A VISÃO PSICANALÍTICA DA SINDROME DE BURNOUT

A VISÃO PSICANALÍTICA DA SINDROME DE BURNOUT

Já ouviu falar na Síndrome de Burnout? Pois é... se ainda não a conhece, precisa! Até porque, segundo pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR), no ano de 2018, essa síndrome atinge, em diferentes graus e com manifestações diversas, cerca de 32% dos trabalhadores no país - algo em torno de 33 milhões de trabalhadores no Brasil são afetados por essa síndrome (e agora, como consequência da pandemia, enfraquecimento da economia e desemprego, ninguém sabe a quanto esse percentual de 2018 se elevou... A forma como se manifesta e o grau de interferência no dia a dia dos trabalhadores é variável, porém por ser progressiva sua evolução, tende a interferir, reduzindo, a eficácia do desempenho do trabalhador em suas atividades - inclusive repercutindo e causando danos na vida de relações desses trabalhadores (interferindo ou dificultando a manutenção de relações sociais num nível de normalidade).

Por ter, como fator deflagrador, condições que são personalíssimas a cada trabalhador - ou seja, sua instalação, evolução e resposta são dependentes da estrutura da psique de cada indivíduo -, nem sempre sua detecção, inicialmente, é percebida ou sentida; porém se estivermos atentos a suas manifestações (trabalhadores, colegas e líderes), será possível tratar não somente o indivíduo acometido dessa síndrome, como principalmente, interferir preventivamente nos ambientes de trabalho, evitando que outros venham a adoecer - a OMS, já reconheceu o Burnout como sendo uma síndrome ocupacional crônica, incluindo-a na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) que irá entrar em vigor em Janeiro/2022.

Somente como alerta esclarecedor, abaixo indicamos algumas manifestações que são características em trabalhadores com síndrome de Burnout, as quais se veem exteriorizadas, enquanto mecanismos inconscientes de defesa da psique, através de crescentes estados de estresse, mudanças comportamentais, desenvolvimento de posturas defensivas e, mesmo, sintomas físicos. Senão vejamos:

·    Sintomas psíquicos - falta de atenção, esquecimentos e dificuldades de concentração; lentificação de raciocínio; sentimento de solidão e sensação de impotência em relação a tudo; impaciência e grande labilidade emocional; baixa autoestima e, num crescendo, dificuldade de autoaceitação; sensação de perda ou diminuição da força física; desânimo; crescente sentimento de desconfiança;

·    Sintomas comportamentais – tendência a se tornar negligente ou desenvolver posturas de excessivo escrúpulo; irritabilidade crescente, sem causa necessariamente específica – inclusive com episódios de agressividade; incapacidade para relaxar; grande dificuldade na aceitação de mudanças em suas rotinas; perda crescente de iniciativa; tendência ao aumento do consumo de álcool e, num crescendo, uso drogas;

·    Sintomas defensivos – busca pelo isolamento ou desenvolvimento de sentimentos de onipotência; diminuição contínuo do interesse pelo trabalho ou, mesmo, por atividades de lazer; tendência ao absenteísmo; desejo de abandono do trabalho; crescente posturas de ironia e cinismo;

·    Sintomas físicos – sensação constante de cansaço; dores musculares ou osteomusculares sem causa desencadeante que as justifique; distúrbios do sono; problemas no sistema respiratório; quadros recorrentes de enxaqueca ou cefaleia; perturbações gastrointestinais – dores no estômago, diarreias etc.; baixa imunidade - resfriados constantes, quadros alérgicos etc.; problemas cardiovasculares; perda da libido e alterações menstruais, em mulheres.

O importante, que precisa aqui ser ressaltado, é que a síndrome de Burnout é tratável... A ajuda psicanalítica é fundamental para entendimento, pelo trabalhador, dos gatilhos que deflagram os sintomas por ele manifestos e, principalmente, a identificação de caminhos para reencontro de sua saúde e bem-estar físico, mental e emocional - procure ajuda e apoio profissional de um psicanalista. Quanto as empresas, é fundamental que as lideranças percebam que mudanças nos ambientes de trabalho são fundamentais para preservação da saúde mental, emocional e física daqueles que nelas trabalham, e ques perdas de capital humano e reduções no potencial de desempenho dos trabalhadores tem um peso muito importante para o sucesso e perenização das organizações – a psicanálise, também nesse viés intangível, tem muito a contribuir para as organizações, identificando e propondo mudanças nos padrões de organização do trabalho e posturas reativas dos trabalhadores em relação à empresa.



Aline Lima

🔸️Psicóloga das Categorias de Base do Fluminense Football Club 🔸️Sócia Fundadora do IBRAPPCE - Instituto Brasileiro de Psicologia Positiva e Ciências do Esporte 🔸️ Psicóloga Clínica

3 a

Ótimo material. Precisamos cada vez mais falar sobre saúde mental! Saudades de trabalhar com pessoas como vc! Um abraço bem apertado

Parabéns meu amigo, como sempre, seus artigos nos ajudam muito a ajudar outras pessoas. Grande abraço!

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