O maior "Efeito Borboleta" dos videogames

Imagino que você já tenha ouvido falar de "Efeito Borboleta". Se não conhece, é aquela metáfora criada pelo Edward Lorenz, professor do Instituto de Tecnologia Meteorológica de Massachusetts, relacionada a Teoria do Caos. Ela diz que uma batida de uma borboleta pode desencadear uma série de reações até virar um tufão do outro lado do mundo.

Obviamente a internet adora fazer essas ligações. Recentemente estava vendo um vídeo no feito no Tiktok falando do Enzo Fernandes, peça chave para a Argentina ganhar a Copa do Mundo, onde se o Ribamar do Vasco tivesse feito um gol no Defensa y Justicia na Copa Sulamericana em 2020, nossos vizinhos não teriam sido Campeões do Mundo em 2022.

Temos uma versão tupiniquim clássica: Se o Diego Sousa tivesse feito o gol no Corinthians em 2012, o Tite não teria sido Campeão da Libertadores / Mundial, teria sido demitido e jamais seria o técnico da Seleção Brasileira.

Mas tudo isso me fez pensar: Existe algum grande "Efeito Borboleta" na história dos games?

E depois de pensar em algumas, achei um campeão: A queda da Atari!

Depois que foi comprada pela Warner Communications em 1976, a Atari mudou completamente de uma empresa despojada para uma companhia mais rígida. E uma das regras foi que a "Atari é mais importante que o desenvolvedor do jogo" - Sim, um jogo da Ataria era feito totalmente por um único programador.

Por causa dessa regra, quem desenvolvia o jogo não podia colocar seu nome como criador do jogo - se você já assistiu ou leu "Jogador Número 1" conhece a história. Além disso, o programador também não tinha acesso aos lucros gerados pela sua criação.

Revoltados com essa política, 4 programadores resolveram sair da Atari e fundar sua própria empresa de jogos: A Activision. E em cada jogo faziam questão de colocar o nome do seu criador. Se você já jogou Atari, muito provavelmente os jogos que você mais gostava foram feitos na Activision.

Tá, mas onde está o efeito Borboleta nisso tudo?

A Atari não gostou nada disso e processou a Activision. Mas, numa jogada genial do jurídico da nova empresa, conseguiram mostrar que o Atari 2600 não tinha nenhuma trava de segurança tecnológica nem jurídica, o que permitia a qualquer um fazer jogos para o console.

O problema para a Atari começou mesmo foi quando outras empresas que não tinha a qualidade da Activision aproveitaram da sentença e inundaram o mercado de videogames com os piores jogos possíveis. Num mundo sem internet, redes sociais e até mesmo sem revistas de videogame, as pessoas começaram a ficar irritadas ao comprar um jogo e descobrir só em casa que ele era horrível.

Para ajudar, a Atari também lançou jogos horríveis como o porte bizarro de Pacman do arcade e a adaptação do filme E.T., considerado por muitos o pior jogo da história.

Isso praticamente causou perda de confiança na Companhia por parte de seus clientes. Por anos a Atari tentou lançar novos consoles - Atari 5200, 7800, Linx, Jaguar, etc... Nenhum deles vingou.

Tudo isso porque a Atari se recusou a reconhecer quem criava seus jogos. Isso levou a saída de funcionários que abriram uma concorrente, que levou um processo de patente, que levou a uma brecha jurídica, que levou a criação de novas empresas, que levou a inundar o mercado de péssimos jogos, que levou o consumidor a não acreditar mais na marca e que praticamente decretou a falência da empresa!

E ai? Tudo isso foi obra do acaso ou faltou conhecimento dos novos diretores da Warner que não conheciam absolutamente nada do mercado de games? Lembra de algum outro caso tão emblemático como esse? Ou você acha que todo problema é sempre um Efeito Borboleta?