21ª edição

Acabou.

A viagem terminou.

Vou sair.

Não sei em que estação estou.

Mas sei que cheguei.

É por isso altura de sair.

Pôr aquele ponto final.

Um comboio estranho este.

21 viagens.

Um desafio enorme.

Estou seco, mas grato.

Nunca pensei que 21 semanas fosse tanto tempo.

Quando comecei não fazia ideia no que ia dar.

Foi um simples desafio.

Lembro-me perfeitamente.

Sexta-feira á tarde

Outglocal.

Uma nova ferramenta no Linkedin

-as Linkedin Newsletters-

E aquela vontade de fazer coisas novas.

Aquela vontade de sempre.

A OUT tinha nascido

E depois, assumi.

21 semanas consecutivas.

Para ver se,

como por aí dizem,

Ficaria um hábito.

Assim que as semanas passavam

Sentia que tinha muito para dizer,

Para contar

Para deitar cá para fora.

E assim o fiz.

Não sei se ficou o hábito

mas cedo percebi que se tornou um vício.

Isso ou uma dor de cabeça.

Mas era.

Semana sim, semana sim.

E lá saía.

Umas vezes ás quartas,

Outras aos domingos.

Mas saiu sempre.

O Poder do hábito

É na verdade assustador.

Um monstro com vida própria

Que te transforma.

que te agonia

que te persegue.

Um Adamastor que te endurece

Que te motiva.

e te faz crescer.

Pelo menos é assim que me sinto.

Maior.

Indubitavelmente.

Aquele “mais grande” que tu notas.

E o crescimento tem disto.

Às vezes doi

outras vezes massacra-te.

mas o prazer está quase sempre lá.

O prazer maior, esse,

era sempre o momento em que publicava.

Aquele preciso momento em que estava feito.

E lia depois a newsletter,

ao sabor de um cigarro,

No iphone.

E depois aqueles momentos preciosos

que acontecem sempre no agora

Aquele agora, AGORA,

“Em que escrevo”

Com o meu som

Com o meu mac

comigo.

Sozinho.

Uma sensação indescritível

Poderosa.

Escrever é-me libertador.

Só comparável a pintar.

Em ambos começo com uma tela em branco

E com vontade de me expressar.

Só que em vez de cores misturo palavras

E ideias,

e frases

Que ouço.

Que leio.

Que sinto.

E depois viajo.

Ao som de um som.

Amei o processo

A forma como pensava no que ia escrever

Como revia

Como editava

A forma como cada OUT nascia

O que é que aprendi com este desafio?

Desde logo, reaprendi a escrever

ou redescobri, melhor dizendo

porque já não me lembrava de escrever

algo que não fossem emails.

Aprendi que se é para fazer, é para fazer.

Aprendi que um compromisso é sempre difícil

Mas que é honroso.

Aprendi que muitos te leem.

E alguns te parabenizam

Que viagem esta

Que viagem!

Fui bem lá ao fundo

Escavei-me

Espremi-me

chorei por dentro

fiquei orgulhoso

reli-me

tive muitas vezes sentido de urgência

outras tantas ânsias de escrever

poucas vezes foi ao correr da pena

Ter-me-ia sido fácil ser comercial

mas não teria sido eu

nunca o quis

não era esse o propósito

Foram vinte e uma jornadas

se um dia volto?

Quem sabe.

Mas a ser

será só quando quiser.

quando sentir que tenho

algo para dizer.

Deste lado saiu sempre verdade

transparência

nua e crua

porque todos temos coisas para dizer

só que uns decidem contar, outros não

Uns ficam nus, outros não querem.

E eu decidi despir-me

Foi isso.

Percebi que para ser honesto comigo

Ou escrevo a sério ou não escrevo.

Porque é imprescindível seres verdadeiro quando escreves

Doutra forma perde força.

Nunca me preocupei com a imagem que passava

E curiosamente,

quando não te preocupas com a mensagem que passas,

A mensagem passa.

Somos pessoas reais,

com lutas próprias e desafios,

Conectamo-nos melhor com a verdade

e com a autenticidade.

