Você não vai ser contratado (ou perder o emprego) por uma Inteligência Artificial.
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Você não vai ser contratado (ou perder o emprego) por uma Inteligência Artificial.

por Gabriel Suamme


2023 é o ano das IAs, isso não se pode negar. Vimos a explosão do ChatGPT; a tentativa de competição do Google com seu próprio chatbot, o Bard; a Lambda da Meta e outros. E como toda tecnologia disruptiva, essa também causou um certa agitação no público em geral, principalmente nos desenvolvedores de software e outros profissionais de tecnologia. 


Nesse burburinho, muitos profissionais no LinkedIn questionavam sobre a possibilidade das IAs os substituírem; outros, no entanto, argumentam que existia um fator humano intrínseco que não poderia ser reproduzido por códigos. Esses, argumentam que a senioridade vai proteger seus empregos, pois nenhuma máquina reproduziria seus resultados. Fato esse, que talvez tenha um pouco de veracidade, bastando olhar para imagens geradas por IAs ou por algumas respostas não tão corretas como a que o Bard do Google deu recentemente.


A questão que fica é: talvez os desenvolvedores estejam salvos, mas e os meros  mortais? Na “periferia” do LinkedIn, esse debate também se estabeleceu, mais precisamente entre recrutadores. Vários Sistemas de Acompanhamento de Aplicações (ATS, em inglês) já contam com algum nível de automação, como a plataforma Workable, que não faz uma seleção automática de candidatos mas possui um sistema de busca automática deles. 


Sendo um trabalho low-code - ou melhor - no-code, por qual motivo deveríamos escolher por um recrutamento feito por pessoas ao invés de um feito por uma IA? Não seria mais prudente cortar custos e evitar erros humanos, além de ter um trabalho mais ágil? No LinkedIn é possível ler relatos de candidatos sobre entrevistadores mal preparados, preconceituosos, etc. 


Então será que os dias do recrutamento feito com planilhas e agendas no Google chegaram ao fim? Me parece que não. Da mesma forma que existem reclamações dos candidatos quanto aos recrutadores, esses também demonstram suas insatisfações sobre as plataformas utilizadas e pela falta de contato humano, processos engessados e respostas automáticas, que por sua vez acabam por desgastar a marca empregadora de várias empresas. 


Se formos pensar então sob a ótica de um de um empregador, a resposta me parece clara: em um contexto de juros altíssimos para empresas e de períodos de layoffs cada vez mais constantes, o crescimento necessita ser preciso. Observando então o cenário atual, são necessários times enxutos e de alta produtividade, compostos por colaboradores com senso de “ownership”, urgência, empatia e tolerância com as diferenças. Neste sentido, uma contratação feita com um contato mais humano pode prevenir um turnover ou problemas muito piores no futuro, pois, é bem possível dissimular essas características em CVs, cartas de apresentação dentre outros arquivos que já são vasculhados por IAs em grandes bancos de dados. 


Outro fator contra as máquinas é o networking: pessoas conhecem pessoas que conhecem pessoas. Experiências profissionais prévias nos ajudam a dar um insight sobre o que esperar de um futuro colaborador, e um headhunter bem conectado e com know-how de mercado consegue entender previamente se tal candidato tem o fit-cultural ou comportamentos desejáveis para a companhia em questão.


No fim, parece que o trabalho de escolher pessoas está longe de ser automatizado totalmente por IAs, seja pela sua ineficácia atual, pelo descontentamento entre os candidatos ou simplesmente por as IAs não terem um “a mais” que só a experiência propõe, afinal de contas quem contrata os desenvolvedores das mesmas? Elas chegaram para ficar, é verdade, mas é necessário usar esta ferramenta com cautela. Acredito que é possível fazer processos automatizados mas ainda humanizados, seja por um simples feedback mais elaborado ou um encaminhamento para outra oportunidade. Em conclusão, as mãos que regem as ferramentas são nossas, então cabe a nós entender quando usá-las ou não.

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