WILLIAMS: O PREÇO DE CERTAS ESCOLHAS
Algumas equipes de Fórmula 1, como forma de engordar seus orçamentos, optam por “vender” os assentos de seus carros e isto, se por um lado traz mais dinheiro para a equipe, por outro pode trazer a falta de competitividade.
No ano passado a Williams contratou o jovem canadense Lance Stroll para um dos seus cockpits, abrindo mão do experiente piloto brasileiro Felipe Massa, que voltou para a equipe devido ao anúncio da aposentadoria de Nico Rosberg, que fez com que o finlandês Valteri Bottas fosse ocupar seu lugar vago na equipe Mercedes.
Ao final do ano passado o brasileiro anunciou que se aposentaria da categoria (não haveria lugar na Williams para ele) e então o seu lugar passou por um verdadeiro leilão, no melhor estilo quem dá mais. Venceu a disputa o russo Sergey Sirotkin, que não teve passagens expressivas nas categorias inferiores a Fórmula 1, mas trouxe na bagagem algo que a imprensa europeia estima em cerca de 15 milhões de Euros.
Com esta dupla, os pilotos da Williams têm idade inferior a 25 anos (Stroll tem 19 e Sirotkin tem 22), algo que já se sabia, poderia ser um problema para a parceria firmada entre a Martini e a equipe e, o resultado veio agora: a empresa italiana de bebidas anunciou que não irá renovar seu patrocínio com o time inglês ao final deste ano e desta forma, nem começou a temporada de 2018, a Williams já tem problemas para a temporada 2019.
A empresa de bebidas investe forte na equipe de Grove e uma das contrapartidas deste tipo de parceria, é o fato de poder utilizar os pilotos como garoto propaganda em suas ações de marketing, algo que em função das leis europeias e americanas, será impossível, exatamente porque ambos pilotos têm idade inferior a 25 anos.
Talvez a equipe inglesa tenha imaginado que com a contratação de Robert Kubica para piloto de teste, os ânimos da fabricante de bebidas seriam acalmados, uma vez o polonês sim poderia fazer as vezes de “peça de marketing”, porém parece que não foi este o entendimento da empresa das listras azul e vermelha.
Ontem Kubica e Sirotkin dividiram o carro na pista da Catalunha nos testes de pré-temporada e o que foi visto, é que Kubica, apesar de todas as suas limitações devido ao grave acidente sofrido anos atrás, o piloto seria a melhor opção para ser titular: o polonês deu 10 voltas a menos que o russo e ainda assim, fez um tempo melhor (1m21s495 contra 1m21s822). Caso a comparação seja feita com o tempo do canadense, que pilotou no dia anterior, a diferença é ainda maior, pois Stroll não foi além dos 1m22s452, ficando quase 1 segundo abaixo do polonês.
Ao final do dia, na coletiva de imprensa que ocorre no circuito catalão, o russo disse que tirou o máximo que podia do carro e, se este rendimento for realmente o máximo que ele pode oferecer, a Williams poderá ir de vez para o fundo da tabela nas corridas deste ano, uma vez que equipes que fecharam 2017 atrás da Williams (Renault, Toro Rosso e McLaren), neste ano tendem a pular na frente – se o rendimento do time inglês não subir, 2019 será realmente um ano muito pior para a equipe de sir Frank Williams.
Ou seja, sem dinheiro e sem bons pilotos na equipe, até mesmo a Haas que fará neste ano apenas sua terceira temporada na F1, tende a colher melhores frutos em pista, o que tornaria ainda mais melancólica a história deste tão importante time, que outrora ditou as regras deste esporte, hoje mal sabe cumprir as regras básicas para se manter nele.
Texto: Márcio de Luca (Conteúdo Motorsport)
Foto: Divulgação