É fácil cair na armadilha

de querer passar sempre uma imagem positiva

optimista,

mas isso é desumanizante

e totalmente desconectado da realidade.

Precisamos de partilhar as nossas dificuldades

As nossas incertezas.

as nossas dúvidas

porque de repente,

assim do nada

podes ajudar o outro

a sentir-se menos sozinho

na luta com os seus próprios demónios.

E depois a vulnerabilidade

que constroi confiança  

e onde conexão acontece.

Com quem está do outro lado.

Com 16 anos li um trecho de um livro

Que nunca mais esqueci.

Era de um pensador italiano.

de nome Francesco Alberoni.

O livro chamava-se “Amizade”

E a frase dizia isto:

“Sabes porque tenho medo de te dizer quem sou?

Porque se eu te dizer quem sou

E tu não gostares,

É tudo o que eu tenho”

Por isso dei o que tinha

Dei o que sou

Disse o que pensava

Partilhei mais dúvidas do que certezas

E nunca desisti do desafio.

Comecei na edição 1

Passei pela 4ª

E assim fui

Até aqui chegar.

Se fiquei surpreendido com o número de assinantes?

Fiquei.

Porque se me tivessem dito

no momento do tiro de partida

que 73 pessoas me iriam ler semanalmente

Acharia fantástico

Mas 1200?

1200 nunca.

Impossível.

Só que assim foi

Muita gente a ler.

Muito mais do que alguma vez imaginaria.

Fiquei no entanto,

bem mais surpreendido

com a forma como “toquei” a alguns.

E isso é inestimável.

Não tem preço.

Disseram-me que era inspirador

Incisivo.

Lembro-me de ter lido a palavra guru.

Mas mais do que os comentários

Eram as mensagens whatsapp.

Ou as mensagens directas no linkedin

Essas sim

Essas bateram.

Pela profundidade dos feedbacks.

A bem da verdade, devo dizer

que Haters não apareceu nenhum

o que desde logo

não me abona muito a favor.

Mas ficou a coleção

Das 21 newsletters

tipo cromos:

As que saíram a ferros

As que simplesmente saíram

As minhas OUT favoritas

E as que vou levar comigo.

Porque também tive delas que me inspiraram

muitas.

Se vou voltar?

Não sei.

Mas uma coisa é certa

vou ter saudades de escrever todas as semanas

E sei que depois disto

vou precisar de me “catarsear”

noutro lado qualquer

Porque o que está cá dentro tem de sair

mas sem pressões

sem compromissos

sem querer saber se tenho visualizações

ou partilhas

tenho a certeza de uma coisa

voltarei a desafiar-me com o número mágico

21

Porque o poder do hábito

é o poder da consistência

e estes poderes mágicos

dão-te resultados extraordinários.

Só visto.

Claro que cumprir com compromissos,

requer dedicação, esforço  

auto-disciplina.

mas compromissos são essenciais para o sucesso na vida.

sejam eles pessoais ou profissionais.

Porque quando damos a nós mesmos,

e aos outros

a nossa palavra

de que faremos algo em concreto,

e depois fazes mesmo,

estabeleces confiança e credibilidade.

Mas para isso não podes procrastinar

ou atalhar

Tenhas motivação ou não.

tens de fazer cumprir

o teu próprio código de honra.

Não posso esquecer neste momento

Aqueles que me apoiaram incessantemente

E que me deram palavras motivacionais

Mensagens cheias de amor pleno.

A eles:

O meu mais profundo muito obrigado.

Quero-me ainda agradecer.

Quero-me agradecer por acreditar em mim

Quero-me agradecer por ter escrito todas as semanas.

mesmo quando chovia.

Quero-me agradecer por nunca ter desistido

Quero-me agradecer por ter dado tudo

Quero-me agradecer por ter sido eu em todos os momentos.

E por último umas palavras para a OUT.

Obrigado por esta viagem

Por teres estado sempre aqui

Pelo que me deste

Por me teres feito crescer

A ti, Gratidão máxima.

Não me vou embora sem deixar o som da semana.

Wood, Pablemo.

Outra viagem.

Esta foi a 21ª edição da out.

Missão cumprida.

Até já.

Até breve.

Até sempre.