Você realmente quer um trabalho?

Você realmente quer um trabalho?

Primeiro dia útil do ano e recebo uma mensagem de uma colega feliz porque iria fazer uma entrevista. Nós nem nos conhecemos pessoalmente. Começamos a ter contato online no meio da pandemia, através de uma amiga em comum. Ela queria migrar para UX (Experiência do Usuário) e buscava entender um pouquinho sobre como é a área, como poderia se qualificar e se preparar para vagas. Dois dias depois ela me agradeceu e contou como foi a entrevista. 

O mesmo aconteceu com outra também desconhecida, participante de um grupo profissional no WhatsApp, que me procurou no privado para trocar figurinhas sobre a área. Em dezembro, ela veio me contar que tinha entrevista em uma empresa, porém já estava até contratada em outra. Disse que nunca teria tentado sem meu incentivo, porque acreditava que só poderia se candidatar quando tivesse um portfólio. 

Fiquei bem feliz e não acho necessário que elas agradeçam. Para mim, a recompensa vem com as conquistas delas. Uma entrevista, um avançar de etapas ou a própria contratação. Vem por saber que minha contribuição foi útil. Ah, Nibia! Que papinho, heim? Mas é realmente a verdade e vou explicar o porquê.

A questão do desemprego e felicidade no trabalho sempre me tocou muito por motivos que dariam outros mil artigos. Por isso, sempre que posso, tento apoiar os que estão na busca de recolocação, desempregados, querendo mudar de área ou sair de uma situação tóxica. 

Entretanto, todas as pessoas estão realmente abertas a isso? Levei muitos baldes de água fria até entender que não. Algumas pessoas que compartilham sua situação e pedem apoio não agem como se realmente quisessem um novo trabalho. Não foram poucas as pessoas para quem dei dicas, compartilhei cursos grátis, me propus a indicar para vagas e, ao final, não fizeram a parte delas. Não procuraram fazer um bom currículo. Não fizeram um portfólio. Se sabotaram deixando de se candidatar. Perdendo prazos. Deixando de responder potenciais clientes indicados para freelas. 

Obviamente que cada um sabe avaliar o que tem a ver com seus objetivos e nem toda dica ou vaga precisa ser recebida de braços abertos. Mas falo de casos em que os profissionais ficam com esta mesma postura por anos, reclamam que não estão satisfeitos, que não conseguem trabalho, dizem que os outros tiveram sorte ou conseguiram algo por terem conhecidos. 

É desgastante continuar a apoiá-los e confesso que ainda não sei o momento certo de desistir, porque ainda fico sensibilizada. Talvez precise aprender com uma grande amiga que também já passou por isso. Segundo ela, existem dois tipos de pessoas:

Os esforçados

"Mesmo que lentamente, às vezes batendo cabeça, vão tentando uma coisa, tentando outra, uma hora acertam e atingem o sucesso. Mesmo se não conseguirem se achar, ao menos estão tentando."

Os acomodados

"Acreditam que Papai Noel vai bater na porta com uma oportunidade numa caixa de presente. Nada serve, nenhum emprego é digno do super talento que ele tem para p*** nenhuma, está sempre inventando mil desculpas."


É. Ela já não tem mais paciência com os acomodados e não está errada. Quando cheguei próxima desse estágio, me recomendaram compartilhar minha experiência de transição carreira e RH apenas com quem realmente fosse aproveitar. Mesmo que fossem desconhecidos. Alguns colegas têm me incentivado a criar algum tipo de mentoria para quem deseja migrar para UX, algo que já tenho feito informalmente sem perceber. E talvez esse seja um dos meus objetivos para 2021.

Por hora, gostaria de começar citando um livro que foi uma feliz surpresa do destino. Em 2016, quando estava com uma página em branco para ser escrita na minha carreira, fui fazer ioga na praia, passei por um ninho de livros e encontrei um título bastante inusitado: Qual a cor do seu pára-quedas - Como conseguir um emprego e descobrir a profissão de seus sonhos de Richard Bolles. 

A edição era de 98 e a guardo com muito carinho. Ainda que seja bem antiga e que o mercado e a tecnologia tenham avançado, muito do que tem nela valerá por gerações. Tirei cópias e as distribuí para vários amigos. Julgo ser um dos melhores livros que conheci na vida. Mais que um monte de dicas, ele é essencialmente um compilado de perguntas. Perguntas para os indecisos e também para os decididos. Para ajudar na reavaliação do seu propósito, da sua prioridade, do seu momento de vida. Tanto para quem quer um novo emprego, quanto para quem já tem e quer refletir e planejar sua evolução.

Na introdução, há duas grandes verdades:

1. Há sempre empregos por aí

Pode parecer estranho, mas realmente sempre há. Parecia improvável, mas quantas conexões do seu Linkedin conseguiram um emprego em meio à pandemia? De quantos colegas você se despediu, porque estavam indo para outra empresa? Enquanto algumas empresas demitiram na crise, outras cresceram e contrataram. Pessoas se demitem, são promovidas, sofrem lesões permanentes, se aposentam. Empresas crescem, novas áreas surgem, novas profissões surgem. E cada vez mais rápido. E lá estão elas: cadeiras livres para quem realmente quiser ocupá-las.

2. Encontrar ou não empregos, depende dos métodos que você está usando

O livro explica que as empresas buscam profissionais tanto na época de vacas gordas, quanto nas crises. Só que, enquanto elas usam formas diferentes de recrutar para cada um dos períodos, os profissionais mantêm o mesmo jeito de procurar trabalho. E isso não funciona. Você ainda distribui currículos impressos pessoalmente? Manda por e-mail? Faz cadastro no Vagas? Ou já buscou plataformas de recrutamento por inteligência artificial e fez contatos em grupos profissionais? Chamou alguém que te inspira para um café? De que forma você se posiciona? Você aproveitou os cursos gratuitos durante o isolamento para se qualificar? O quanto está focado em uma área? O quanto se prepara para uma entrevista? O quanto se esforça?


Esse livro abre a série de dicas com um conselho muito simples. Assim como cantores amadores se inspiram em cantores consagrados, pesquisadores de mestrado aprendem com os de doutorado, se você quer um emprego e não sabe como conseguir, tente conversar com alguém que teve sucesso nessa missão por muitas vezes. Siga seus passos. Imite-o!

Tharine Brito

Gestora de suprimentos | Usimeca

3 a

Excelente artigo, Níbia. Confesso que era o que eu precisava ler. Adorei a indicação do livro, já comprei!

Marcelle Pinna

Design | Comunicação | Marketing | Comunicação Interna

3 a

Perfeito nibeca!!!!

Isabella Fidalgo

Analista de Metas e Performance

3 a

Estava refletindo sobre isso hoje mesmo, amei

Alena Aló

Comunicação | Marketing | Patrocínio | Live Marketing

3 a

Excelente artigo, Nibia Cardoso !! Estou nesse processo de recolocação há 1 ano e tem sido desafiador conter a ansiedade e a frustração. Mesmo com a crise e o desemprego nas alturas, a gente sempre acha que a falha está conosco. Vou acatar sua dica de leitura e quero muito tomar um café virtual contigo para falarmos sobre o assunto! Um beijo grande!

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