Você faz a pergunta certa quando analisa dados?
Análise de dados muitas vezes parece algo extremamente intuitivo e simples. Você pega um conjunto de dados, trata esses dados para que fique algo visual, observa uma tendência e tira conclusões a partir disso. Essa simplicidade é uma cilada, é claro.
Um exemplo que me fez atentar para isso foi quando li sobre o viés de sobrevivência e fiquei me questionando quantas vezes devo ter cometido algum erro de interpretação por causa disso.
Melhor do que explicar o conceito, entendo que citar o exemplo que me marcou seja mais fácil.
Vamos fazer uma viagem rápida (vai ser rápida mesmo) no tempo para a II Guerra Mundial.
Durante a guerra, conforme os aviões retornavam dos combates, era feita uma análise das regiões com mais furos de balas, de modo que as áreas que foram mais impactadas foram consideradas as áreas potencialmente mais frágeis.
Logo, a solução seria reforçar essas regiões para proteger melhor os aviões.
Essa solução intuitiva, porém, escondia uma falha que levou ao fracasso desta estratégia.
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Os aviões que regressavam eram justamente os aviões que foram capazes de sobreviver ao combate, mesmo com todos aqueles danos.
Nesse sentido, as áreas com maior número de furos não eram as áreas que deveriam ser protegidas, mas o contrário.
Essa conclusão na qual Abraham Wald chegou à época da guerra, foi fundamental para dar maior sobrevivência aos aviões americanos na guerra.
Os dados analisados são os mesmos: distribuição das perfurações pela fuselagem dos aviões que retornavam. Mas a análise e conclusão são totalmente opostos.
Esse exemplo sempre me ajuda a parar pra pensar quando algo se parece óbvio: será que eu estou esquecendo de fazer a pergunta certa?
Tem um artigo no Medium do Rodrigo Santos muito bacana e que se aprofunda nesse assunto. Recomendo a leitura.