José Gracioso

O professor José Gracioso, junto com o Dr. Victorio de Marchi, transformou a Fundação Antônio e Helena Zerrener, dona da Antárctica, no colosso que ela é hoje. Com a inteligência dos grandes, se juntou ao arquirrival para fundar nada mais nada menos que a Ambev.

A história desses dois visionários está no livro “De Duas, Uma: A Fusão na Mesa”, de Victorio, que eu tive a honra de prefaciar. É o livro que todo empresário deve ler porque ambos os lados foram visionários e pragmáticos. Saíram da hiper competição e viraram a número um.

Os números da Fundação Zerrener são espetaculares. Ela tem uma carteira de investimentos valiosa e investe maciçamente em ações sociais, principalmente educação. E José Gracioso, artífice dessa grande obra com Victorio de Marchi, sai do Conselho de Administração depois de 75 anos de trabalho. Repito, 75 anos de trabalho, 27 mil dias a serviço de um ideal e de uma obra.

José Gracioso é o capitalismo no qual eu acredito hoje, só que ele começou a praticá-lo há décadas. Capitalismo que empreende e devolve. Que faz coisas grandes, de impacto enorme, sem exibicionismo. A decisão que Victorio e Gracioso tomaram no calor de uma luta ferrenha foi coisa de gente grande, desenhada por Marcel Hermann Telles, mas que seria impossível se Gracioso e Victorio não tivessem colocado a vaidade de lado por um propósito maior.

Penso neles e lembro da frase genial do grande Olavo Setúbal: Magoado é coisa de namorado. Eles não ficaram com mimimi e criaram uma coisa muito, muito maior que eles.

Antônio, Helena e Zeca, que este homem que trabalhou 75 anos por tantos outros homens e mulheres, que gerou e gera emprego, renda e educação para tanta gente, seja o exemplo dessa coisa maravilhosa que é o trabalho.

Hoje, quando se fala tanto de propósito, é preciso reconhecer o exemplo de José Gracioso, que é e foi isso desde sempre.

André Street, Fabrício Bloise, Alexandre Birman, Antônio Camarotti, Geraldo Samor: vale conhecer melhor, estudar, ouvir e registrar a história deste grande homem tão discreto. Um gigante avesso a holofotes que construiu uma história para além dele. José Gracioso, o propósito em pessoa.