Mas psicólogo só escuta?
Ainda há muitos mitos e tabus em torno do trabalho do psicólogo que levam as pessoas a não buscarem ajuda profissional ou a desmotivarem outras que verbalizam o desejo de serem atendidas. Um desses mitos é a famosa afirmativa “Ah, mas psicólogo só escuta”, e é sobre isso que vamos conversar.
Temos que concordar que mesmo que a função do psicólogo fosse só escutar, já seria muita coisa, pois na sociedade que vivemos em que dizeres como “cada um tem seus problemas” e em que o “tudo bem?” é uma pergunta automática, o escutar é sim uma tarefa e tanto.
Aprendemos a silenciar nossos sentimentos, esconder nossos problemas e somos estimulados a não “chorar pelo leite derramado”. Também vivemos na sociedade do imediatismo, em que aceleramos mensagens em áudio, nos contentamos com as manchetes, e estranhamos conteúdos que não possam ser reduzidos há 30 segundos.
Assim, não é tão assustador alguém dizer que não irá a uma consulta apenas para falar. Fomos tão ensinados que falar dos nossos problemas não é resolutivo, que parece absurdo que a fala possa ser terapêutica.
Mas será que psicólogo só escuta? O mais difícil com certeza não é o psicólogo escutar, mas o próprio paciente ouvir o que ele mesmo tem a dizer.
Psicólogos não são meros ouvintes passivos, a verdade é que a escuta ativa é apenas uma de muitas ferramentas que utilizamos. O psicólogo escuta, reflete, questiona, analisa, amplia o que o paciente traz com novas perspectivas, promove insights e auxilia a identificar padrões, desvendar traumas e a desenvolver habilidades de enfrentamento.
Estamos aqui para caminhar ao seu lado em cada etapa do processo criando um ambiente seguro e livre de julgamentos onde possa se expressar sem medo. O objetivo não é apenas aliviar o sofrimento, mas também promover o crescimento pessoal e o desenvolvimento emocional.
Mas e então, o psicólogo só escuta? Não, o psicólogo REALMENTE te escuta.
Não tenha medo ou vergonha de buscar esse espaço, não é sobre adoecimento, é sobre saúde!
Eloís Pompermayer Ramos
Psicóloga - CRP 08/33065
Engenheiro
1yExcelente texto, me ajudou muito. Ainda assim, fico com muita dúvida sobre a terapia. Seria correto, após várias sessões, 50 sessões de terapia por exemplo, um psicólogo(a) não fazer nenhuma pergunta, nenhum questionamento que seja? Imaginemos agora um psicólogo(a) que não tem opinião nenhuma sobre um paciente quando lhe é feito um questionamento. Isso é correto? Entendo assim, isso, porque eu preciso disso, eu preciso de avaliação, por menor que possa parecer. Agora, esse meu pensamento estaria errado? Outra coisa, se estivesse sentindo uma grande distancia, um afastamento do(a) terapeuta da própria terapia, isso seria possível de ocorrer? Por favor, se possível for, me dê uma orientação. Mui Grato e obrigado pelo texto! email: luiz.ghigi@hotmail.com
1° TEN Psicólogo em PMPA | Psicologia clínica | Psicoterapia | Desenvolvimento e consultoria em soluções em tecnologia para psicólogos clínicos
1yMuita boa o seu artigo, Eloísa. O papel do psicólogo com certeza não é só escutar, mas como você bem disse, esse fator já gera um retorno incrível para o cliente, desde que bem feito e conduzido. Por exemplo, quando uma boa escuta, com perguntas exploratórias, só o fato do cliente estar respondendo e dialogando sobre si, já está se esforçando para se organizar para poder ter certeza que o outro está compreendendo o que ele quer dizer. Esse esforço do cliente para se organizar para comunicar suas angústias ao outro já é tem um valor imenso. 😊