Mais do que um tirador de pedidos, um parceiro estratégico na cadeia. Esse é o novo olhar que as marcas de franquia passaram a adotar na relação com seus fornecedores. “Quanto mais próximo da marca, mais é possível criar produtos e serviços de acordo com cada perfil e necessidade de rede”, afirma Renata Oliver, vice-presidente da BMG Seguros. “Não se trata de apenas vender um produto, mas de apontar soluções em cada segmento do franchising. Por isso, o fornecedor precisa entender as peculiaridades de cada negócio.”
Não à toa, o BMG Seguros criou uma divisão exclusiva para trabalhar o franchising, de onde saiu uma solução desenhada sob medida para a rede O Boticário, que permite gerir e acompanhar todas as franquias seguradas da rede. “Cada vez precisamos entender mais esse ecossistema a fim de oferecer uma solução específica para cada necessidade”, afirma a executiva.
Na visão de Eduardo Cordova, CEO do Market4You, rede de mercados autônomos, trata-se de uma corrente que ao somar os elos se apresenta mais forte. No franchising isso se torna ainda mais claro, uma vez que o fornecedor não lida apenas com a franqueadora, mas, às vezes, com centenas de CNPJs sob o guarda-chuva da marca. “Quando o franqueador olha o fornecedor como um simples tirador de pedido, o elo enfraquece. Quando alinha o propósito todos ganham e a rede apresenta melhores resultados”, afirma Cordova. “Por isso, um dos pontos que analisamos na hora de homologar um fornecedor é se há alinhamento de propósito, se teremos boas oportunidades de desenvolver nossas estratégias em parceria.”
Com 95% da carteira de clientes composta por redes de franquia, a startup F360 - plataforma de gestão financeira para varejistas - nasceu resolvendo problemas dos franqueados. Em pouco tempo, o fundador Henrique Carbonell estreitou a relação com as franqueadoras, cujas demandas eram outras. Ele observa que, muitas vezes, a ferramenta oferecida a um franqueado dá tão certo que acaba sendo absorvida pela franqueadora para toda a rede. Foi o caso de uma solução desenvolvida especialmente para uma franqueada da Havaianas que, em 2021, se tornou obrigatória em toda a franquia. “Estamos próximos de alcançar 11 mil lojas atendidas em todo o Brasil, 400 marcas no portfólio e uma receita estimada de R$ 37 milhões para este ano, contra R$ 25 milhões em 2022”, diz Carbonell. “No ano passado, mais de 10% do faturamento do franchising passou por nossa plataforma, um volume de transações que movimentou mais de R$ 25 bilhões. O que prova que estamos no caminho certo.”
Foi em 2021, ao desenvolver uma solução para gerenciamento de operações de estabelecimentos de food service, que a E-Deploy - empresa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções para gestão empresarial - chegou ao varejo com o 3S Checkout.
Em dois anos, agregou 36 marcas à carteira de clientes, passou a atender 1.800 pontos e tem no franchising 80% dos negócios da divisão. “Quando falamos em franquia, temos de pensar que temos dois clientes distintos com um objetivo comum: a franqueadora, com sua sede e lojas próprias, e o franqueado, com suas múltiplas unidades”, diz Paulo Francez, CEO da E-Deploy. “O atendimento e o suporte têm de ser diferentes.”