E se o dinheiro não tivesse fim ??
Portuguese -
Não sou economista, nem pretendo dar conselhos ou fazer análises econômicas, mas se tem uma coisa sobre economia que minha querida mãe falava muito no nosso modesto apartamento de classe média na Zona Norte de São Paulo era: “dinheiro não dá em árvore; seu pai e eu trabalhamos duro para ganhá-lo”.
De tanto ouvir aquela frase (quase que diariamente), de certa forma acreditei que aquele conceito teria paralelo em qualquer organização, fosse ela familiar, empresarial ou governamental - sim, países não deveriam gastar mais do que arrecadam. Isto é básico, não? É, parece que tem gente que acha que não.
Há algumas semanas, fui apresentado, à MMT, sigla em inglês para Modern Monetary Theory que, resumindo muito, defende certas medidas econômicas bastante diversas da teoria que “Dona Norma”, lá em casa, sempre defendeu e com a qual muito economista também concorda.
Segundo a MMT, os países soberanos que emitem e controlam sua própria moeda não poderiam quebrar, principalmente se seus passivos estiverem prioritariamente indexados na moeda que eles emitem e controlam; ou seja, se suas despesas aumentarem em sua própria moeda, basta colocarem as impressoras para trabalhar e tudo certo.
Claro que estou simplificando a teoria e que existem vieses específicos para esta situação, mas na base é mais ou menos isto o que eles pregam.
Nesta teoria somente os países com dependência externa teriam que se preocupar mais com sua política fiscal, inflação, etc. Entendendo-a um pouco melhor e vendo o que os países desenvolvidos vêm fazendo, mesmo antes do Covid-19, com Quantitative Easings e compra de títulos privados, além de outros nomes interessantes dados para esta enxurrada de liquidez injetada no mercado, a parte do meu cérebro que é Austríaca (economicamente falando) começou a arder com um pensamento:
Se alguns governos podem criar dinheiro “from thin air”, uma das duas regras universais da humanidade citada em prosa verso e que se acreditava inexorável pode, enfim, ficar sem sentido. Na frase “death and taxes” me pergunto se não poderíamos ficar só com a Morte mesmo. Será???
Sim, se governos podem gerar seus próprios recursos, surge a pergunta: para que cobrar impostos?
Qual seria a função de onerar negócios e indivíduos se podemos gerar dinheiro infinitamente??
Então meus amigos, assim como a MMT, todas as outras teorias econômicas, ortodoxas ou não, estão em xeque neste momento e na minha modesta opinião, cravar que uma ou outra está completamente correta ou completamente errada, é mera perda de tempo.
O que está em jogo é o conjunto de regras, teorias e modelos tidos como genuínos e oficiais, mas que podem não se adequar mais a um mundo pós Covid 19.
Meus caros, está ficando claro no decorrer desta crise, que depois disto tudo, o mundo com certeza não será o mesmo, mas continuo lembrando da Dona Norma e sua célebre frase, “dinheiro não da em árvore meu filho!!”.
English -
What if money didn’t run out?
I am not an economist, nor do I intend to give advice or carry out economic analysis, but if there was one thing about economics that my dear mother talked a lot about in our modest middle class apartment in the North Zone of São Paulo, it was: “money doesn’t grow on trees; your father and I worked hard to earn it”.
Hearing that phrase almost daily, I somehow believed that that concept would have a parallel in any organization, be it family, business or government - yes, countries shouldn't spend more than they collect. Pretty basic, isn't it? It seems that there are people who think not.
A few weeks ago, I was introduced to MMT, the acronym in English for Modern Monetary Theory, which, in a nutshell, defends certain economic measures quite different from the theory that “Dona Norma”, at home, always defended and with which many economists also agree.
According to MMT, the richest countries that issue and control their own currency could not break, especially if their liabilities are primarily indexed to the currency that they issue and control; that is, if your expenses increase in your own currency, just put the printers to work and everything is fine.
Of course, I am simplifying the theory and that there are specific views for this situation, but at the base this is quite what they preach.
In this theory, only countries that are highly dependent on imports would have to worry more about their fiscal policy, inflation, etc. Understanding it a little better and seeing what developed countries have been doing even before Covid-19 with Quantitative Easings and the purchase of private securities - in addition to other interesting names given to this flood of liquidity injected into the market - my Austrian brain side (economically speaking) started to burn with a thought: some governments can create money “from thin air”, one of the two universal rules of humanity mentioned constantly and which was believed to be inexorable may, at last, be meaningless. In the quote “death and taxes” I wonder if we would remain only with death. Would it be???
Well, if governments can generate their own resources, the question arises: why charge taxes?
What would be the function of burdening businesses and individuals if we can generate money infinitely?
What is at stake this times is the set of rules, theories and models that are considered to be genuine and official, but which may no longer suit a post-Covid world 19.
Yes, my dear, it is becoming clear in the course of this crisis that after all this, the world will certainly not be the same.
References :
Founder FinTrender.com | Author of the book: " A tokenizacao do dinheiro" | G20 Tokenization and CBDC group leader
4yMuito bom texto, Rodrigo Csizmar Borges. Essa discussão está muito quente do pto de vista econômico. Realmente $$ não dá em árvore.