Whitney Wolfe Herd: Como a CEO da Bumble elevou o nível de empoderamento do universo feminino
Whitney Wolf Herd: CEO Bumble

Whitney Wolfe Herd: Como a CEO da Bumble elevou o nível de empoderamento do universo feminino

Dizem que para superar um fim de relacionamento é preciso começar uma intensa história de amor com você mesmo. Talvez essa retórica tenha catapultado o sentimento de superação de Whitney Wolfe Herd para vencer uma batalha mesmo estando navegando em oceanos vermelhos.

A história da co-fundadora do site de relacionamentos mais famoso do mundo, o Tinder, e agora fundadora e CEO da Bumble, é muito mais do que cair e levantar, mas sim, de mostrar ao mundo que, mesmo que você esteja fora por um momento, você pode lutar e voltar melhor do que nunca. 

Antes de falar do sucesso de Whitney Wolfe, é preciso entender um pouco de como sua vida foi intensa e que sua veia empreendedora precoce ditou a forma de como ela opera seus negócios, mesmo tendo apenas 28 anos.

Seu pai era promotor imobiliário e sua mãe dona de casa, na qual Whitney enfatiza que a presença de sua mãe a fez crescer confiante pois sempre alguém estava em sua casa. Aos 19 anos, ainda na faculdade, ela criou a sua primeira empresa para ajudar pessoas afetadas no desastre de vazamento de óleo feito pela British Petroleum, na qual o principal produto eram sacolas feitas com material oriundos de bambu. Ela se juntou ao estilista de celebridades Patrick Aufdenkamp e a dupla lançou a organização sem fins lucrativos Help Us Project.

Depois do sucesso da Help us Project, Whitney seguiu com seu trabalho humanitário. Após concluir a faculdade ela embarcou para o sudeste da Ásia, mais precisamente no norte da Tailândia e no Camboja, onde se envolveu com orfanatos locais e passou seu tempo trabalhando para torná-los lugares melhores para as crianças.

Aos 22 anos, ela fez parceria com uma empresa denominada Hatch Labs. Enquanto trabalhava lá, se envolveu com uma startup chamada Cardify, que era liderada por Sean Rad. Quando o projeto acabou sendo abandonado, Whitney e Sean se uniram para criar o aplicativo de namoro, Tinder. Além dos dois, Justin Mateen e Chris Gulzcynski se juntaram ao projeto, onde Whitney ficou responsável pela vice presidência de marketing. Aliás, Whitney enfatiza que o nome da empresa se deu graças a ela, referente a resultados anteriores na Cardify.

Nem tudo foi mar de rosas

Em junho de 2014, ela processou o Tinder por assédio sexual, alegando que seu ex-chefe e ex-namorado Justin Mateen a chamou de "prostituta" e a bombardeou com mensagens de texto ameaçadoras e depreciativas, que ela anexou à sua queixa. Ela também alegou que o Tinder, a havia tirado erroneamente o seu título de co-fundadora.

A empresa negou qualquer irregularidade, mas Mateen foi suspenso e depois renunciou. Sean Rad, então CEO da Tinder, disse à Forbes em 2014 que Herd tinha parte da culpa pela entrave entre ela e Mateen. O processo foi rapidamente resolvido por uma quantia que a Forbes relatou ser de aproximadamente US$ 1 milhão na qual o acordo impede as partes de discutir o caso.

Após sua saída do Tinder, Whitney tentou, sem sucesso, criar uma rede social voltada totalmente para o universo feminino chamada Merci, porém uma parceria com um concorrente do Tinder mudaria toda sua história.

Depois da tempestade ...

O que Whitney não sabia é que um email de alguém com um endereço desconhecido e um nome russo, Andrey Andreev, a transformaria numa concorrente de sua antiga empresa. Nascido em Moscou e com moradia em Londres, Andreev fundou em 2006 a Badoo, uma rede de encontros on-line que hoje é a maior do mundo, com mais de 360 milhões de usuários registrados em 190 países.

Ela conheceu Andreev em um jantar em 2013, enquanto ela estava no Tinder, onde obviamente causou uma boa impressão. "Para ser honesto, eu imediatamente me apaixonei pela paixão e energia de Whitney", diz Andreev, que ganhou fama de recluso porque raramente concede entrevistas. Ele ainda hoje a considera a pessoa perfeita para a publicidade da marca, onde seu talento inato para marketing e branding fizeram diferença, aliado a infraestrutura, investimento e recursos que a Badoo possuía, assim, puderam criar a 4ª maior plataforma de relacionamentos e a que mais cresceu em 2017.

Andreev investiu inicialmente cerca de US$ 10 milhões para o marketing de lançamento e mais recursos adicionais para alimentar o crescimento, ficando com 79% da empresa. Porém Whitney seria considerada a fundadora e o CEO, além de possuir 20% da companhia, com total autonomia, enquanto explorava a infraestrutura do Badoo e o know-how de Andreev.

Ambos se completavam nos negócios. No Badoo, Andreev teve uma década de testes, dados sobre a eficácia de vários esforços de monetização e experiência, trazendo um produto em escala que não tem paralelo no mercado de namoro. Quando chegou a hora de começar a cobrar os usuários por vantagens no aplicativo, por exemplo, a equipe da Bumble conseguiu desenvolver tecnologia sofisticada para suportar assinaturas desde o primeiro dia, graças à contribuição do Badoo.

