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Poucos acreditavam num passado recente que o segmento de franquias de alimentação seria capaz de se reinventar em um curto espaço de tempo. Pois foi o que aconteceu. Mais do que oferecer novos modelos de negócios, o que mudou foi a maneira de entregar a experiência ao consumidor. Com a ajuda da tecnologia, foi possível cruzar dados e tomar decisões mais assertivas seja na composição do cardápio, seja na hiperpersonalização das ofertas, meios de pagamento, autoatendimento e até mesmo criação de marcas 100% digitais para aumentar a rentabilidade. O que não mudou, contudo, foi a escolha do ponto. O shopping center ainda é o destino de 52% das operações de franquia de alimentação, enquanto 39% preferem a rua, segundo a Pesquisa Anual Setorial Alimentação ABF 2022/2023.
Os resultados atenderam às expectativas. Em 2022, o segmento de franquias de alimentação faturou R$ 51,9 bilhões, 18% mais que em 2021. O número de unidades cresceu 9%, chegando a mais de 40 mil, distribuídas em 857 marcas. Ainda de acordo com a pesquisa, as redes estão cada vez mais engajadas em promover uma experiência de consumo diferenciada. Houve um aumento expressivo por restaurantes e locais que oferecem serviço rápido, tanto presencial como delivery ou takeway. Diante da nova realidade, 44% das redes optaram tanto pela redução de itens no cardápio, quanto pela reorganização do menu para publicação on-line ou digital em diferentes plataformas.
Maior grupo de delivery de serviços alimentares do país, o Grupo Rão é o retrato da mudança do perfil dos negócios e da força do canal. Com 23 marcas no portfólio e mais de 200 operações no Brasil e Portugal - 95% delas franquias, a maioria marcas virtuais -, a empresa espera faturar R$ 220 milhões em 2023, 30% mais do que no ano passado, chegando a 300 unidades. “Enquanto o mercado patinava para fazer do delivery uma operação relevante, nós tínhamos o know-how, porque nascemos com esse perfil”, diz o CEO, Guilherme Lemos Rao. “Nosso próximo passo para maximizar a logística, reduzir custos e equilibrar resultados será combinar operações de cozinha, casar hambúrguer com grill, sushi com poke”, afirma. “É preciso se reinventar o tempo todo”.
Na visão de Daniel Kastrup, customer leadership director da Coca-Col a , o setor já virou a página dos tempos difíceis do fast food. “O maior desafio hoje é encontrar o ponto de equilíbrio entre a digitalização e o elemento humano”, diz. Por um lado, a tecnologia pode facilitar as escolhas dos consumidores, oferecendo conveniência e praticidade, mas, segundo o executivo, as marcas também têm de encontrar meios de se conectar de maneira humana, independentemente do canal.
“Os consumidores estão tomando decisões em diversos canais e subcanais e é importante estar presente de maneira forte e vibrante em cada um deles para proporcionar boas experiências”, afirma Kastrup. “É preciso identificar onde os consumidores estão e se conectar de forma relevante, promover aderência com um ou mais pontos de paixão de maneira autêntica”, diz.
A Coca-Cola sabe fazer isso bem. Criou um sabor exclusivo em parceria com uma rede americana, que virou sucesso no varejo tempos depois; escolheu o delivery para lançar um novo produto no lugar da loja física e investe pesado nos pontos de paixão do consumidor, que variam da música ao esporte, passando pelo streaming e games. Não à toa patrocina a Copa do Mundo de Futebol.
Avançar na agenda de sustentabilidade é outro ponto fundamental para as redes de alimentação. O respeito ao ambiente e às pessoas é inegociável. “É possível unir sustentabilidade e negócio, com ganho para todas as partes”, afirma João Baptista Junior, diretor de expansão do Rei do Mate, uma das primeiras redes de franquia a se plugar ao marketplace Food to Save. Das 300 unidades da rede, 70 participam da plataforma. Próximo do prazo dos salgados vencerem na vitrine são montadas sacolas surpresas, disponibilizadas no app do marketplace, a preço de custo. O retorno, garante João Baptista, já corresponde a 1% do CMV (custo de mercadoria vendida), que antes era desperdiçado. Criado em 2021 por Lucas Infante, o Food to Save conta com 3.00 parceiros, em três Estados, que negociam seus produtos próximos ao prazo de validade. “Já evitamos que 1.400 toneladas de alimentos fossem desperdiçadas e movimentamos R$ 17 milhões na plataforma”, revela Infante.
De acordo com Simone Galante, CEO da Galunion, consultoria especializada em food service, o restaurante do futuro é unificado, o que significa que tem de ser lucrativo, relevante, cada vez mais híbrido e versátil. Difícil? Ela garante que não. “É preciso entender a potência da era digital, usar a tecnologia para cruzar e interpretar dados e tomar decisões assertivas, que garantam aumento da produtividade e atribuam valor à experiência”, afirma. E vai além: “Os líderes dos restaurantes do futuro têm cultura empregadora mais positiva, mentalidade de inovação, estão em constante aprendizado e trazem isso para o restaurante”.