e vir, de não ter que dar satisfações, de ter seu próprio dinheiro, de conseguir sua própria estabilidade, tudo debaixo de muito esforço, mas sim você pode.

             Eu com 28 anos já viajei pra fora do país, conheci a neve, comi comidas diferentes, conheci diversas pessoas, acabo de concluir minha pós-graduação depois de duas graduações já concluídas, ah e vou começar a trabalhar concursada. São pequenas conquistas que me trazem alegria e me fazem ver o quanto já passou mas o quanto ainda tem por vir, mesmo ainda não tendo encontrado a felicidade plena, ainda corro atrás dela, a vejo a cada objetivo que conquisto e vou conquistar.

           Eu quero morar fora do país, aprender a falar outros idiomas, viajar pelo mundo todo e me livrar desse inferno que é a ansiedade na minha vida. Quero poder levar minha mãe pra conhecer o mundo comigo e poder ajuda-la de todas as formas, seja financeiramente ou sentimentalmente.

        Eu vejo o quanto a vida tem a me oferecer, encontro a felicidade quando olho para os meus dois gatinhos e recebo amor deles, vejo a felicidade na conquista daqueles com quem me importo e amo.

        Cada vez que não fujo, cada vez que dou um passo à frente a felicidade aparece pra mim, as vezes tímida, as vezes escancarada, mas ela sempre me acompanha.

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