O futuro do trabalho

O futuro do trabalho

Semana passada, tive a honra de participar na feira emprego.co.mz e apresentar o tema “O Futuro do Trabalho”. Uma iniciativa brilhante de modo a catapultar o mercado de trabalho Moçambicano para outros patamares, e abrir uma oportunidade aos jovens recém formados. A proposta era para que, em conjunto, olhássemos para o que será o futuro das nossas vidas.

Em Dezembro de 2005 fui contratado por uma das Multi Nacionais em atividade no País há mais de 15 anos. Ao ser aceite na área de tecnologia, tive a oportunidade de fazer uma visita ao centro de dados onde estavam instalados todos os equipamentos críticos da organização. De repente houve uma pergunta que me veio à mente

“O que estive eu a fazer na faculdade estes anos todos, se não percebo nada do que estou a vêr?”

De lá até hoje, a única coisa que posso partilhar é que criei a minha própria realidade com esforço, dedicação, perseverança e nunca desistir.

Analisar o futuro do trabalho, implica debruçarmo-nos sobre como está o Mundo de hoje.

  • No final de 2006, O Facebook tinha 12 Milhões de utilizadores. Hoje, consoante dados de Março de 2019, o número de utilizadores atinge os 2.38 biliões.
  • Estima-se que existem atualmente mais do que 4.2 biliões de consumidores de Internet. O mais interessante é que em 2018, 51.8% do tráfego de internet foi gerado a partir de Bots.
  • Se nos focarmos no Comércio Eletrónico, prevê-se que 3.45 Triliões de dólares sejam transacionados em 2019, onde 35% das compras serão feitas online.
  • Por último, e focando numa área em desenvolvimento em África e em Moçambique, em 2015 transacionaram-se mais do que 450 Milhões de dólares em carteira móvel. Estima-se que o montante de transações em 2019 supere o 1 trilião de dólares.   

Apesar dos números relevantes acima apresentados, qual é o sentimento que surge dentro de nós quando perspetivamos o futuro e a forma como temos vindo a trabalhar?

O desenvolvimento “descontrolado” da tecnologia, o volume de informação que consumimos, a competitividade organizacional tem estado a transformar a todos nós em Robôs Humanos no limite do descalabro físico e mental.

Do que temos medo na verdade?

Temos medo da 4ª revolução industrial e do que a mesma proporciona. Em 2021, estima-se que a Inteligência Artificial (IA) recupere mais do que 4 biliões de horas de produtividade de trabalho. Em 2022, está previsto que 1 a cada 5 pessoas dependa de IA para executar tarefas rotineiras.

Como fazer um balanço e encontrar aquele ponto ao qual nos podemos agarrar para encarar o futuro de maneira mais promissora?

É importante realçar que o Homem é o principal criador e o principal sustentador da Inteligência Artificial, inovação, desenvolvimento tecnológico, e por isso a humanidade sempre será necessária, e nada será possível sem a nossa existência e sem um investimento na formação de quadros focados nas novas vertentes do trabalho.

Então o que nos reserva o futuro?
  1. O trabalho passa a ser feito de a partir de qualquer lugar, desde que o trabalhador tenha todas as condições e ferramentas para fazer o trabalho remotamente. Esta prática revela-se vantajosa para organizações com dificuldades de espaço físico.
  2.  Os Horários passam a ser flexíveis e o foco passa a ser mais nos resultados, o que contribui, dentre outras coisas, para um aumento de responsabilidade do trabalhador no que concerne à gestão das suas tarefas e do seu compromisso de entrega, um aumento de satisfação, uma diminuição dos níveis de stress e uma melhor relação entre o trabalhador e o seu supervisor.
  3. Horizontalidade de Hierarquia, o que irá permitir uma melhor conectividade, cooperação e criação a nível organizacional, contribuindo também para uma redução no tempo de tomada de decisão.
  4. As operações tecnológicas passam a ser feitas, na sua maioria, em plataformas na Cloud, o que irá permitir uma redução dos custos operacionais e a promoção de eficiência operacional.
  5. Constante reinvenção de cada um de nós, para continuarmos relevantes no Mundo atual e digital. É importante que olhemos para o aprendizado adquirido como algo com um prazo de validade relativamente curto, e com uma probabilidade de perda de 80% caso o conhecimento adquirido não seja aplicado dentro do prazo de um mês.
  6. Surgimento de uma Força de trabalho disruptiva, e que irá quebrar barreiras. Esta força será constituída pelos colaboradores da organização, por empreendimentos conjuntos, por pessoal contratado baseado numa determinada competência técnica e por um período relativamente curto, por freelancers que podem ser externos ou internos à própria organização, por grupos Agile e por soluções de Inteligência Artificial.
  7. Com o avanço acelerado da evolução tecnológica e consequente introdução de novas formas de trabalhar,  o mercado tem se vindo a fragmentar, e espera-se que a sociedade comece a repensar os seus valores e ética associada ao Mundo de hoje e do futuro.
  8. Importância dos reguladores acompanharem o avanço tecnológico e as futuras tendências a nível do mercado de trabalho, de modo a medirem impacto na sociedade e no nível de empregabilidade. Hoje temos organizações a aderirem a soluções tecnológicas para as quais ainda não temos uma legislação, e por isso é pertinente que exista uma colaboração e partilha de experiências para que essa evolução possa ser feita de forma conjunta.

Estes são apenas alguns dos pontos que podem ser considerados como sendo pertinentes para atualidade, mas que num futuro próximo tornar-se-ão ultrapassados ou terão evoluído. 

Seja como for, temos sempre duas escolhas. De interpretarmos os próximos tempos e o futuro de forma positiva e como uma oportunidade de evolução, ou, de deixarmo-nos levar pelo medo e pela ansiedade causada pela incerteza e desconhecimento em relação ao futuro. Somos aquilo que praticamos, e, de uma forma ou de outra, iremos ter como resultado a realidade que escolhemos criar. 

Com Gratidão, espero ter conseguido adicionar o devido valor ao leitor.

Ariazo ORLANDO XAVIER

Frequentou a instituição de ensino Fazu Uberaba

1y

Boa noite

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Obrigada Pedro pela partilha desta reflexão... o medo do desconhecido muitas vezes afasta-nos de momentos em que devemos por a mão na consciência e pensar sobre o nosso amanhã

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