VIVA O PRESENTE E CONFÍE EM SI MESMO
“ a minha vida esteve cheia de desgraças, muitas das quais jamais sucederam” Descartes
Desconfiamos das nossas capacidades ou duvidamos do nosso sucesso? Boicotamo-nos a nós mesmos, desmerecemos e colocamos as nossas expectativas demasiado baixas para que fiquemos onde estamos?
Colocamos traves nas rodas, e não nos movemos porque temos medo?
Como podemos sair destes comportamentos?
Usamos frases como "Eu não acho que meu nível de inglês seja suficiente", ou "Não tenho muita experiência nalgumas áreas financeiras" e outras em que nos desvalorizamos claramente, podem levar-nos a perguntar o que queremos realmente ou não, e qual a mensagem que passamos aos nossos interlocutores. O processo que ocorre nesta operação de boicote é tão simples como a contradição entre o medo de certas coisas e o desejo de as possuir. Normalmente, é um medo de mudança, em direção a algo que parece melhor, mas, sendo desconhecido, precisa de mais energia porque envolve tomar decisões e também ser responsável por elas. Então, tentamos frustrar este caminho possível para o sucesso. Todos sofremos com esta “síndrome” e só temos que ter cuidado para não nos “apanhar”, mas nalgumas pessoas torna-se parte de seu comportamento habitual, manifestando-se como um padrão.
Richard Friedman, professor de psiquiatria no Weill Cornell Medical College, diz que "de toda a psicologia humana, o comportamento autodestrutivo é um dos mais misteriosos e difíceis de mudar". Certamente podemos reconhecer frases ao nosso redor como "tenho mesmo falta de sorte " ou "Porque é que estas coisas só acontecem comigo". Existem outros casos em que o boicote é gerado a partir da fantasia. Existe uma clássica distinção de Coaching que lida com a diferença entre Sonho e Visão. Embora os sonhos sejam necessários, como expandimos as nossas expectativas de estar melhor ou viver em boas condições, se não conseguirmos uma visão, neste caso é muito provável que fique nisso, uma fantasia pura.
Converter um sonho numa visão, significa colocar-se em ação para conseguir o que nos propusemos. “sonhar pode ser muito prazeroso, mas não tem implícito colocar em marcha as ações necessárias para alcançar o que sonhamos. Sonhar não exige compromisso”. Sonhamos e ao mesmo tempo damos um montão de explicações que nos servem para justificarmos e não movermos um dedo para alcançar aquilo com que sonhamos. E como podemos vencer este impulso de não nos esforçarmos mais e colocamos traves nas rodas para não alcançar o que desejamos? Tirando questões mais da intervenção clínica, estes mecanismos estão dentro de nós e por isso devemos treinar-nos para os podermos perceber quando acontecem utilizando ferramentas que nos ajudem, como por exemplo:
- Trabalhar a autoestima para diminuir as exigências. Em muitas situações tendemos a desvalorizar-nos porque nos propomos a objetivos e metas tão altas que quase podemos imaginar a dificuldade de as cumprirmos. A verdade é que a guerra contra o ego é impossível de ganhar, e haverá sempre razões ou juízos para o justificar, e por isso devemos aprender a negociar. Se o nosso ego nos diz “não és capaz”, temos de o aceitar, mas ressaltando o facto de que seremos capazes de realizar muitas outras coisas. Porque uma das melhores formas de nos boicotarmos é tentar tarefas impossíveis.
- Colocarmo-nos noutros sapatos: é importante desenvolvermos outras visões para olhar o mundo, sair do nosso espaço e questionarmos o que quisermos. É muito difícil que tudo seja mau em todas as situações da vida. O que pode suceder é que alguns olham a sua existência a partir da negatividade, veem o copo meio vazio e desta forma amplificam as expectativas que não se cumprem e a realidade parece catastrófica e miserável. É bom que olhemos para a nossa lista de “culpas” desdramatizá-las, recuperando a autoconfiança que precisamos para conseguir viver com as nossas emoções. A outra opção é vivermos no reino da ansiedade, da ira, da agressividade e da culpa. Também na nossa linguagem podemos dar conta de que os “sempre, nunca, tudo ou nada” nos comprime, e por isso vale a pena substituir o determinismo do “sou” por “estou sendo” ou “estou”.
Temos de ter em conta que o movimento demonstra-se andando. Acionemos a vida sem as velhas desculpas ou juízos negativos sobre nós mesmos explorando outros caminhos, outros olhares, realizando novas ações para alcançar os nossos objetivos. Só arriscando se alcança o êxito. Quem se mantém no mundo das certezas, não chega onde o coração quer ir. A incerteza esta sempre no início do caminho e as dúvidas vão depois sendo dissipadas. Se se boicota não oferece a si mesmo a oportunidade de viver.
Viva o presente e confie em si mesmo.
Adaptado de um texto de Luis Llorente - Escola Europeia de Coaching, Madrid