POR QUE NÃO CONFIAMOS EM ADVOGADOS?
Cena de Advogado do Diabo, filme de 1997.

POR QUE NÃO CONFIAMOS EM ADVOGADOS?

Quais destes profissionais você visitaria espontaneamente? a) médico, b) arquiteto ou c) advogado.

Se fizesse essa pergunta para 1000 pessoas, certamente, o advogado estaria em último.

Porque? Sem pretensão de aprofundar na questão, aposta-se que a maioria das pessoas associam advogados com tribunais, discussões e sofrimento.

E, não sem razão. O objeto do Direito é a disputa de interesses. Os livros de introdução aos Direito até registram que a finalidade desse conhecimento seria a paz social. Muito bonito. Só não condiz com a realidade. O noticiário e nossas conversas do dia a dia explicitam esse fato.

O ponto é a maioria dos advogados é formada e opera na velha cultura do Direito. Nessa realidade, as pessoas, em geral, desconfiam deles. E, de novo, com razão.

Na velha cultura do Direito que impera no Brasil, as pessoas acostumaram-se a “colocar no pau” quando o choque de interesses esquenta. Assim, o advogado médio é treinado para chamar o “todo poderoso” estado para dizer quem tem razão em uma disputa: um juiz, pouco afeto as partes e mais interessado em seus próprios problemas.

Nessa via tradicional, com sorte, depois de gastar muito dinheiro e paciência com o Judiciário lerdo, o representado pelo advogado, talvez, veja sua disputa de interesse ser resolvida.

Triste roteiro recorrente que resulta na descrença no Direito.

Contudo, fora da velha cultura do Direito, há tecnologias cada vez mais acessíveis que possibilitam a resolução e prevenção de disputas com agilidade. Dentre inúmeras, menciona-se apenas o blockchain, ao redor do qual há tecnologias conexas, como os contratos inteligentes (smart contracts).

Em linhas gerais, está cada vez mais seguro para os disputantes tratarem, acordarem e resolverem diretamente conflitos, caso aconteçam.

Por outro lado, não sejamos inocentes: há um longo caminho até o apodrecimento da velha cultura do Direito. A lentidão beneficia muitos grupos e interesses escusos.

Ainda assim, a despeito da arcaica, autocentrada e ineficaz perspectiva estatal de solução de disputas, os disputantes (todos nós) e os advogados têm muito a explorar neste novo mundo hiper conectado à velocidade da luz.

As ferramentas estão disponíveis e cada vez mais acessíveis. Cabe às pessoas, empresas e advogados aprenderem a desenvolverem acordos mais transparentes e inteligentes, em paralelo à adoção de processos ágeis de solução de disputas baseados em prevenção e consenso.

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Em regra, soluções efetivas de disputas de interesses são construídas pelos próprios interessados. A experiência mostra que o Estado falha miseravelmente ao arbitrar conflitos.

Numa nova cultura do Direito, o advogado apenas entende, propõe e facilita. Sem pompa e, de preferência, sem tribunais.

Nesse possível futuro, do advogado solucionador e ético, talvez a resposta da pergunta-título seja diferente.

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