Você faz um diário de meditação?

Todo mundo sabe que meditar é uma ótima ferramenta de saúde mental, mas muitos desistem no meio do caminho. Quem nunca achou meditar um processo moroso, sonolento e tedioso? Bem melhor assistir uma série, responder logo as mensagens do trabalho ou esquentar um café com leite pela manhã, né?

A verdade é que muita gente desiste de meditar porque não adianta só baixar um app com boas meditações guiadas, fechar os olhos e esperar a vida se transformar diante de si.

Meditar é essencialmente uma ferramenta fundamental de autoconhecimento. Ela nos ensina a observar todos os processos da nossa mente. Como nos apegamos a uma sensação ruim, como ruminamos uma situação sem parar, como criamos cenários catastróficos que só existem na nossa cabeça e como nosso corpo fica todo tenso por pensar demais.

Estudar psicologia, filosofia e espiritualidade é incrível e corta muitos caminhos, mas é só a prática de tudo isso que realmente nos faz avançar em qualquer processo de autoconhecimento.

Nós não meditamos apenas para relaxar. Meditamos para nos conhecermos melhor.

E há um tempo eu cruzei com um livro incrível, não sei se era do Joseph Goldstein, do John Yates ou do Chogyam Trumpa, que fazia uma sugestão excelente: criar um diário de meditação.

O intuito não é se cobrar. Não é se sentir mal por ter pulado um dia ou por ter meditado por pouco tempo em algum outro. Na realidade, o diário é muito útil principalmente por 03 motivos:

1. Você permite que os insights surjam durante a sua prática, mas sem atrapalhá-la, deixando a reflexão e o aprofundamento para depois;
2. Você passa a ter clareza da evolução da sua prática ao longo do tempo. Está conseguindo focar mais? Passou por um momento mais difícil no treino? Consolidou alguma técnica?
3. Você começa a entender como a sua mente se comporta em cada período do dia e usa isso para ajustar suas técnicas de meditação. Sua mente fica mais calma de manhã, mais agitada à tarde e sonolenta à noite? É útil saber direcionar as técnicas para não desistir no meio do caminho ou se apoiar em somente um período;

Eu uso um app chamado Zen pra fazer o meu registro. Ele tem um limite de caracteres que é perfeito pra não tornar o processo demorado ou prolixo e acabar me prendendo nas reflexões teóricas. Nele, eu faço um registro super simples do tempo que meditei, algum insight que tenha tido ou algo que aprendi sobre minha mente.

Alguns exemplos:

• Fiz 20' de manhã. Percebi que ao abrir minha percepção para o entorno, me perco nos pensamentos que surgem;
• Fiz 30' no fim do dia e minha mente estava muito agitada. Percebi que a mente se agarra a qualquer pensamento e transforma em emoção sem nem raciocinar muito;
• Fiz 15' depois do almoço e percebi que desejo é uma imagaem mental e que ela se acalma depois de um tempo;

Tanto faz se a anotação parece boa ou ruim, se o tempo foi muito o pouco. Tudo é aprendizado e a meditação é exatamente sobre isso: não tem meditação boa ou ruim. Existe apenas distração e não-distração.

E aí, topa criar o seu diário? Ou já tem um?