Chefes dão ordens, líderes dão controle
Durante muitos e muitos anos as posições de chefia eram almejadas simplesmente por serem posições onde se podia estabelecer comando e ação, os profissionais do passado desejavam poder e controle, queriam comandar.
O tempo passa, as pessoas evoluem, e agora, esse tipo de relacionamento ainda é válido?
De forma alguma, com um olhar mais humanizado no ambiente de trabalho, precisamos olhar mais para as pessoas, pro indivíduo, suas qualidades, anseios, comportamento no ambiente. Não existe mais espaço para chefias (apesar que eu brinco com meus líderes chamando todos de chefas e chefes rs) as pessoas querem seguir o mestre e o mestre lidera, não comenda.
A frase do título desse texto é de David Marquet, de seu livro “The Turn The Ship Around! Workbook: Implement Intent-Based Leadership In Your Organization”, livro excelente que fala sobre como desenvolver no seu time o sentimento de dono, de propriedade, de intenção de fazer acontecer.
Compartilho aqui o que pratico no dia a dia com minha equipe para que possam desenvolver suas qualidades e estarem sempre um passo a frente na tomada de decisão e controle.
É algo que eu de fato preciso me envolver? Treine um time independente
Escrevi esses dias sobre como não me envolvo em qualquer reunião simplesmente porque prefiro capacitar meu time para estar em todas elas e me representar, tendo autonomia na tomada de decisão (pode ser que eu não concorde, mas deixo ver onde vai dar, se der ruim tudo bem, corrigimos e o time aprende com os erros).
Mas muito além de reuniões, busco dar autonomia ao time direcionando eles por caminhos que seguiria, mostrando cenários possíveis para determinada situação, ou no máximo sugerindo fortemente uma ação, mas nunca ordeno ou peço de fato algo, porque não só acredito em cada pessoa que trabalha comigo, mas também porque sei que precisam acertar e errar dentro de suas jornadas de carreira para ganhar confiança e musculatura.
Questionar sempre que um liderado pede alguma ajuda de tomada de decisão ou quando você quer tomar uma decisão por ele se ele mesmo não poderia resolver o problema sozinho é um divisor de águas, aos poucos seu time vai se tornando mais independente e começará a trazer resultados de suas ações e não pedidos de ajuda com ações que precisam ser tomadas.
Caça a caça às bruxas, crie um ambiente seguro
Uma segunda cultura que morreu, ou pelo menos deveria morrer, é a de condenar os erros, precisamos cada vez mais parar com a caça as bruxas, aliás eliminar a palavra erro do dicionário corporativo, por mais brega que seja, eu prefiro usar oportunidades de melhoria.
Seu time tem que errar, tem que errar rápido, e corrigir mais rápido ainda, mais do que isso seu time precisa ter confiança suficiente para chegar até você e dizer “eu errei”.
A maneira como você trata isso vai transformar as pessoas que você lidera, tratar o erro como algo condenável fará seu time esconder de você os próximos erros, entender a causa do problema, e ensiná-los a buscar soluções para corrigir o percurso além de incentivá-los a fazer isso sozinho com autonomia, fará com que seu time ganhe uma confiança e senso de auto responsabilidade sem precedentes.
Se o problema gerado tomar proporções maiores e chegar a níveis acima do seu, assuma ele, jamais diga que foi o fulano ou o sicrano do seu time, mostre pra sua equipe que eles tem um ambiente seguro para falhar, que estão protegidos e que você está comprado com suas ações.
Aos poucos você verá como a tranquilidade fará com que ele tomem as rédeas de suas entregas, e ao invés de terem medo de falhar, queiram fazer o melhor para te surpreender.
Reforce seus valores e propósito com seu time
Seu time precisa saber quem você é, precisa saber como você pensa e o que você faria, parte da autonomia e confiança precisa ser estabelecida a partir daí, pois será muito mais fácil assumir o controle das coisas se eles tiverem minimamente ideia do porque estamos ali.
Seu time não tem que ser um clone seu, mas sim um reflexo em uma casa de espelhos, pra onde você olha você vê versões diferentes de você, porém na essência todos são você.
Repare que aos poucos seu time vai assumir o controle de todas as situações de forma natural, mas mais do que isso, seguindo um caminho que chegará no mesmo lugar que você quer chegar.
Seja conhecido e reconhecido por eles, por mais que façam coisas de uma maneira diferente do que você faria, com certeza farão com a mesma intenção que você.
Compartilhe as vitórias individuais
Mensalmente eu dou transparência a todo o time sobre as coisas legais que cada um deles fez. Todos sabem exatamente tudo de legal que o outro fez durante o mês.
Com isso você cria um parâmetro de comparação positiva entre o time, quando comecei a fazer isso, surgiram perguntas do tipo “por que você deu mais responsabilidade pro fulano?”, minha resposta “o fulano se apropriou da responsabilidade, em momento nenhum eu pedi que ele fizesse algo”, no mês seguinte a pessoa passou a puxar para si mais responsabilidade, dar ideias e construir um time cada vez mais forte.
Faça seu time admirar uns aos outros através dos exemplos de realizações deles, dê estrelinhas, homenageie, deixe que todos conheçam o sucesso deles.
Crie um ambiente saudável no qual as vitórias são comemoradas em equipe.
Se você tem uns 30 anos, finja que seu time é aquela hortinha do facebook, regue com inspiração e verá os resultados.
Concluindo
Lembre-se todos os dias de que sua liderança é contagiosa e que suas atitudes, palavras e ações são transferidas para os outros. Pense e repensar como você aparece, porque você terá uma organização inteira espelhando quem você é.
Sobre Mim
Paulistano de família humilde, perdi meus pais cedo e lutei muito para chegar onde estou, e adianto que não é nem metade do caminho de onde vou chegar, já fui vendedor de algodão doce, dvd pirata (não me orgulho do produto, mas me possibilitou fazer faculdade), balas em semáforos e barzinhos, cozinhas, garçom, lan house, mercadinho até chegar no meu primeiro emprego em uma multinacional (Accenture te amo pela oportunidade).
Quero compartilhar de forma simples e didática o conhecimento que venho adquirindo no desenvolvimento de software e transformação digital no decorrer dos meus mais de 10 anos de carreira, tendo atuado em grandes projetos de TI na Vale, Claro, Net, Comgás, Kroton, Rede, Cielo, Safra, Santander, Mapfre e na minha empresa do coração (e atual) Itaú.
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4yTo curtindo muito os textos Rubão! Como par, meu único pedido é: Não pare! Hehe Abs