De setembro a dezembro daquele ano, Herd voou entre o Texas e Londres cerca de 15 vezes. Ela e Andreev trouxeram dois de seus ex-executivos da Tinder, Chris Gulczynski e Sarah Mick, para projetar o back-end e a interface de usuário do novo aplicativo, onde depois ambos saíram para criar uma nova empresa, porém eles ainda possuem 1% do Bumble.

O aplicativo foi lançado em dezembro de 2014 e recebeu mais de 100.000 downloads em seu primeiro mês, com uma diferença em relação aos outros sites de namoro: as mulheres devem dar o primeiro passo, mudando assim as normas e padrões antiquados.

2017 o ano que o assédio sexual ficou em evidência nos EUA

Em outubro do ano passado, Hollywood ficou em polvorosa com as denúncias de assédio sexual do produtor Harvei Weinstein e do ator Kevin Spacey, fortalecendo uma campanha pelo clamor da não violência ao sexo feminino, evidenciada em premiações do cinema e televisão, bem como boicotes aos acusados. Não que isso deu um poder maior ao Bumble, mas fortaleceu a premissa do aplicativo que as mulheres devem tomar as rédeas do início do relacionamento, pois ao dar às mulheres o controle sobre o contato inicial, o Bumble caracteriza uma imagem mais polida e blindada do que os concorrentes, evitando as fotos não solicitadas que afetam o namoro online. 

No ano passado, Bumble baniu selfies de espelho sem camisa (comum em perfis masculinos no Tinder); essas eram as fotos mais ignoradas. Isso não significa que Bumble possa prevenir todos os abusos ou experiências desagradáveis - mas isso os enfraquece. O ambiente mais controlado resultou em dividendos surpreendentes. Centenas de milhares de mulheres indicaram em seus perfis que não estavam lá apenas por amor. Elas também se importavam com amizade e carreira.

Com o sucesso da Bumble, surgiu a oportunidade de outras ramificações, onde surgiu o Bumble BBF: um aplicativo que utiliza algorítimo com o propósito de fazer parcerias (relacionamentos platônicos) para quem é novo na cidade e procura pessoas com o mesmo perfil para novas amizades. Ainda é cedo para falar do aplicativo pois o sucesso desses desdobramentos tem sido modesto até agora. Bumble BFF foi experimentado por mais de 3 milhões de usuários, mas apenas 500.000 estão ativos (fiéis) em um mês.

Porém um aplicativo começa a dar voz as mulheres no mundo dos negócios que é o Bumble BIZZ, que já está no ar nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha. A função do aplicativo é similar ao Linkedin com algumas restrições, porém o usuário poderá conectar com mentores em potencial, líderes do setor, marcas - e talvez seu próximo parceiro de negócios. Como sempre quem tomas as decisões são as mulheres. A partir daí, você pode enviar seu currículo digital, preencher suas habilidades e adicionar clipes recentes do seu trabalho. O aplicativo também é equipado com uma ferramenta de verificação de fotos, que ajuda a confirmar se as pessoas são quem elas dizem ser, bem similar ao LinkedIn. Uma vez que você construiu sua rede, você tem a opção de enviar uma mensagem, ou manter Bumbling (território familiar para aqueles que se interessaram pelo seu modo de namoro).

Segundo Whitney o Bumble Bizz veio ajudar as pessoas a se conectarem em todos os marcos importantes de sua vida, seja amor, amizade ou trabalho em rede. O Bizz é a última peça do quebra-cabeça para tornar essa visão uma realidade e uma experiência que os usuários aprovarão.

O céu é o limite

A Bumble tem 70 funcionários, aproximadamente 85% dos quais são mulheres, inclusive em todos os cargos de topo, com Andreev à parte. O novo escritório reflete cartazes e letreiros de neon que defendem vários mantras como "Você é uma abelha rainha", "Seja o CEO que seus pais sempre queriam que você se casasse" e "faça o primeiro movimento". Quando a Bumble distribui suas blusas de creme e amarelo como presentes em eventos - o familiar logotipo de favo de mel na frente, junto com a palavra "Honey" , são disputados como valiosos souvenirs.

Quanto a Whitney, esta jovem empreendedora de apenas 28 anos, especula-se muito sobre sua fortuna. Muitos relatórios sugerem que seu patrimônio líquido é atualmente de US$ 250 milhões. Nada mal para uma mulher que uma vez teve que se afastar de uma empresa de US$ 5 bilhões que ajudou a construir. Segundo fontes, Herd recusou uma oferta de US$ 450 milhões do Match Group no início de 2017. Essas fontes sustentam que a Match se aproximou novamente da empresa em setembro para discutir uma avaliação bem acima de US$ 1 bilhão. 

Mas para essa super empresária parece que sua história é um conto de fadas onde já se falam que uma famosa produtora de Hollywood está interessada em fazer um filme de sua saga.

Parece que seu sucesso está longe de tropeçar!!!

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Esse texto foi publicado originalmente em edtar.com.br

Sobre o autor:

Edinei Cunha é um profissional de vendas com passagens em multinacionais e fundador da Edtar Representações e Consultoria.

Facilitador de vendas e estrategista comercial.



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