Você ainda acha que falar "difícil" te faz mais inteligente?
Dona Maria é uma senhora que trabalha na casa da patroa porque precisa do salário mínimo – para não dizer mísero – para dar o que comer para os filhos; afinal, para alguns, luxo mesmo é poder comer. Dona Maria também é a senhora que trabalha limpando o escritório em que você trabalha, ou ainda, o chão da rua em que você passa.
Dona Maria, assim como o Seu João que trabalha como porteiro aí na entrada do prédio em que você entra todo santo dia e sequer dá bom dia.
Todo início de mês, Dona Maria e Seu João precisam ir até o banco para buscar o seu salário.
E, quando chegam, já entram tristes porque sabem que, lá, o gerente sabe que eles não têm dinheiro, e muito menos estudo, e vai falar uma série de palavras difíceis que tiram deles muito dinheiro do pouco que eles tinham.
Mas eles confiam, até porque essa gente fala bonito. É gente estudada, gente inteligente.
Gente que fala inglês com português junto e umas palavras que devem ser daqui, mas que sequer dá para entender.
É a gente que passa direto por eles quando entra no prédio, é toda a gente que tem diploma.
Mas, aqui, os verdadeiros ignorantes não são a Dona Maria e o Seu João: são todos aqueles que dificultam o processo de comunicação. Pode ser eu, pode ser você!
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Tratar pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que você como inferiores, procurando falar da forma mais elitista possível para mostrar superioridade é a maior falta de respeito que se pode ter com alguém.
A vida de quem acorda às cinco, pega ônibus da região metropolitana para a capital, trabalha por um salário mínimo e fica, ainda, mais três horas até chegar em casa no fim do dia de pico é uma realidade que quase não tem tempo para livro.
— Ah, mas é só estudar, querer ir atrás que você chega lá!
Eu discordo: quando a barriga ronca, usar o tempo trabalhando para comprar comida parece mais sedutor que tentar ignorar a fome e estudar. Estudo exige apoio: de onde que universitário que passa o dia na faculdade tira o sustento? Tem que ter incentivo de família, de professores, de colégio: um privilégio de poucos. Poucos mesmo.
É privilégio poder estudar: ou você vem de um bom berço que permite isso quase que como uma consequência da vida, ou vêm de uma família que não tem essa tradição de estudo, mas que decide fazer uma ruptura no sistema em que vivem para poder dar algo melhor para os filhos.
E nem essa ruptura é fácil, ressalto: a vontade até pode existir, mas se a condição financeira não ajuda, não tem como.
Ser humilde o suficiente para entender que as oportunidades que você teve em sua vida não são as mesmas para todos já é um primeiro passo. Lembre-se sempre que seu diploma não faz de você uma boa pessoa. A forma como você trata as demais, sim.
E aí agora me diz: seu discurso tem sido inclusivo ou não?
Até a próxima!
Fotógrafo Corporativo | Mercadólogo
3 aSensacional, Mari! Parabéns pelo texto. Fico indignado quando pessoas que nunca souberam o que é viver com um salário mínimo ficam romantizando a pobreza. Pegando casos de exceção para arrotar "quem quer consegue".
Secretária administrativa na Osni Alves Advogados Associados
3 aConcordo plenamente, excelente artigo! 👏👏
Assistente em Turismo| Eventos| Recepcionista| Auxiliar Administrativa
3 aParabéns pelo texto Mari Santa Ritta! Excelente reflexão!😊
Comunicação corporativa escrita | Redação e Estratégia de Conteúdo I Tradução (inglês <-> português) | Preparação e revisão de textos
3 aMari, que tema mais necessário. Texto tocante. Um beijão.